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Andaluzia - Parte VI - Sul da Espanha - 2009

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 30 de mai. de 2021
  • 13 min de leitura

Patio del Ciprés de la Sultana, Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


a - Continuação de Granada


Partindo do norte de la Alhambra, um caminho desce até o Generalife, a residência de verão dos emires/sultões nacéridas; neste lugar, com o céu à vista e a cidade de Granada estendida a seu pés, os integrantes da família real podiam descansar longe das intrigas palacianas.


Assim fala do Generalife a escritora espanhola María del Hierro, no seu livro "Historia de España":


"Nas imediações de la Alhambra se encontram os jardins do Generalife, na que foi a residência do alcaide da fortaleza. Um pomar embalado pelo murmúrio constante das fontes e riachos que correm por ele. No entorno, uma série de caminhos, pavilhões e pórticos conduzem ao famosíssimo patio de la Acequia, onde um túnel de bicos d'água entrecruzados faz realidade as palavras do poeta granadino por excelência, Federico García Lorca "Lá, acima, no Generalife, Granada sofre uma paixão de águas'." - (tradução livre do espanhol - pág. 46) "Historia de España", de María Pilar Queralt del Hierro, Susaeta Ediciones S.A., Tikal Ediciones, Madrid, 2006.


O complexo palaciano foi edificado em meados do século XIII, mas foi redecorado por Ismael I, da dinastia Nacérida, que reinou de 1314 a 1325, sendo anterior ao Palacio de Comares. Atualmente, é formado por dois conjuntos de edificações ligados pelo Patio de la Acequia.


Cabe observar que é muito difícil saber o aspecto original do Generalife, por conta das alterações e reconstruções no período cristão, que, inicialmente tinham o objetivo de frear o estado de deterioração no qual se encontrava no final do domínio muçulmano, mas que terminaram por desfigurar a estrutura deixada pelos islâmicos.


O acesso ao conjunto palaciano se dá, hoje, pelos Jardins Baixos ou Jardins Novos, particularmente pelo Paseo de los Cipreses (Caminho dos Ciprestes), composição do século XX, concebida por Francisco Prieto Moreno e iniciada em 1931; é uma combinação de referências históricas e da tradição granadina (terreno empedrado, uso da água, exuberantes cercas vivas).



Paseo de los Cipreses (Caminho dos Ciprestes), uma composição do séc. XX, mas que mantém as referências islâmicas, como o solo empedrado, as fontes e o espelho d'água; Jardines Bajos, Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Antes de ingressar na atração principal, ou seja, Patio de la Acequia, passa-se por dois pátios de entrada que podem ser comparados com o que é conhecido em Granada como "carmen", habitação com um espaço verde anexo, jardim ou horta, que constitui uma extensão da casa, cercado por muros pintados de branco.



Um dos pátios de entrada do conjunto principal do Generalife, com verde espalhado pelos muros. Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


O Patio de la Acequia, de 48,70 metros de comprimento e 12,80 metros de largura, é a parte mais importante do Generalife, mas bem alterado desde a época árabe, tanto nas suas construções como nos jardins.


O pátio se encontra fechado ao norte e ao sul por dois pavilhões; o pavilhão sul, na entrada principal do pátio, era o mais importante, mas a fachada foi alterada, hoje composta por cinco arcos sobre pilares de tijolo e duas colunas; o piso superior é formado por uma sala com quartos nas extremidades e um mirante dirigido ao pátio principal.


O pavilhão norte era menor, composto somente por um pórtico que levava a uma sala e uma torre do fundo. Ocorre que, em 1494, foram acrescentados dois andares e outras construções. O pórtico, de cinco arcos, dá passagem a uma sala por meio de três arcos cobertos de decoração, sustentados por colunas com capitéis de muqarnas. Há quartos nas extremidades, e, ingressando pelo arco maior central, tem-se acesso a uma torre mirante, possivelmente de 1319, a partir da qual podem ser contemplados os jardins e o vale do Darro.


O eixo maior do pátio se encontra atravessado pela Acequia Real (canal de irrigação), principal artéria hidráulica do conjunto, ladeada por bicos de fonte, instalados no século XIX, e, nos seus extremos, duas taças de pedra.



Patio de la Acequia, no qual se vê, no eixo longitudinal, a Acequia Real (canal de irrigação); ao fundo, o pavilhão norte: no piso inferior, cinco arcos externos e três internos decorados com arabescos; no piso superior, o mirante. Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.




Pavilhão norte do Patio de la Acequia; em detalhe, os arcos externos e internos, sustentados por colunas com capitéis, e decorados com arabescos e, na parte superior, inscrições em árabe; através dos arcos internos se ingressa na Sala Regia, a câmara real. Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


O Patio del Ciprés de la Sultana possui um tanque em forma de "U" e, no seu centro, existe outro pequeno, construído no século XIX, do qual se destaca uma fontezinha de pedra. Todo o conjunto está rodeado de bicos que lançam água, conseguindo um ambiente de frescor.


O seu nome vem dos velhos ciprestes do entorno, sendo o mais famoso o Ciprés de la Sultana (Cipreste da Sultana) sob o qual, diz a lenda, Zoraya, a esposa do último sultão nacérida Boabdil, se encontrava em segredo com seu amante, o chefe dos Abencerragens.


A edificação com arcadas é datada de 1584 e fica ao norte do pátio.



Patio del Ciprés de la Sultana, em destaque, no centro, a fonte de pedra e, ao fundo, o pavilhão com arcadas erguido no século XVI. Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


A Escalera del Agua é uma das escadas que se encontram ao longo dos jardins, mas que se destaca por sua originalidade e beleza. Existente desde a época árabe, possivelmente é a mais antiga do jardim. Divide-se em três lanços; em cada um deles, há uma fonte com bico d'água, ladeados por canais que compõem os corrimãos por onde descem ruidosamente as águas.


Nas laterais da escada existem loureiros, cujas copas se unem formando uma abóboda pela qual se filtram os raios do sol, formando um quadro de uma beleza estonteante.



Escalera del Agua, com seus canais laterais. Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Os Jardines Altos del Generalife são distribuídos em diferentes terraços e completam a área palaciana, servindo de cobertura na sua parte mais elevada. Esse pequeno jardim botânico romântico é composto de magnólias, arbustos perfumados e uma cuidadosa alternância de árvores de folhas perenes e caducas.



Jardines Altos, com sua composição romântica. Generalife, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Na Plaza de Isabel la Católica, no centro de Granada, está o Monumento de Isabel la Católica y Cristóbal Colón, escultura de bronze realizada, em Roma, pelo artista Mariano Benlliure, em 1892, representando a rainha de Castela aceitando as propostas do navegante Cristóvão Colombo durante as Capitulações de Santa Fe (Capitulações da Conquista de Granada), firmadas em 1492 pelos Reis Católicos e o sultão necérida Boabdil.



Monumento de Isabel la Católica y Cristóbal Colón, no qual são representados a rainha de Castela e o navegante genovês negociando o apoio financeiro dos Reis Católicos à viagem de Colombo para a descoberta de um novo caminho marítimo para as Índias. Plaza de Isabel la Católica, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


No nosso post "Comunidade de Madri - Parte I", dissemos que quase todos os reis da Espanha, começando por Carlos I (Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico), estavam enterrados no Monasterio de San Lourenzo de El Escorial, com exceção de Felipe V, Fernando VI, Amadeo I e José I (Bonaparte). Mas por que os Reis Católicos e sua filha Joana lá não estão?


Primeiro, porque El Escorial foi erguido por Felipe II, filho de Carlos I, sendo uma das finalidades da edificação acolher os restos mortais de seu pai e de seus sucessores.


Além disso, de direito, os Reis Católicos nunca foram reis da Espanha; cada um deles reinava em parte do que depois tornou-se esse país: Isabel I era rainha de Castela e Fernando II rei de Aragão. Já Juana I, embora na sua cabeça tenham sido unificadas as coroas, sofria das faculdades mentais e, na prática, não governou nada. Assim, os restos mortais dos três mais o esposo de Juana, Felipe, o Belo, repousam na Capilla Real de Granada.


Essa instabilidade trazida pela morte de Isabel é bem explorada pela historiadora Isabel Enciso, no seu livro "Los Reyes Católicos":


"A morte de Isabel a Católica, em 26 de novembro de 1504, produziu uma instabilidade política vinculada à questão sucessória. (...) Por tais circunstâncias e seguindo a linha de sucessão, outra das filhas dos Católicas, Juana, casada com Felipe o Belo, se converte em herdeira (...) No entanto, existiam certos indícios da incapacidade mental da princesa e da ambição de seu marido para alcançar o poder por meio dos direitos de sua mulher. (...) Depois de dar a luz ao infante Fernando, Juana embarcou em direção a Flandres na primavera de 1504. A partir daí, as notícias de sua deterioração mental são reiteradas e as cenas de ciúmes ante os devaneios de seu marido intensificam esta opinião na corte. (...)


"Não há dúvida que, como legítima herdeira, Juana devia ser a nova rainha de Castela, mas, no caso de que não pudesse ou não quisesse ou estivesse ausente, o governo devia recair, por vontade de Isabel, em Fernando, ainda que somente como regente, até que o herdeiro primogênito, Carlos, o futuro Carlos I, tivesse idade suficiente para fazê-lo. Desse modo, Felipe não teria nenhum direito sobre a Coroa castelhana e exerceria, simplesmente, seus direitos como rei consorte, sem que nenhum poder adicional lhe fosse atribuído. (...)


"(...)


"A partir de 1505 Fernando o Católico governa em Castela, já que Felipe e Juana estão em Flandres. Nesse momento, o argumento da loucura de Juana começa a converter-se em desculpa e justificação da luta entre Fernando e Felipe para governar com plenos poderes. (...).


"(...)


"Em setembro de 1506, Fernando está em Nápoles (...) No entanto, nesse mesmo mês morre Felipe o Belo, e, a partir da Península, se reclama a volta do Rei Católico, já que se desencadeava um estado de anarquia que fazia perigar a governança da Coroa castelhana, enquanto a rainha Joana a Louca mostra claros sinais de loucura, e seu filho e herdeiro, Carlos, está em Gante. (...) Em 1509, Juana é reclusa em Tordesilhas, e as Cortes, um ano depois, nomeiam Fernando regente. (...).


"(...)


"Fernando morreu em 1516, e em seu testamento deixou a regência de Castela a Cisneros até a chegada de Carlos (...) O mesmo dia que recebia a destituição de seu cargo de regente pela chegada do herdeiro, Cisneros morria em sua residência e dava começo assim a uma nova época e a um novo reinado, o de Carlos I, que recebia a herança e o patrimônio dos Reis Católicos e que suporia um passo a mais em direção à Idade Moderna e à criação de uma nova realidade política: a monarquia dos Austrias." - (tradução livre do espanhol - págs. 40-44) "Los Reyes Católicos", de Isabel Enciso Alonso-Muñumer, Série: "Historia de España", Coleção "Historia del Mundo", Diretor: Miguel Morán Turina, Ediciones Akal S.A., Madrid, 2001, 2ª reimpressão, 2013.



Doña Juana la Loca, quadro de Francisco Pradilla y Ortiz, no qual está representada Juana I, vestida de preto, velando o corpo de seu esposo Felipe, o Belo, em campo raso, enquanto o trasladava de Burgos para Granada. De Francisco Pradilla y Ortiz. http://www.museodelprado.es/imagen/alta_resolucion/P04584.jpg, Dominio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15958443


Isabel e Fernando, em 13 de setembro de 1504, decidiram que, após as suas mortes, seus corpos ficariam em Granada. Por conta disso, criaram no papel a Capilla Real, que precisou ser erguida, decorada, mobiliada, ter formada uma instituição com pessoas e com dinheiro para mantê-la. A rainha faleceu ainda em 1504. Assim, construiu-se, sob a responsabilidade do arquiteto Enrique Egas, um templo gótico entre 1505 e 1517, dedicado aos Sãos João Batista e João Evangelista. Nele também foram depositados os restos mortais da filha dos Reis Católicos, Juana I, a Louca, e seu esposo Felipe I, o Belo.


Como era o local da morada eterna de seus avós maternos e de seus pais, Carlos I da Espanha fez questão de embelezá-la e engrandecer a instituição mantenedora.


Na época em que nós visitamos a capela, não era possível fotografar em seu interior; portanto, não temos os registros, mas recomendamos que olhem a belíssima grade que separa o cruzeiro dos túmulos reais, forjada em 1520 pelo mestre Bartolomé de Jaén, e o mausoléu de mármore de Carrara de Isabel e Fernando, os Reis Católicos, obra de Domenico Fancelli, e o de Juana, a Louca, e Felipe, o Belo, realizada por Bartolomé Ordóñez.



À direita, a fachada da Capilla Real de Granada: um portal estilo plateresco (renascentista tipicamente espanhol); a porta está em um arco semicircular, enquadrado por pilastras com figuras de "maceros" (funcionário espanhol que ia à frente das comitivas reais, vestindo um tabardo e levando em sua mão uma maça); no centro do entablamento uma águia bicéfala, e sobre ele o frontispício, flanqueado de castiçais, e com três nichos: no centro, com a imagem da Virgem com o Menino, ladeada pelas imagens de São João Batista e São João Evangelista. Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


No lugar onde se encontra atualmente a Iglesia del Sagrario existia a Mesquita Maior de Granada, mas, com a conquista cristã, foi o edifício, em 1501, designado como paróquia e dedicado à Santa Maria do Ó.


Em 1705, como o prédio da antiga mesquita se encontrava bastante deteriorado, iniciou-se a construção da Iglesia del Sagrario, com projeto de Francisco de Hurtado Izquierdo. Mas, em razão da falta de fundo, somente em 1717 as obras recomeçaram, agora sob o comando de José de Bada y Navajas, se prolongando até 1759.



Fachada da Iglesia del Sagrario, tendo um arco triunfal ornamentado, ladeado, no primeiro corpo, por duas colunas da ordem coríntia de cada lado; já no segundo corpo, três nichos com esculturas de santos, obras de Agustín de Vera Moreno, que representariam San Ibón, San Pedro (in cátedra) e San Juan Nepomuceno, flanqueados por duas colunas da ordem coríntia de cada lado, arrematadas por frontões. Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Em 1492, é fundada a Catedral de Granada, dedicada à Nossa Senhora da Encarnação, com sede na antiga mesquita de la Alhambra; porém o local não é apropriado e, em 1495, a catedral passa a funcionar na Igreja de Santa Maria e depois na de São Francisco. Somente em 1502, o papa Alexandre VI autoriza a construção de uma nova sede, no centro de Granada.


A nova Santa y Apostólica Iglesia Catedral Metropolitana Basílica de la Encarnación de Granada, ou simplesmente Catedral de Granada teve seu primeiro projeto encomendado a Enrique Egas, em 1505, que a concebeu no estilo gótico. As obras foram iniciadas em 1523, mas, em 1528, Diego de Siloé assumiu o encargo, alterando o projeto já em estilo renascentista. Em 1667, a fachada principal passou a ser reformada sob a responsabilidade do famoso pintor, escultor e arquiteto Alonso Cano, que introduziu elementos barrocos.



Fachada principal da Catedral de Granada: estilo renascentista com detalhes barrocos; a porta central, mais alta que as laterais, é moldurada por um arco triunfal ornamentado sustentado por pilastras sem capitéis; ao lado, São Pedro e São Paulo suportados por prateleiras formadas por crianças; sobre o arco triunfal, tondo com o altorrelevo da Encarnação, obra em mármore branco de 1717, do escultor José Risueño; sobre ele, grande tarja com a saudação evangélica Ave Maria; ainda no primeiro corpo, na parte superior das pilastras, medalhões com altorrelevos de Marcos e Lucas; no segundo corpo, a claraboia estrelada no meio do ático arrematada por um jarrão de açucenas; aos pés das pilastras e apoiados sobre as saliências da cornija, duas estátuas de pedra representando o Antigo e o Novo Testamentos; as pilastras são arrematadas por folhagens. Sobre o centro do grande arco triunfal, uma cruz de ferro e, em suas laterais, pináculos. Sobre os arcos das portas laterais, dois grandes relevos de A Visitação de Maria à sua prima Isabel (à esquerda) e A Assunção de Maria aos céus (à direita) que, junto ao grande relevo central de A Encarnação do Filho de Deus no seio de Maria, são três dos gozos de Maria. Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Nave central e Altar-Maior da Catedral de Granada, muita altura e luz, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Mas, à noite, fomos apreciar a acolhedora Granada, com suas apresentações musicais nas praças, muita gente circulando nas calçadas e os seus bares com tapas deliciosas.



Apresentação de orquestra sinfônica na Plaza de las Pasiegas, no centro de Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Passeando nas ruas animadas da cidade; esquina da Gran Vía de Colón com Calle Reyes Católicos. Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.



Comendo pescaíto frito (peixe passado na farinha de trigo e frito no azeite de oliva) com sangria em um restaurante localizado no Paseo del Padre Manjón. Albaicín, Granada, Província de mesmo nome, Andaluzia, Espanha.


Agora para Antequera.


b - Antequera


Apesar de a região ter vestígios de ocupações humanas anteriores, foi na época romana que a cidade passou a ser um importante centro comercial, inclusive pela sua produção de azeite de oliva, tendo assimilado rapidamente a cultura romana e a língua latina, passando a ser conhecida como Anticaria. Ficaram, como legado romano, as termas escavadas, localizadas na parte sudoeste da cidade, e a escultura do Efebo de Antequera, provavelmente do século I d.C.


Os bárbaros arrasaram a cidade, mas, no século VIII, foi ocupada pelos árabes comandados por Abd al-Aziz ibn Musa, e passou a ser conhecida como Medina Antakira, tendo sido construída uma alcazaba (fortaleza) e uma muralha defensiva.


Com a queda de Sevilha e Jaén, tomadas pelos cristãos, em meados do século XIII, Antakira passa a ter uma importância militar muito grande para os islâmicos, em razão de sua proximidade com a fronteira entre cristãos e muçulmanos.


Em razão disso, Antequera torna-se cobiçada pelos cristãos como um ponto estratégico para a continuação do que se conheceu como reconquista. Tanto que as ações para sua tomada foram comandadas pelo próprio regente de Castela, Fernando, que governava em nome de seu sobrinho Juan II de Castela.


A tomada de Antequera durou cinco meses; finalmente, em 22 de setembro de 1410, a cidade e sua alcazaba caíram nas mãos dos cristãos. Durante a conquista promovida por Castela, a cidade foi o centro operacional e fronteiriço, ponto de partida para os sucessos posteriores, como as campanhas de Álora e Casarabonela, bem como sede das expedições contra o Reino Nacérida de Granada.


A Alcazaba de Antequera ou Fortaleza de Papabellotas foi erguida na época muçulmana, não se sabendo exatamente quando se iniciou sua construção, havendo uma primeira referência a ela no século XII, quando a região era governada pela Dinastia Almôada, ocasião em que foram construídos dois anéis de muralhas que ainda existem. Mas outros afirmam que, concretamente, sua instalação se deu na primeira metade do século XIV.


A fortaleza está estruturada, na parte exterior, por duas grandes torres - del Homenaje e Blanca - unidas por uma muralha. Ainda possuem duas outras torres menores, uma quadrada e outra semicircular.


A Torre del Homenaje, também conhecida como Torre de las Cinco Esquinas, tem planta angular e é uma das torres muçulmanas de maior largura da Espanha. Por volta de 1582, sobre ela foi construído um campanário de tijolo e pedra, de forma piramidal, chamado de Reloj de Papabellotas, no qual se encontra o maior sino da cidade. A partir do terraço da torre, tem-se vistas magníficas da cidade.


Ligada à torre maior por uma muralha, a Torre Blanca, levantada na época da Dinastia Nacérida, é formada por duas plantas e um teto plano



Alcazaba de Antequera; em destaque, à esquerda, a Torre del Homenaje e, sobre ela, o templete-campanário conhecido como Reloj de Papabellotas; seguindo a muralha encontra-se, no centro, a Torre Blanca, de duas plantas e teto plano. Antequera, Província de Málaga, Andaluzia, Espanha.


A Iglesia de Santa María de Jesús teve sua construção iniciada em 1527 mas foi concluída somente em 1615, seguindo o estilo renascentista, sendo, na origem, propriedade do Convento da Ordem Terceira de São Francisco (laicos consagrados). Durante a ocupação francesa, no início do século XIX, o templo foi bastante danificado, salvando-se somente a Capilla del Socorro. A fachada atual é, portanto, do século XIX.


Atualmente, a Real e Ilustre Archicofradía de la Santa Cruz en Jerusalén y Nuestra Señora del Socorro é a proprietária e mantenedora de todo o edifício.



Fachada principal da Iglesia de Santa María de Jesús, reconstruída no século XIX, após a retirada francesa; Antequera, Província de Málaga, Andaluzia, Espanha.


Partimos para Málaga, a terra de Pablo Picasso. Mas isso é no próximo post.



Fontes: Wikipedia e "España" Guías Visuales, DK El Pais Aguilar, Octava edición, Santillana Ediciones Generales, S. I. Madrid, 2011.





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