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Andaluzia - Parte III - Sul da Espanha - 2009

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 20 de mai. de 2021
  • 14 min de leitura

Atualizado: 23 de mai. de 2021


Fachada do Palacio de Jabalquinto, Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


De Córdova para Baños de la Encina


a- Banõs de la Encina


Diz-se que o topônimo da vila é assim justificado: Baños vem da riqueza aquífera de seu subsolo, com abundância de poços e fontes naturais; e de la Encina, pela tradição que conta que, na região, a Virgem aparecia sobre uma azinheira (árvore de tronco forte e grosso com copa grande e frondosa).


O que mais nos impressionou na vila de Baños de la Encina foi a fortaleza califal, conhecida como Bury Al-Hammam ou, castelhanizado, Burgalimar, erguida por ordem do Califa Al-Hakam II, segundo da dinastia Omíada e filho de Abd Al-Rahman III, o fundador do Califado de Córdoba, tendo sido concluída em 968. Representa um exemplo perfeito da fortaleza muçulmana do século X, sendo o conjunto fortificado melhor preservado do tempo do Califado de Córdoba, bem como é um dos castelos muçulmanos mais bem conservados em toda a Espanha.


A fortaleza tinha por fim acantonar tropas berberes empregadas nas campanhas contra os cristãos.


Os Reinos Cristãos viam Bury Al-Hammam como uma peça chave para o acesso a Andaluzia. Em razão disso, Alfonso VII de Leão a arrebatou dos muçulmanos em 1147, mas, após a sua morte em 1157, a fortaleza voltou para as mãos dos islâmicos. Alfonso VIII de Castela e Alfonso IX de Leão chegaram a tomar novamente o castelo em 1189, porém, três dias depois da batalha de Las Navas de Tolosa, em 1212, a fortaleza caiu mais uma vez sob o domínio muçulmano.


Somente em 1225, Fernando III de Castela, o Santo, que uniu as Coroas de Castela e Leão, conquistou definitivamente o castelo Bury Al-Hammam, passando a fazer parte do domínio castelhano. O rei, então, dá a fortaleza de presente ao Bispo de Toledo, Rodrigo Jiménez de Rada, e sua defesa e guarda fica sob o encargo da Ordem de Santiago.


Foi construído em tabiyya, uma mistura de argila, areia, cal e pedras muito pequenas, material típico das construções árabes. Tem uma forma ovalada que se assemelha a uma barca, com 100 metros de comprimento e 46 metros de largura. Já a Torre del Homenaje, acréscimo cristão, foi edificada em pedra, com estilo que se assemelha às fortificações góticas.


Herança das clássicas fortalezas bizantinas, aperfeiçoamento dos acampamentos castrenses romanos, Bury Al-Hammam possui quatorze torres quadrangulares de estilo califal e de mesma altura, sobrepassando apenas a muralha. Originalmente eram quinze, mas uma delas foi alterada pelos cristãos, no século XV, sendo mais alta que as outras e apresenta um lado abaulado, sendo conhecida como Torre del Homenaje.



Castillo de Bury Al-Hammam; a muralha com duas torres califais que avançam a partir dela; Baños de la Encina, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.



Porta principal do Castillo de Bury Al-Hammam; situada no lado meridional entre duas altas torres, apresenta dos grandes arcos de ferradura. Baños de la Encina, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.



Plaza de la Constituición ou Plaza Mayor: no centro, o Monumento a la Virgen de la Encina; atrás, em destaque, pode-se ver a Torre del Homenaje, em pedra, mais três torres califais da muralha do Castillo de Bury Al-Hammam, dominando a vila. Baños de la Encina, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


A Iglesia Parroquial de San Mateo foi erguida no último terço do século XV em estilo gótico, como demonstram os arcos apontados e as abóbadas em cruzaria de sua nave principal. O portal lateral, conhecido como Puerta del Sol, também é de estilo gótico mudéjar. Porém, o portal principal, de 1576, conhecido como Puerta del Perdón, é de estilo maneirista (Baixo Renascimento), bem como a torre do campanário, terminada em 1596, tem acabamentos renascentistas.



Iglesia Parroquial de San Mateo, à esquerda, a Puerta del Perdón, com arco de meio ponto e um alto-relevo de São Mateus flanqueado por dois escudos de prelados de Jaén; à direita, a torre do campanário, um corpo prismático octogonal com linhas góticas e remates renascentistas. Baños de la Encina, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


Casona ou Solar de los Herrera Cárdenas é uma casa construída por família nobre no século XVI, sendo destaque o lintel da porta por ter um escudo com a inscrição "JHS", que significa em grego Jesus, símbolo criado por Santo Inácio de Loiola para a Companhia de Jesus.



À esquerda, fachada da Casona de los Herrera Cárdenas, século XVI, edifício construído com pedra arenisca, sóbria e assimétrica, Baños de la Encina, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


Agora para Baeza.


b - Baeza


No início da ocupação romana, o povoamento era conhecido como Vivatia, mas, já no final do domínio do Império Romano, passou a chamar-se Biatia o Beatia.


No período do Reino Visigodo, o povoado foi sede episcopal católica.


Porém, no século VIII, a cidade é tomada pelos muçulmanos, passando a ser chamada Bayyasa. Após crises sequenciais de poder ocorridas no território do Califado de Córdoba, Al-Andalus é dividida em diversos reinos, conhecidos como Reinos de Taifas. Nessa época, chegou a ser a sede de um desses reinos, conhecido como Taifa de Baeza, que compreendia uma ampla zona das atuais províncias de Jaén e Córdova.


Por fim, em 1227, Fernando III de Castela, o Santo, ocupou definitivamente Baeza, integrando-a à Coroa de Castela.


Nos séculos XV e XVI, Baeza cresceu muito economicamente graças à grande produção de cereais, sedas, madeiras, vinho e azeite, além da pecuária, tornando possível investimentos na indústria de tecidos e curtume e o comércio desses produtos. Em meados do século XVI, Baeza dobra de população em relação ao século anterior, e a riqueza de sua economia cria uma pequena nobreza, que quis projetar seu status social por meio da monumentalidade de suas "casonas" bem como dos prédios públicos.


Assim, Baeza formou um patrimônio arquitetônico renascentista de grande riqueza e, por conta disso, foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2003.


A Alhóndiga é a prova da importância do comércio agrário em Baeza, no século XVI. Foi edificada em 1554 como lonja (edifício público onde se reuniam os comerciantes para as tratativas e as operações de comércio) por ordem do Corregedor Dom Hernando de Acuña. Mantinha relações com o Pósito, onde se comerciava com cereais. De estilo renascentista, é composto de três corpos.



Alhóndiga, edifício composto de três corpos com arcadas: o baixo se abre em arcadas com arcos de meio ponto, sobre colunas toscanas com rodapés. O médio tem arcos rebaixados sobre colunas toscanas, possui parapeitos, conservando no central um escudo de Castela e Leão. O superior, constituído de um lintel com sapatas de madeira sobres colunas toscanas e parapeitos de balaústres entre elas, tendo, no central, um escudo de Baeza. O edifício é rematado por uma cornija de madeira com modilhões. Paseo Portales Mercaderes, 7, Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


No início do Paseo de la Constitución, encontra-se a Fuente de la Estrella, possivelmente erguida ali para comemorar a "Revolução Gloriosa de 1868", também conhecida como setembrina, que destronou a Rainha Isabel II e redundou na Constituição Espanhola de 1869.


Há diversas causas para queda de Isabel II de Bourbon, como instabilidade política durante seu reinado e divisões internas nos partidos, mas uma que, certamente, teve mais preponderância, foi a corrupção descontrolada.


Vários textos, em livros e revistas, salientam o ambiente corrupto e a instabilidade política que grassavam no reinado de Isabel II:


"Os anos passaram, convulsos aqui e lá. Achamos um balanço entre 1864 e 1874, a Grécia conheceu 21 governos, e no mesmo período de tempo houve na Espanha mais de 25 presidentes do Conselho de Ministros. Tal para qual. Se falarmos de reis, Oto foi deposto na Grécia em 1862 e a rainha dos Tristes Destinos, Isabel II, partiu para o exílio em 1868." (tradução livre do espanhol - pág. 18) - "España y Grecia", de Alberto de Frutos, Revista"Historia de Iberia Vieja" n. 118, Prisma Publicaciones S.L, Madrid, 2015.


"Na caída da monarquia de Isabel II em 1868 intervieram muitos fatores: a carência de uma estabilidade política, marcada por uma sucessão de levantes; as dissensões no seio dos partidos; o nascente movimento operário; as vicissitudes da confusa vida amorosa da rainha ... Mas entre estas causas não ocupou um lugar menor a percepção, por parte dos políticos progressistas, um setor do Exército e determinados estamentos populares, de que uns poucos se haviam enriquecido frente à enorme maioria. - pág. 36 e 37.


(...)


"A de 1866 foi a primeira grande crise financeira da história do capitalismo espanhol. Veio precedida dos problemas da indústria têxtil catalã, que sofreu a escassez de algodão em razão da guerra da Secessão norte-americana. Mas o detonador foram as perdas das companhias ferroviárias, que arrastaram atrás de si os bancos e as sociedades de crédito. A bolha imobiliária se somou ao desastre. As más colheitas do ano, com a consequente falta de víveres, e a certeza de que o lucro fácil e o clientelismo campeavam desenfreadamente entre as classes altas desembocaram no levante progressista que derrubou a monarquia bourbônica em 1868. Para boa parte da sociedade espanhola, a Gloriosa marcava o fim de uma era. A 'corte dos negócios' de Isabel II devia passar à história." (tradução livre do espanhol - pág. 43) - "La Corte del Dinero", de María Pilar Queralt del Hierro, Revista"Historia y Vida" n. 565, Prisma Publicaciones S.L, Madrid, 2015.


"No começo da década de 1850 a oligarquização do regime moderado alcançou a política econômica e financeira, e se chegou a cotas inimagináveis de corrupção na cúpula do poder (...) Após o apoio dos progressistas ao 'Manifesto de Manzanares' redigido pelo jovem Cánovas del Castillo, a rainha Isabel aceitou a queda do regime moderado e entregou o poder ao general Espartero (...).


(...)


"(...) um novo governo moderado entre 1864-1865 encabeçado por Narváez. O caráter reacionário dos moderados se evidenciou quando as dificuldades fazendárias levaram o governo a vender certos bens patrimoniais da Coroa e esta decisão foi contestada por parte da intelectualidade (...) A destituição de Narváez deu passagem ao último governo O'Donnell, que pôs mais em evidência as bases corruptas do sistema político.


"(...) um último governo de Narváez entre 1866 e 1868, distinguido pelo seu autoritarismo. A unificação das oposições progressistas e democratas por meio do anti-isabelino Pacto de Ostende desembocou no isolamento da rainha, somente apoiada por sua camarilha palaciana. A morte de Narváez, o último protetor da rainha, em abril de 1868, arrastou o país para o caminho revolucionário cinco meses mais tarde. O levante de setembro em Cádiz se estendeu como um rastilho de pólvora por toda a Espanha sem encontrar a mínima resistência, e a rainha empreendeu o caminho de um exílio dourado em Paris." (tradução livre do espanhol - págs. 323/325) - "Historia de España - de Tartessos al Siglo XXI", de José A. Nieto Sánchez, Editorial libsa, Madrid, 2008.


"O reinado de Isabel II foi, politicamente falando, uma das etapas mais controvertidas e críticas da história da Espanha. Não só teve que contornar as continuas diferenças entre progressistas e moderados, com a consequente instabilidade política, senão que também teve que fazer frente à perda definitiva do prestígio internacional (...) - pág. 159.


(...)


"Apartados do poder, os progressistas puseram em marcha a complexa maquinaria que conduziria à derrota da rainha. Todos os segmentos do progressismo - desde o mais radical ao mais moderado -, exilados em sua maioria na França e Europa Central, participaram no Pacto de Ostende, firmado em agosto de 1866 na cidade homônima. Foi o impulso definitivo para que, em 1868, estalasse a Revolução de Setembro, a Gloriosa, que seria o pistolaço de saída para o longo processo político que desembocou na Restauração e configurou definitivamente na Espanha do século XX. - pág. 163.


(...)


"O 18 de setembro de 1868, a crise politica e econômica surgida no final do reinado de Isabel II adotou tintas revolucionárias. Às ordens dos generais Prim e Serrano e do almirante Topete, o exército se levantou em armas contra a Coroa. Com a aquiescência de grande parte da população e a inútil resistência de um setor do exército leal à rainha, que sofreu uma estrepitosa derrota na batalha de Alcolea, os militares entregaram o poder às Juntas Revolucionárias integradas por membros dos partidos progressistas e democratas.


"(...) Em junho de 1869, veio à luz uma nova Constituição que legitimava a monarquia parlamentarista, a soberania popular; o sufrágio universal masculino e reconhecia as liberdades individuais." (tradução livre do espanhol - págs. 168 e 169) "Historia de España", de María Pilar Queralt del Hierro, Susaeta Ediciones S.A., Tikal Ediciones, Madrid, 2006.




Fuente de la Estrella, obelisco com uma estrela na ponta, símbolo aparentemente ligado à maçonaria, provavelmente erguido em comemoração à Revolução Gloriosa de 1868; as bicas d'água saem das bocas de delfins (golfinhos) mitológicos. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


A Plaza de los Leones ou del Pópulo tem no seu entorno várias edificações importantes: a Casa de las Carnicerías (Antiguas Carnicerías), a Casa del Pópulo, o Arco de Villalar e a Puerta de Jaén.


O prédio das Antiguas Carnicerías foi construído em meados do séc. XVI, no estilo renascentista, e estava localizado depois da Puerta de Jaén, porém, na década de 1960, foi desmontado e transladado para sua atual localização na Plaza del Pópulo. O destaque em sua fachada é o escudo imperial de Carlos I da Espanha (Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico).


O edifício da Casa del Pópulo foi erguido entre 1535 e 1540, de fachada estilo plateresco (renascentista). A planta baixa era ocupada pelos cartórios públicos, e a superior (primeira planta) pela Audiência Cível, tanto que o edifício também tinha esse nome - Edifício da Audiência Civil. Atualmente funciona a Oficina de Turismo de Baeza.


No centro da praça, está a Fuente de los Leones, em cuja pilastra está uma estátua de origem ibero-romana que, segundo se diz, é a representação de Himilce, filha de um chefe ibero que se casou, por volta de 220 a.C, com Aníbal, general cartaginês.



Plaza del Pópulo: à esquerda, o ´prédio das Antiguas Carnicerías; à frente, ao fundo, a Casa del Pópulo; no centro, a Fuente de los Leones, com a estátua de Himilce. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


O Arco de Villalar foi erguido em 1522 para comemorar a vitória do exército de Carlos I da Espanha (Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico) sobre as tropas dos rebeldes comuneiros na Batalha de Villalar, em Valladolid, ocorrida em 23 de abril de 1521.


No nosso post "Oeste de Castela e Leão - Parte I", explicamos o que foi a Guerra de Las Comunidades de Castilla. Com a morte de Isabel I de Castela, em 1504, quem herdou o trono foi Joana I, a Louca, e, em razão da condição mental da sucessora, isso gerou instabilidade política. Diante dessa situação, assumiu em 1516 Carlos I, filho de Joana, e, por ter sido criado no Condado de Flandres, não sabia falar bem castelhano e trouxe como Corte nobres e clérigos flamengos. Por conta disso, várias cidades castelhanas (incluídas as incorporadas na Andaluzia) se rebelaram contra o monarca; os revoltosos eram conhecidos como comuneiros.


Ao voltar da batalha de Villalar, os Carvajales, nobres de Baeza aliados de Carlos I, para comemorar a vitória, mandaram erguer o arco junto à Puerta de Jaén.


A Puerta de Jaén, da época da ocupação muçulmana, era um dos acessos mais importantes da antiga muralha medieval de Baeza, mas foi demolida junto com o Alcázar da cidade em 1476 por ordem de Isabel I, a Católica, para cessar a guerra civil entre duas famílias nobres locais: os Carvajales e os Benavides. Foi reconstruída em 1526 para comemorar a passagem de Carlos I por Baeza, após seu casamento com Isabel de Portugal.



Puerta de Jaén, à esquerda, reconstruída em 1526, erguida em pedra conformando um arco apontado ou ogival, com aduelas e batentes laterais; sobre o arco uma moldura com os escudos de Carlos I, da cidade de Baeza e do Corregedor. Arco de Villalar, à direita, também apontado ou ogival de grande vão, aduelas radiais sobre batentes; sobre uma cornija aparecem grandes ameias. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


Cabe uma explicação para dois termos empregados nos parágrafos anteriores: a guerra civil entre famílias locais e a figura do corregedor. Para isso, nós vamos nos valer do que fala Isabel Enciso Alonso-Muñumer no seu livro "Reyes Católicos":


"Os municípios durante a Idade Média estiveram controlados por oligarquias locais, isto é, pela pequena nobreza das cidades, que se agrupavam em bandos e lutavam entre si para aumentar o seu poder no governo municipal e controlar a vida da urbe [no caso de Baeza: os Carvajales e os Benavides]. Os cargos de regedores estavam nas mãos destas oligarquias de forma hereditária e inclusive vitalícia. Desta forma, a nobreza menor e os burgueses e comerciantes enriquecidos podiam acreditar em uma barreira de contenção frente à autoridade do soberano.


"Os Reis Católicos tentaram romper o monopólio dos municípios e introduziram nos territórios da Coroa de Castela a figura do corregedor para ter em cada província um representante régio que corrigisse os possíveis abusos e favorecessem as medidas adotadas pela Coroa. A figura do corregedor já existia, mas os Católicos souberam dotá-la de permanência e eficácia. Tinha funções administrativas e judiciais (...) Estas funções se viram ampliadas e os alcaides delegariam cada vez mais aos corregedores a administração da justiça que podia recorrer-se à Chancillería e ao Conselho Real." (tradução livre do espanhol - págs. 18 e 19) "Los Reyes Católicos", de Isabel Enciso Alonso-Muñumer, Série: "Historia de España", Coleção "Historia del Mundo", Diretor: Miguel Morán Turina, Ediciones Akal S.A., Madrid, 2001, 2ª reimpressão, 2013.


A Catedral de la Natividad de Nuestra Señora de Baeza foi, segundo a tradição histórica, construída no lugar onde existia a mesquita-maior; sua edificação iniciou em 1529 e foi concluída em 1567, em estilo plateresco (renascimento espanhol); grande parte do edifício foi projetado por Andrés de Vandelvira.


A torre da catedral foi, em sua origem, o alminar ou minarete da antiga mesquita. Foi reedificada na sua atual estrutura em 1545.



A Catedral de Baeza, em sua maior parte em estilo renascentista; em destaque, à direita, a torre da catedral, de planta quadrada, na qual podem ser vistas, nos quatro cantos, colunas de granito. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.



Altar-maior da Catedral de Baeza, onde se tem um grande retábulo barroco talhado por Manuel del Álamo, em 1619, e dourado por Manuel Pancorbo, em 1741; são dois corpos e três calhas horizontais, separadas por colunas salomônicas; nas calhas laterais se dispõem dois nichos com imagens de São Pedro e São Paulo e sobre elas pinturas de São Tiago Maior (São Jacob) e São Eufrásio. No centro, uma urna relicário contendo os restos de São Pedro Pascual e, sobre ela, um nicho com a Virgem dos Mártires; no corpo superior, uma imagem de Santo André emoldurada por pilastras e colunas salomônicas. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.



Representação da Santa Ceia, Catedral de Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


A Fuente de Santa María, localizada na praça de mesmo nome, foi construída por ordem do conselho da cidade, sob o comando do corregedor Manrique de Cabrera, sendo um projeto do arquiteto baezano Ginés Martínez. Foi concluída em 1564, e suas águas vêm da mina de Celadilla, a 2,5 quilômetros da cidade e chegam na fonte por meio de uma obra hidráulica. É uma das mais belas da Andaluzia.



Fuente de Santa María é uma construção em estilo renascentista, sendo o corpo inferior uma serliana (combinação de um arco de volta perfeita com vãos retos) constituída de quatro pilastras quadradas, cada uma emoldurada por quatro colunas toscanas sobre pedestais; o arco central é de meio ponto; as duas calhas laterais da serliana tem a presença de oito cariátides (quatro por frente); o corpo superior, reduzido à calha central, está emoldurado por duas grandes mísulas e apoiado por dois pares de atlantes que flanqueiam as armas de Felipe II; tudo arrematado por um frontão triangular. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


O prédio da Antigua Universidad de Baeza foi edificado no final do século XVI, mas a instituição já funcionava anteriormente, tendo sido iniciativa do clérigo local Rodrigo López. A sua estrutura é típica dos palácios renascentistas, com um pátio de dupla arcada e uma escada coberta.


Há informações de que as primeiras graduações ocorreram em 1549, sendo que muitos de seus alunos se converteram em professores da universidade, durante muito tempo a melhor da Andaluzia. Funcionou por cerca de três séculos, até sua supressão em 1824.



Porta principal da Antigua Universidad de Baeza; edifício de estilo maneirista (final do período renascentista). Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.




Claustro da Antigua Universidad de Baeza; o pátio se destaca pela dupla arcada sobre colunas, bem ao estilo renascentista. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


A Torre de los Aliatares, também conhecida como Torre del Reloj, está em pleno centro histórico de Baeza; segundo a tradição histórica, trata-se de um torreão árabe que fazia parte da antiga muralha muçulmana do século XII; a partir dela se defendia a desparecida Puerta del Cañuelo e a contígua Barbacana. Durante os séculos, a torre serviu de cárcere de nobres, armazém para a guerra, centro de recrutamento e até pombal.


Torre de los Aliatares ou Torre del Reloj, de planta retangular, tem 25 metros de altura; o relógio na fachada foi colocado no século XIX, e as ameias no século XX, copiadas das do Arco de Villalar. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


O Palacio de Jabalquinto, que é um dos símbolos patrimoniais mais destacados da cidade e possui uma fachada belíssima, foi mandado edificar, na segunda metade do século XV, pelo Señor de Jabalquinto, Juan Alfonso de Benavides Manrique, casado com Beatriz de Valencia Bracamonte e primo de Fernando de Aragão, o Católico. O primogênito dessa união, Manuel, desposou Luisa Manrique, filha do famoso poeta Jorge Manrique. Em 1637, Isabel de Benavides, marquesa de Jabalquinto, casou com o conde de Benavente, Antonio Pimentel de Quiñones, unindo-se ambos títulos. Atualmente o prédio acolhe a sede Antonio Machado da Universidad Internacional de Andalucia.


Fachada do Palacio de Jabalquinto, em estilo gótico isabelino; conta-se que o projeto é de Enrique Egas e o executor Pedro López, mestre maior de Jaén; a fachada é adornada com profusão de pontas de diamantes, cravos de pinhas, frondas, laços, pináculos, florões, heráldica e moçárabes; no primeiro corpo, a porta, centrada e marcada por pináculos góticos, forma um arco conopial percorrido por dois troncos pelos quais sobem quatorze figurinhas humanas; o segundo corpo tem quatro janelas (gêmeas as centrais), entre pináculos e aximezadas com delicadas coluninhas; sobre elas, oito escudos inclinados, com elmos, cimeiras e paquifes, pertencentes às famílias proprietárias; nas laterais do conjunto, dois contrafortes cilíndricos que se abrem em moçárabes coroados por parapeitos reconstruídos na segunda metade do século XX. Baeza, Província de Jaén, Andaluzia, Espanha.


Agora para Jaén.


Fontes: Wikipedia e "España" Guías Visuales, DK El Pais Aguilar, Octava edición, Santillana Ediciones Generales, S. I. Madrid, 2011.




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