Argentina e Colônia do Sacramento - 2008
- Roberto Caldas
- 28 de fev. de 2021
- 15 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2021

Municipalidad, Centro Cívico, inaugurado 17.03.1940. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.
Essa foi a nossa primeira viagem internacional.
1 - ARGENTINA (BUENOS AIRES E BARILOCHE)
Em 2008, Eunice disse que queria conhecer Buenos Aires e Bariloche, a última ainda com neve; então, no início de setembro, pousamos no Aeroporto de Ezeiza, que fica distante de Buenos Aires. Resolvemos nos hospedar em um pequeno hotel, no centro histórico da capital argentina, Waldorf Hotel, na calle Paraguay, 450, Retiro, nas proximidades das avenidas 9 de Julio, Córdoba e Santa Fé e da Calle Florida. A poucos passos de lá, as famosas Galerías Pacífico; um local, na época, bem aprazível e de fácil deslocamento a pé até as principais atrações turísticas de Buenos Aires.
A Argentina para mim continua sendo um pouco incompreensível. Como um país, que no início do século XX era tido como um dos mais ricos e educados do mundo, passa hoje por graves dificuldades econômicas e sociais? Ademais, pelo menos é o que se ouve, a maioria dos políticos argentinos de destaque se diz herdeira do movimento peronista, de viés populista e estatizante; ou seja, independentemente de quem esteja governando, parece a aplicação política do "mais do mesmo".
Posso aqui dizer de uma experiência pessoal; quando eu era aluno do Curso de Altos Estudos Militares, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, no Rio de Janeiro-RJ, tive a oportunidade de conviver com um brilhante oficial do Ejército Argentino; impressionou-me o seu conhecimento militar e a sua cultura geral, esta superior à média brasileira. Porém, isso não parece ter ajudado os argentinos na resolução dos seus problemas.
Essa primeira estadia em Buenos Aires durou pouco. Visitamos alguns lugares próximos ao hotel. Vamos lá.

A Estação Ferroviária Mitre, no Retiro, estilo Beaux-Arts, 1915, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Monumento a los Caídos en Malvinas, em memória dos mortos argentinos na Guerra das Malvinas, ocorrida em 1982, tendo como opositores o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; foi uma reação do Reino Unido à ocupação das Ilhas Malvinas (Falklands) pela Argentina, que as consideram parte de seu território; o Reino Unido, com poderio militar bem superior a seu adversário, venceu a guerra em 10 semanas. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Em seguida, fizemos uma viagem de ônibus de Buenos Aires a San Carlos de Bariloche, conhecia popularmente apenas por Bariloche; o veiculo era muito confortável e limpo, mas o trecho, muito longo: quase 1.600 km, cerca de 22 horas; em quase todo o percurso, vê-se uma paisagem monótona; o terreno é muito plano e as rodovias são retas; somente quando se chega perto de Bariloche, o terreno começa a ficar mais acidentado; chegando lá, na entrada da cidade, fomos surpreendidos por agentes da Polícia Federal Argentina, que colocaram cães para cheirar as bagagens, finalizando com a detenção de um dos passageiros, possivelmente por transportar droga:

Paisagem congelante nas proximidades de Bariloche. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.
Em Bariloche, fizemos aquelas visitas de praxe que todos os turistas gostam.

Mirante no alto da escadaria, na calle Francisco Perito Moreno, n. 801, San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

Chocolateria Mamuschka, calle Mitre com Rolando, San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.
Da cidade de Bariloche se parte para várias visitas aos cerros (elevações), inclusive estações de esqui, lagos e atrações rurais, normalmente contratando uma agência de viagem.

Sobre o Cerro Campanario, com vista para a Villa Campanario, o Parque e o Lago Nahuel Huapi. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

A subida e a descida do Cerro Campanario ocorrem por meio de cadeirinhas que se movem em cabos de aço. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

Ala Bustillo do Llao Llao Resort, Golf-Spa, Parque Nacional Nahuel Huapi, entre os lagos Nahuel Huapi e Perito Moreno. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

Confiteria Giratoria do Cerro Otto, Río Negro, Argentina; o acesso é por meio de um teleférico. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

Cerro Catedral, a estação de esqui de Bariloche; o Refúgio Lynch fica a 1.929 metros de altitude; para acessar, há um teleférico, cadeirinhas de dois lugares e cadeirinhas de quatro lugares. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.
Tem ainda o passeio pelas ilhas do Lago Nahuel Huapi, que significa, na língua mapuche (etnia indígena da região), Ilha da Pantera. Saímos navegando no Modesta Victoria, de 1937, momento em que avistamos gaivotas (gaviotas) nos acompanhando e aguardando ser alimentadas:

Barco Modesta Victoria, construído em 1937. San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.

Gaviota Cocinera (Larus dominicanus), uma das poucas gaivotas que não vivem nas costas marítimas. Lago Nahuel Huapi, San Carlos de Bariloche, Província de Río Negro, Argentina.
O passeio no lago Nahuel Huapi se estende para territórios localizados em outra província argentina, Neuquén.

Bosque de Arrayanes, o último do mundo dessa espécie, localizado em uma ilha no lago Nahuel Huapi; diz a lenda que Walt Disney se inspirou nesse bosque para desenhar as árvores do filme "Bambi". Província de Neuquén, Argentina.
Na sequência, voltamos a Buenos Aires, novamente viajando de ônibus; no percurso, tivemos uma ocorrência desagradável; à noite, nas proximidades da cidade de General Roca, o desbravador da Patagônia, o ônibus foi atacado por marginais; jogaram uma pedra, quebrando o vidro de uma das janelas do veículo, vindo a lesionar um dos passageiros; felizmente, nada de mais grave ocorreu com a pessoa; os passageiros gritaram ao motorista que não parasse o veículo e o fizesse somente em um lugar seguro, o que o condutor acatou; depois, prosseguimos a viagem sem mais nenhum incidente.

O ônibus da empresa Crucero del Norte com a janela quebrada por pedra arremessada por assaltante na região de General Roca.
Na segunda estadia em Buenos Aires, ficamos no Hotel dos Oficiais da Marinha, que funciona no Centro Naval, em belo prédio localizado na avenida Córdoba com Calle Florida, inaugurado em 1914.

Belíssima Porta do Centro Naval, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
A Argentina (da Prata) deve o seu nome ao estuário conhecido como Río de la Plata, na margem do qual Buenos Aires foi instalada pelos colonizadores espanhóis, primeiramente por Pedro de Mendoza, em 1536, e, após seu abandono, uma segunda vez, em 1580, por Juan de Garay; o território argentino, no início, fazia parte do Virreinato del Perú, depois, em 1776, passou a ser o Virreinato del Río de la Plata; em 1810, os habitantes da Argentina iniciaram o movimento de independência da Espanha, conhecido como "La Revolución de Mayo".
A cidade de Buenos Aires, na época colonial, era administrada pela instituição conhecida como Cabildo, que acumulava atribuições administrativas (regidores) e judiciais (alcaldes), escolhidos entre os residentes permanentes, que possuíssem alguma propriedade, família e ofício não vil.

Prédio do Cabildo de Buenos Aires (1740), construído sobre o antigo cabildo (1610), Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
No curso da Guerra Anglo-Espanhola de 1804-1809, tropas ingleses, que ocupavam Montevidéu, comandadas por John Whitlocke, atacaram Buenos Aires, mas foram rechaçadas por forças espanholas, lideradas pelo militar francês Santiago de Liniers, com o auxílio dos moradores e das milícias urbanas.

Casa em que Santiago de Liniers residiu de 1808-09, Calle Venezuela 469, Buenos Aires, final do séc. XVIII. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Igual a quase todos os países da América do Sul, em razão de terem sido colonizados por espanhóis e portugueses, o predomínio da Igreja Católica nos primeiros séculos era muito grande; por isso, há muitas igrejas espalhadas pela cidade.
Em uma delas, a Basílica de São Francisco, há um fato curioso; ela teve sua fachada definitiva - estilo barroco bávaro - definida na reforma ocorrida em 1907-1911; na ocasião, foi colocado um conjunto escultórico no alto da fachada representando São Francisco, o poeta Dante Alighieri, o pintor Giotto e, ajoelhado, Cristóvão Colombo; a obra foi realizada pelo artista alemão Antonio Voegele. Em 2007, resolveu-se fazer uma manutenção nas esculturas, momento em que se descobriu, no interior da cabeça de Dante, uma "cápsula do tempo", uma caixinha de chá deixada pelo escultor contendo uma folha do jornal "La Prensa", de agosto de 1908, uma folha do jornal de Innsbruck, cidade natal do artista, quatro moedas de cobre argentinas cunhadas entre 1880 e 1890 e uma carta do escultor com o título “Yo saludo a quien encuentre estos escritos”.

Basílica y Convento de San Francisco de Asís (1754), Calle Adolfo Alsina, 380, Buenos Aires. A faixa diz da 'cápsula do tempo" encontrada na cabeça da escultura de Dante Alighieri, em 2007. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Outro templo católico de grande valor histórico e turístico na capital argentina é a Basílica Nuestra Señora del Pilar, 1732, barroca, dos Recoletos da Ordem Reformada de São Francisco, que fica no região da Recoleta; o nome Pilar se deve ao benemérito que financiou a construção da igreja, Juan Narbona, de origem aragonesa, e a santa é a padroeira de Zaragoza, capital do antigo Reino de Aragão; lá, além de altares barrocos de grande valor artístico, têm-se, no museu sacro, imagens de santos e paramentos litúrgicos anteriores à reforma trazida pelo Concílio Vaticano II, ocorrido entre 1962-65.

Basílica Nuestra Señora del Pilar, Recoleta. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Retablo da Virgen del Carmen, supostamente realizado por Pedro Carmona, cerca de1770, Basílica del Pilar, Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Padre Eterno, talha policromada, Peru, Séc. XVIII, Museo de los Claustros, Basílica del Pilar, Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Vestiduras litúrgicas de los frailes Recoletos de la orden franciscana, Museo de los Claustros, Basílica del Pilar, Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Nave e altar-mor, retábulo com ornamentação inca do Alto Peru, trabalhado em prata, imagens da Virgen del Pilar, São Domingos e São Francisco; Basílica del Pilar, Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Ao lado da Basílica da Recoleta, os religiosos franciscanos utilizavam um terreno como horta da congregação. Em 1821, o Governador Martín Rodríguez e seu ministro de Governo Bernardino Rivadavia expulsaram os recoletos e expropriaram seus bens. Esse terreno, então, foi utilizado para a instalação do Cementerio de la Recoleta, o primeiro campo santo público da cidade (1822). Lá, famílias importantes enterraram seus integrantes ilustres e, para isso, construíram verdadeiros panteões, projetados por importantes arquitetos. Estão inumados personagens famosas da história argentina: Juan Manuel de Rosas, General Bartolomé Mitre, Presidente Sarmiento, General Roca, Sáenz Peña, Presidente Raúl Alfonsín, Evita Perón e Luis Carniglia, jogador de futebol e técnico vitorioso do Real Madri na década de 1950.

Túmulo do General Bartolomé Mitre, comandante das forças aliadas de 1864 a 1866 (Brasil, Argentina e Uruguai) na Guerra da Tríplice Aliança (1864-70), tendo como opositor o Paraguai, Cemitério da Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Panteón de Evita Perón, art decó da década de 1930, Cementerio de la Recoleta, Buenos Aires, Arg. Segunda esposa do presidente argentino mais famoso, Juan Domingo Perón, foi atriz e, após casar com Perón, tornou-se política, defendendo os direitos civis e políticos da mulher argentina. Em razão de sua atuação social, ficou conhecida como "Abanderada de los humildes". Cemitério da Recoleta, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
No entorno da Plaza de Mayo e da avenida 9 de Julio há muitas atrações turísticas e com valor histórico e cultural: a própria praça, a Casa Rosada, sede do governo da República Argentina, a Catedral Metropolitana, a sede do Banco de la Nación Argentina, o Palácio Municipal, o Café Tortoni, o Obelisco e o Teatro Colón.
Os portenhos gostam muito de fazer protestos, normalmente ocupando o centro da capital, prejudicando a circulação dos veículos; um dos locais preferidos deles para concentração das marchas de protesto é a Plaza de Mayo. Infelizmente, tivemos que enfrentar essa situação quando de nossa estadia em Buenos Aires.

Casa Rosada, Palácio Presidencial (1890), calle Balcarce, 50, Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Sede do Banco de la Nación Argentina, calle Bartolomé Mitre, 326, remodelado 1940 a 1955, arquiteto Alejandro Bustillo. Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Pirámide de Mayo, monumento erguido em 1811, em comemoração à Revolución de Mayo (1810) (Independência); atrás, o prédio do Cabildo de Buenos Aires e o Palácio Municipal. Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Da esquerda para a direita, Palácio Municipal, Edifício Banco Argentino Uruguayo (1928) e Catedral Metropolitana, Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Mausoleo del Libertador, restos mortais do General San Martín, o grande herói argentino, aqui desde 1880, obra do escultor francês Carrier Belleuse (1880); esculturas femininas no seu entorno representam os 3 (três) países sul-americanos que ele libertou da Espanha: Argentina, Chile e Peru, interior da Catedral Metropolitana de Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Altar de San Martín de Tours, padroeiro de Buenos Aires; logo abaixo, Sagrada Familia, e na parte inferior, a imagem do Mártir San Germiniano, no caixão de vidro, interior da Catedral Metropolitana, Plaza de Mayo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Café Tortoni (1858), conhecida casa de tango da capital argentina, avenida de Mayo, 825, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Interior do Café Tortoni, na companhia do gerente. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Obelisco (1936, homenagem aos 400 anos da 1ª fundação da cidade), Av. 9 de Julio, visto da calle Carlos Pellegrini, 300, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Teatro Colón (1908), visto da intersecção da av. 9 de julio c. Viamonte, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Outra região muito visitada na capital argentina é o bairro de San Telmo, chamado assim em homenagem a São Pedro González Telmo; inicialmente um subúrbio fora do núcleo central da capital, foi crescendo sua ocupação no final do séc. XVIII, e, em meados do séc. XIX, era região de moradia de famílias ilustres de Buenos Aires. Porém, em 1871, em razão da epidemia de febre amarela, estas se mudaram para o norte da cidade - Recoleta -, alugando suas antigas casas aos imigrantes europeus, que as ocupavam coletivamente. Hoje, em algumas calles do bairro, há antiquários, e, na praça Dorrego, uma feira de antiguidades, que ocorre todos os domingos.

El Patio de los Ezeiza, Casa de los Ezeiza, estilo italianizante e "chorizo" 1876, calle Defensa 1179, San Telmo; essas casas são chamadas de "chorizo" porque elas são compridas, com pátios laterais e compartimentos em sequência, como uma "corda de linguiças". San Telmo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Plaza Dorrego, Feira de Antiguidades, na altura da calle Defensa, 1112, San Telmo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Local também obrigatório para os turistas é o bairro La Boca. O nome se refere à desembocadura do río Riachuelo no estuário Río de la Plata. As primeiras famílias começaram a se instalar no local em meados do séc. XIX. No final desse século, chegaram os imigrantes italianos, a maioria genoveses. Eles passaram a morar em "conventillos", habitações coletivas, com paredes de chapas metálicas, nas quais o refeitório e o banheiro eram comuns. Pintavam essas casas com as sobras das tintas utilizadas pelos marinheiros; como a quantidade de tinta de uma determinada cor não era suficiente, eles passavam a utilizar as sobras de outras cores; por isso as casas são muito coloridas.
La Boca, principalmente a região de Caminito, é um dos lugares em que se aprecia o tango; não se tem certeza da origem dessa expressão artística, mas muitos dizem que primeiro se tratava de uma dança de raízes africanas, com movimentos sensuais, que se transformou também em um estilo musical, que no início do séc. XX foi adotado pelos imigrantes italianos, com parelha masculina, por isso os rostos separados e olhando para o lado.
Há como atração também o estádio do clube de futebol de renome internacional "Boca Júniors" (1905), famoso pelos seus torcedores fanáticos e seu estádio com arquibancadas muito íngremes, "La Bombonera" (1940), chamado assim por ter uma forma de caixa de bombons.

Caminito, com suas casas com chapas metálicas e multicoloridas; chama-se "caminito" porque é um trecho tortuoso onde passava a estrada de ferro que ligava a estação General Brow ao Muelle de La Boca. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Monumento al Bombero Voluntario (escultura de Ernesto Scaglia de 1958), Caminito. O bairro "La Boca" é o local onde o italiano Tomas Liberti criou o 1º Corpo de Bombeiros Voluntários do país. La Boca, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

La Bombonera, tradicional estádio do Boca Juniors, La Boca, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Museo de Quique. Quique foi um torcedor fanático do Boca nos anos 60, animador da torcida 'La 12', La Boca, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Agora vamos ao bairro Puerto Madero. Essa região foi criada em 1882 para ser o porto exportador da capital argentina, tendo como encarregado o comerciante Eduardo Madero. Um sistema de diques intercomunicados na extensão norte-sul da cidade. Ocorre que o projeto tornou-se rapidamente obsoleto, exigindo que o governo construísse um novo porto, inaugurado em 1919. Em razão disso, Puerto Madero entrou em decadência por décadas, mas, na de 1990, realizou-se um projeto de revitalização, com a implantação de um polo gastronômico, a ocupação das antigas docas por escritórios e a construção de edifícios comerciais e residenciais, passando a ser uma das regiões mais valorizadas da cidade. Além dos famosos restaurantes especializados em carnes, têm-se também a Puente de la Mujer e o Navio-escola da Marinha Argentina.

Puente de la Mujer (2001), do arquiteto Santiago Calatrava, Dique 3, Puerto Madero, Buenos Aires. Calatrava, arquiteto espanhol, também projetou obras muito importantes por vários países do mundo, como diversas instalações da Cidade das Artes e das Ciências, em Valência, Espanha, a estação multimodal do Word Trade Center, conhecida como "The Oculus", em Nova Iorque, Estados Unidos da América, e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Brasil. Puerto Madero, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Navio-escola Fragata ARA Presidente Sarmiento (1897), formação dos alunos da Escola Naval, Dique III de Puerto Madero, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
No final do século XIX, a Argentina começou a criar gado das raças Angus e Hereford, de origem inglesa, e passou a ser grande exportadora de carne bovina, bem como de grãos, sendo chamada o "Celeiro do Mundo", o que trouxe boas divisas ao país; assim, as grandes cidades argentinas, principalmente Buenos Aires, começaram a mostrar ares europeus, particularmente na arquitetura e nas vestimentas; foi a época dos grandes palacetes, instalados na região de Retiro e da Recoleta, após a ida dos afortunados da região central e de San Telmo para lá, fugindo da epidemia de febre amarela que assolou a cidade na década de 1870.

Embaixada do Brasil (Palacio Pereda - 1924), estilo clássico do II Império (França), calle Arroyo, 1130, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Palacio Álzaga Unzué (1924), estilo eduardiano (Belle Époque), atualmente parte do Four Seasons Hotel, Cerrito 1455, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Livraria "El Ateneo", antigo cine-teatro "Grand Splendid" (1919), Av. Santa Fe 1860, Buenos Aires; grandes personagens do tango se apresentaram aqui, inclusive Carlos Gardel. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Quando se fala de Buenos Aires, não há como escapar do item gastronomia. A fama está nas carnes bovinas nobres, com seus cortes internacionalmente reconhecidos - bife de chorizo, bife de lomo, tapa de quadril, ojo de bife, vacío e asado de tira. Tivemos que comparecer ao famoso Cabaña Las Lilas, em Puerto Madero. Mas nós não ficamos apenas na parrilla. Também fomos em um restaurante temático, o Positano Lírica, onde havia apresentação de cantos líricos e árias operísticas, bem como em um restaurante de gastronomia grega, o Mykonos, com apresentação de dança grega e adivinhação pela borra de café (cafeomancia).

Entrada principal da parrilla "Cabanã las Lilas", Av. Alicia Moreau de Justo 516, Puerto Madero, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Restaurante Positano Lírica, jantar e show com cantores líricos e comediante, Avenida Elcano, 3573, Buenos Aires. O nome do restaurante homenageia a cidade de Positano, localizada na belíssima Costa Amalfitana, na Região de Campânia, Itália. Foram cantadas, dentre outras, as árias "Un bel di vedremo", da ópera Madama Buttefly, de Puccini, "La donna è mobile", Rigoletto, Verdi, "Der Hölle Rache", ária da Rainha da Noite, Flauta Mágica, Mozart, "Sempre Libera", La Traviata, Verdi, "Libiamo ne lieti calici", La Traviata, Verdi, e a canção popular mexicana "Cielito Lindo", de Quirino Mendoza y Cortés (conhecida no Brasil como "Está Chegando a Hora"). Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Mykonos Restaurant Griego, Calle Olleros 1752 (endereço antigo), Palermo; atualmente está localizado na calle Báez 340, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.

Dança grega na qual se quebram pratos, no Mykonos. Uns dizem que a tradição vem dos gregos antigos, que acreditavam que o barulho afastava os espíritos maus; outros, que é uma forma de demonstrar desapego a bens materiais. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Não se deve esquecer, na noitada portenha, o indefectível show de tango. Nós optamos por assisti-lo no Teatro Astor Piazzolla. Isso porque gostamos muito das músicas de tango compostas por Piazzolla (com forte influência do jazz), como "Adiós Nonino", "Oblivion", "Milonga del Angel", "Libertango" e "Violentango". Ainda consideramos Piazzolla como compositor erudito, quando criou obras-primas como "Las Cuatro Estaciones Porteñas", "Concerto for Bandoneón" e "Sinfonía Buenos Aires".

Camarote do Teatro Astor Piazzolla, calle Florida 165 Galería Güemes, Buenos Aires, Argentina; show de tango, belíssimo, Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
2 - COLÔNIA DO SACRAMENTO
Durante nossa estadia em Buenos Aires, resolvemos passar um dia na Colônia de Sacramento, no outro lado do Río de la Plata, em território uruguaio. Para isso, embarcamos no conhecido Buquebus, na avenida Antartida, Dique Norte, Puerto Madero. Um pouco mais de uma hora, chegamos na cidade uruguaia.

Embarque no Buquebus em Buenos Aires para Colonia del Sacramento, Uruguai. As poltronas são muito confortáveis, e a viagem tranquila. Buenos Aires, Capital Federal, Argentina.
Colônia do Sacramento foi fundada, em janeiro de 1680, pelo português Manuel Lobo. Assim, no início, a região ficou de fato ligada à colônia portuguesa do Brasil. Incomodado com a instalação dos portugueses no Río de la Plata, o governador e capitão-geral espanhol, José de Garro, determinou que forças espanholas assaltassem e tomassem o local, o que foi feito em 07 de agosto de 1680. Depois de muitas idas e vindas, com o domínio alternado do local pelos portugueses e espanhóis, a cidade, em 1818, foi incorporada ao Brasil, e, durante o Primeiro Império, fez parte da Província Cisplatina até 1828, quando essa província se tornou independente do Brasil, passando a se chamar Estado Oriental del Uruguay, hoje, República Oriental del Uruguay.
Por conta dessa alternância de domínio, vê-se no centro histórico (casco histórico) casas da época colonial com estilo português (paredes de pedra, com telhados de 2 ou 4 águas) e outras, espanhol (muros de tijolos, com terraços planos no teto); diz-se, também, que algumas ruas têm a forma portuguesa (com o canal das águas no centro) e outras, a forma espanhola (canaletas laterais).

Puerta de la Ciudadela (Português, 1745), Calle Manuel Lobo, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Calle de los Suspiros, rua portuguesa. Conta-se que o nome vem dos sons emitidos pelas prostitutas quando estavam com os clientes. Colonia del Sacramento, Uruguai.

Basílica del Santísimo Sacramento (1680), primeira igreja do país, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Capilla la Virgen de los Treinta y Tres, patrona de Uruguay, Basílica do Santíssimo Sacramento, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Restaurante Il Piú e casa de pedra, Calle Real. Observam-se, no centro da fotografia, a casa de modelo espanhol (tijolo com telhado plano) e a de português (de pedra, com telhado de duas águas). Colonia del Sacramento, Uruguai.

Mapa da Colonia (1762), parede externa Museo del Azulejo, Paseo de San Gabriel, Colonia del Sacramento, Uruguai.
Colonia del Sacramento possui alguns hotéis e pousadas de charme. Uma delas é a Posada Plaza Mayor, um estabelecimento que fica no centro histórico da cidade, que remete ao tempo colonial.

Entrada da Posada Plaza Mayor, casona de 1860 e rancho português do séc. XVIII, Calle del Comercio, 111, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Pátio Interno da Posada Plaza Mayor, Calle del Comercio 111, Colonia del Sacramento, Uruguai.
Além do casco histórico, pode-se passear pela Rambla de las Américas. Para isso, é bem interessante alugar um carrinho elétrico e passear pela avenida até encontrar a Plaza de Toros San Carlos.

Carrinho de golfe alugado para passear na orla de Colonia, Rambla de las Américas, quase Calle Blanes Viale, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Belíssima casa na Rambla de las Américas, esquina com a av. Gonzalez Moreno, Colonia del Sacramento, Uruguai.

Plaza de Toros San Carlos, estilo mudéjar, foi inaugurada em 1910, Colonia del Sacramento. Tratava-se de um empreendimento argentino, em razão da proibição das corridas de touros na Argentina. Assim, os argentinos apaixonados pelas corridas taurinas atravessavam o Rio da Prata e iam assisti-las na cidade de Colônia. Ocorre que isso durou pouco; em 1912, as corridas também foram proibidas no Uruguai. Colonia del Sacramento, Uruguai.
Por fim, não se pode visitar Colônia do Sacramento sem provar sua especialidade culinária: o chivito, elaborado com filé, muçarela, presunto, bacon, alface, tomate, ovo frito e maionese, acompanhado de batatas fritas.

Degustando Chivito, Avenida General Flores, 112, atual "La Taberna Rock", Colonia del Sacramento, Uruguai.
Fonte: Wikipédia.
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