Cartagena de Indias - Parte III - Colômbia - 2011
- Roberto Caldas
- 7 de ago. de 2023
- 14 min de leitura

Casa del Marqués de Valdehoyos, edificada na última metade do século XVIII; conforme se observa na sua fachada, o portal é de pedra, com pilastras, o andar térreo possui janelas com balaústres de madeira e o superior apresenta um grande balcão de madeira, ampliando a sala superior ao projetá-la sobre a rua; um dos quartos desta casa abrigou Simón Bolívar, el Libertador, em 1830. Calle de la Factoría, n. 36–57, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Cartagena de Indias - III
Continuamos nosso passeio pelo recinto amuralhado de Cartagena de Indias.

Mapa das Cidades, Fortalezas, Porto, Enseada e Arredores de Cartagena, de autoria do cartógrafo e geógrafo francês Nicolas de Fer, 1705.
https://abcblogs.abc.es/espejo-de-navegantes/wp-content/uploads/sites/99/2014/12/Mapa-de-las-ciudades-fortalezas-puerto-rada-y-alrededores-de-Cartagena.-Nilcolas-de-Fer-Hecho-con-privilegio-del-Rey1700.Colecci%C3%B3n-particular.jpg
Na sequência, nos dirigimos ao conjunto Iglesia y Claustro de San Pedro Claver, localizado na praça de mesmo nome.
Os Jesuítas se estabeleceram em Cartagena de Indias no começo do século XVII, por conta da Real Cédula de Felipe III, rei da Espanha, expedida em 25 de outubro de 1603, na qual se lhes concedeu permissão para fundar uma casa e um colégio na cidade.
Em 1604, sete jesuítas chegaram em Cartagena de Indias e fundaram um colégio, que inicialmente restou instalado em uma casa localizada na futura calle de la Inqusición, próximo à então Plaza Mayor, com setenta alunos e, em 1614, as instalações já eram inadequadas; por conta disso, em 1616, com a venda do imóvel antigo, adquiriu-se um terreno próximo ao mar e à muralha que, na época, estava sendo levantada; a partir daí, passaram a edificar o novo colégio e convento, bem como uma primeira igreja, que começaram a funcionar precariamente no final de 1618.
A estrutura geral do convento se manteve até 1695, quando se iniciou a construção da atual igreja, inicialmente chamada de Santo Inácio de Loiola, concluída por volta, aproximadamente, da década de 1730.
Em 1767, os Jesuítas foram expulsos, por ordem de Carlos III, rei da Espanha, da dinastia Bourbon, do Virreinato de Nueva Granada, passando, então, o edifício para as mãos dos Hermanos de San Juan de Dios, que o empregaram como hospital.
Em 1861, por decisão do presidente da República Tomás Cipriano de Mosquera, o antigo colégio foi desamortizado, sendo ocupado como quartel, e a igreja foi utilizada como cavalariça e depósito de víveres.
Em 1885, o presidente da República Rafael Núñez devolveu a igreja e parte do edifício do convento (claustro) ao bispo Eugenio Biffi, que determinou a realização de obras de reparação dos dois prédios, para, em 1897, doá-los perpetuamente à Companhia de Jesus (Jesuítas); a parte do convento, que hoje abriga o Museo Naval, permaneceu funcionando como quartel.
Com o retorno dos Jesuítas, o conjunto Igreja-Claustro passou a chamar-se San Pedro Claver, padre da ordem que trabalhou na cidade, no século XVII, defendendo os escravos, cujos restos mortais encontram-se sob o altar.
Por volta da década de 1980, iniciaram-se as obras na parte do antigo edifício religioso onde funcionava o quartel para a instalação do Museo Naval del Caribe.
Sua fachada em pedra, com duas torres grossas nos extremos, é imponente por suas enormes proporções, mas seu frontão sofreu modificações, particularmente na década de 1920, quando recebeu um relógio e molduras, tal como se mantém até hoje, bem como a sua típica cúpula em forma de meia laranja foi eliminada e substituída pela atual, com lanterna, estilo neorrenascentista, obra do arquiteto francês Gastón Lelarge, o mesmo que alterara a da catedral.
No seu interior, o altar-mor é de mármore importado da Itália, intervenção do então bispo Eugenio Biffi, e, na sua parte interior, repousam as relíquias de San Pedro Claver, numa urna de bronze dourado e cristal, presente do papa Leão XIII, que o canonizou.

Iglesia y Claustro de San Pedro Claver (Igreja dos Jesuítas), erguida entre o final do século XVII e primeiro terço do século XVIII, com mistura de estilos, com fachada em pedra predominantemente barroca, mas os capitéis (arremates piramidais) das torres recordando as igrejas renascentistas francesas e alemãs. Plaza de San Pedro Claver, calle 31 com carrera 4, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Em frente ao Claustro de San Pedro Claver, há uma estátua do patrono do santuário acolhendo um escravo negro; a escultura foi realizada pelo arquiteto Enrique Grau, em 1998, encomendada por muitas pessoas que queriam render homenagem ao jesuíta espanhol pelo seu belo trabalho desempenhado no acolhimento aos escravos trazidos da África para Cartagena de Indias.
A missão dos Jesuítas com os escravos negros, sua evangelização, a defesa de seus direitos, as denúncias dos maus-tratos que cometeram contra eles, foi a tarefa mais meritória desses religiosos na sua passagem por Cartagena de Indias; a figura mais notável desse mister foi Pedro Claver.
Nascido em 25 de junho de 1581, em Verdú, Catalunha, na Espanha, Pedro Claver ingressou na Companhia de Jesus e estudou em Palma de Mallorca, em Barcelona, e, a partir de 1610, em Cartagena de Indias, até sua ordenação em 1616; nesta cidade, dedicou toda sua energia a limpar, vestir, alimentar e curar a multidão de escravos negros torturados e comercializados por seus amos, aqueles sobreviventes à ignominiosa travessia marítima.
Pedro Claver, nos documentos, assinava "Petrus Claver, aethiopum semper servus", ou seja, "Pedro Claver, escravo dos negros para sempre" (naquela época, todos os negros eram chamados "etíopes").
Em 1650, o religioso foi atingido por uma peste, sobreviveu, mas, por conta disso, nunca mais pode trabalhar; nos últimos quatro anos de sua vida, passou imobilizado na enfermaria do convento, morrendo em 8 de setembro de 1654, em Cartagena de Indias.
Em 16 de julho de 1850, Pedro foi beatificado por Pio IX e, em 15 de janeiro de 1888, canonizado por Leão XIII; em 7 de julho de 1896, foi proclamado Padroeiro de “Todas as Missões Católicas entre os Negros”; na ocasião, o papa Leão XIII disse: "Depois da vida de Cristo, nenhuma outra vida me comoveu tão profundamente como a do grande apóstolo São Pedro Claver".
Como já dito antes, seus restos mortais jazem sob o altar-mor da Igreja que leva seu nome, em Cartagena de Indias.

Escultura representando São Pedro Claver, "O Escravo dos Escravos", e um escravo negro, obra do escultor colombiano Enrique Grau, inaugurada em 2001. Plaza de San Pedro Claver, calle 31 com carrera 4, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Ao lado do conjunto religioso encontra-se o Museo Naval del Caribe.
Algumas instalações ocupadas pelo museu fizeram parte do Colégio dos Jesuítas em Cartagena de Indias, em funcionamento no local desde 1618, as quais, a partir de 1861, foram utilizadas como quartel; após sua restauração, estas, que integram a ala "Colonial", passaram a servir ao Museo Naval del Caribe, inaugurado em 8 de julho de 1986 e administrado pela Armada de Colombia.
Há outra ala, denominada “Republicana”, que ocupa um prédio, erguido no início do século XX, para então abrigar o Primeiro Batalhão de Fuzileiros Navais da Colômbia.
O museu oferece exposições referentes à História Militar Naval colombiana, bem como mostras navais da Armada, inclusive construção naval, barcos, submarinos e cartografia; também têm-se representações da Era Colonial e dos primeiros períodos Republicanos, com cenas da conquista, batalhas navais, fortes, muralhas e embarcações.
As figurações da Era Colonial mais interessantes, a nosso ver, são as que fazem referência às ações das tropas espanholas, francesas e inglesas e dos piratas e corsários que atuavam no Caribe; por exemplo, os assédios feitos às possessões espanholas pelos ingleses Francis Drake (1586) e Edward Vernon (1741) e pelo francês Jean-Bernard Louis de Saint-Jean, Barão de Pointis (1697).
Francis Drake, após receber sua patente de corsário da Isabel I, rainha da Inglaterra, da dinastia Tudor, partiu, entre 1585 e 1586, para literalmente aterrorizar as possessões espanholas no Atlântico e no Caribe, passando pelas Ilhas Canárias, La Española (Santo Domingo), Tierra Firme (Cartagena de Indias), Cuba (Santiago de Cuba e La Habana) e Flórida (Fuertes de San Juan de los Pinos e de San Agustín).
Saliente-se que Francis Drake teve um papel muito importante na guerra das Armadas entre a Inglaterra e a Espanha, ocorrida em 1588, na qual a denominada "Invencível Armada" espanhola, organizada por determinação de Felipe II, rei da Espanha, da dinastia Habsburgo, foi praticamente destruída por uma tempestade e, posteriormente, pela ação do poder naval inglês.
O escritor cubano Gustavo Placer, de forma resumida, faz o relato da ação aterrorizante dos bandos ingleses liderados por Francis Drake durante sua incursão nas possessões espanholas no Atlântico e Caribe, inclusive Cartagena de Indias:
"(...) Inclusive foi seu primo, Francis Drake, quem primeiro recebeu da rainha Isabel [Isabel I, da Inglaterra] uma Patente de Corso, com o propósito de se enriquecer pelas costas das colônias hispânicas da América." - págs. 15/16.
"(...) Francis Drake, a quem se chamou também "O Terror dos Mares." - pág. 92.
"(...).
"Em 15 de setembro de 1585, Drake saiu do porto de Plymouth com a maior das esquadras que até essa data havia mandado: vinte e cinco barcos, e se dirigiu às ilhas Canárias, as quais desistiu de atacar pela mobilização de seus defensores (...). Cruzou depois o Atlântico e chegou nos primeiros dias de fevereiro de 1586 a um ponto da costa de La Española próximo de Santo Domingo. Aqui desembarcou um destacamento de uns seiscentos homens que tomou facilmente a cidade e a reteve durante um mês, a incendiou de maneira parcial e, após obter um resgate de vinte e cinco mil pesos, pôs proa a Cartagena de Indias, a qual atacou e logrou tomar, com o propósito de convertê-la num baluarte inglês. Ante o estado de saúde da tropa, muito dizimada pelas doenças, um conselho de capitães, convocado a efeito, decidiu desistir desse empenho, exigir um resgate e empreender o retorno. - 95/97 - grifo nosso.
"(...).
"(...) se apresentaram ante La Habana os primeiros barcos da frota de Drake, integrada no total por trinta naves de diversas tonelagens. Os barcos ingleses se mantiveram parados em frente à entrada da baía e se limitaram, numa ocasião, a uma breve troca de tiros com as baterias instaladas em El Morro e La Punta. Isso poderia considerar-se como um teste de forças. No dia 4 de junho, a frota inglesa tomou rumo a leste e se dirigiu a Matanzas, baía desabitada (...).
"À sua passagem pelas costas da Flórida, Drake tomou sem resistência o forte de San Juan de los Pinos, abandonado por seus defensores, apesar de possuir quatorze peças de artilharia, e o mesmo fizeram os de San Agustín, que o corsário inglês reduziu a cinzas.
"A retirada do famoso corsário e sua poderosa esquadra não desmobilizou os habaneros (...).
"(...)
"(...) Até esse momento, a Espanha havia confiado principalmente em sua força naval, mas o inglês lhe demonstrou que era insuficiente para proteger suas possessões. Por isso, 'era preciso fortificar as colônias de maneira que pudessem proteger-se por si mesmas'" - (págs. 105/109. tradução livre do espanhol) - "Inglaterra y La Habana: 1762", de Gustavo Placer Cervera, 2007, Edição para e-book: Ailin Parra Llorens, Instituto Cubano del Libro, Editorial de Ciencias Sociais, 2015, La Habana, Cuba.

O ataque de Francis Drake a Cartagena de Indias em 1586, gravado colorido a mão por Baptista Boazio, 1589; verifica-se claramente na gravura a cidade sem muralhas; não há outra defesa que uma trincheira que alguns defensores tentaram, infrutiferamente, deter o ataque das tropas inglesas desembarcadas nas proximidades; ao fundo (acima), observa-se o Fuerte de El Boquerón e a corrente com a qual se pretendia impedir a passagem das embarcações inimigas à Bahía de la Ánimas. Baptista Boazio (fl. 1588-1606), Cartagena [Colombia], Hand-colored engraving, 1589. Jay I. Kislak Collection Rare Book and Special Collections Division, Library of Congress (25.4) //www.loc.gov/exhibits/kislak/images/kc0025.4s.jpg

Frente lateral do Museo Naval del Caribe. Calle 31 (calle de San Juan de Dios), n. 3-26, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.

Figurações, no alto, de piratas e corsários atacando galeões espanhóis, e, ao fundo, dentro da proa de um embarcação, do corsário Sir Francis Drake, que tomou Cartagena de Indias em 1586, em nome de Isabel I, da Inglaterra. Museo Naval del Caribe, calle 31 (calle de San Juan de Dios), n. 3-26, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.

Figurações representando a luta dos marinheiros espanhóis contra os ingleses. Museo Naval del Caribe, calle 31 (calle de San Juan de Dios), n. 3-26, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.

Maquete de navio a vela na saída do Museo Naval del Caribe. Calle 31 (calle de San Juan de Dios), n. 3-26, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Próximo ao Museo Naval del Caribe, encontramos o antigo Convento de Santa Teresa.
No início do século XVII, por volta 1609, uma rica dama da cidade, Doña Maria de Barros y Montalvo, determinou a construção de um convento, inicialmente dedicado a São José, com o propósito de passar seus últimos anos de vida na companhia das monjas Carmelitas Descalças; em meados do mesmo século, já com Santa Teresa D'Ávila como patrona, foram concluídos o convento de dois andares, abrigando cerca de 50 freiras, e a igreja de uma só nave.
Ocorre que, em abril de 1697, corsários franceses, comandados pelo Barão de Pointis, ingressaram, à força, na baía, através do canal de Bocachica, e assediaram Cartagena de Indias para logo invadi-la, promovendo um dos mais devastadores saques da história da cidade; o Convento de Santa Teresa, rico pela acumulação de quase um século de dotes e doações recebidas, foi pilhado pelos assaltantes; levaram dinheiro, joias, ornamentos, objetos de culto, tecidos, brocados e até sinos; as monjas que não conseguiram escapar foram perseguidas pelos soldados.
Após a independência e a instalação da república, o Convento de Santa Teresa foi abolido e expropriado, durante a desamortização das propriedades da Igreja Católica iniciada em 1861; as freiras se foram definitivamente anos mais tarde, e a comunidade teresiana se acabou em Cartagena de Indias, depois de cerca de 250 anos de presença.
As instalações do convento foram aproveitadas para diversas finalidades: hospital de caridade e asilo de mulheres indigentes; cárcere provincial; quartel; fábrica de pastas e colégio de meninas; em seguida, por muito tempo, foram utilizadas pela polícia; durante essas ocupações, o prédio foi bastante modificado, perdendo suas características originais.
Em 1988, o edifício foi comprado pelo Banco de la República, que, por sua vez, o vendeu, no início dos anos 1990 ao grupo Hoteles Pedro Gómez y Cia, que promoveu uma remodelação do edifício, entre 1995 e 1997, procurando recuperar alguns aspectos originais, mas sem o sentido de restauração, passando a funcionar como um hotel de luxo denominado Hotel Charleston Santa Teresa Cartagena.

Pátio em frente ao Hotel Charleston Santa Teresa Cartagena, antigo Convento de Santa Teresa, do século XVII. Carrera 3, n. 31-23, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Em seguida, nos dirigimos à Casa del Marqués de Valdehoyos, uma das casas senhoriais de Cartagena de Indias mais representativas da época colonial, situada na calle de la Factoría, norte do centro histórico, local onde moravam a classe dirigente e os ricos comerciantes da cidade.
A casa foi construída por volta de 1765 pelo marquês que lhe deu o nome, dotando-a não somente das condições para cumprir as funções de habitação como também para servir de casa de comércio, posto que Fernando Hoyos y García de Hoyos, o Marqués de Valdehoyos, gozava do privilégio de importar farinha e escravos, que comerciava logo em Cartagena de Indias, tendo seus herdeiros obtido altos lucros com isso.
Em 1825, após a guerra de independência, a casa foi adjudicada ao general Mariano Montilla pela Comisión Principal de Repartimiento de Bienes Nacionales como pagamento de seus soldos como militar na referida guerra.
Montilla, que, na época, era o comandante da praça de Cartagena de Indias, teve o privilégio de hospedar na casa Simón Bolívar, el Libertador, quando este chegou doente e decepcionado à cidade, em maio de 1830, a poucos dias de seu óbito em Santa Marta.
O episódio é relatado por Gabriel García Marquéz no seu livro "O General em seu Labirinto":
"(...) À vista das muralhas o general fez um sinal a José María Carreño, que se aproximou e ofereceu o seu robusto coto de falcoeiro para que se apoiasse (...).
"Uma numerosa comitiva encabeçada por Montilla os esperava na estrada real, e o general se viu obrigado a terminar a viagem na antiga carruagem do governador espanhol (...)
"(...).
"Montilla reuniu nessa noite a fina flor da cidade em sua casa da rua de La Factoría, onde malviveu o marquês de Valdehoyos e prosperou sua marquesa com o contrabando de farinha e o tráfico de negros. Haviam-se acendido as luzes de Páscoa Florida nas principais casas, mas o general não tinha ilusões, pois sabia que no Caribe qualquer ocasião, de qualquer tipo, até uma morte ilustre, podia ser pretexto para uma farra pública. Era uma festa falsa, com efeito (...) - grifo nosso.
"(...).
"Montilla não se deu por vencido. Despediu cedo os convidados, para que o doente pudesse descansar, mas o reteve ainda por longo tempo no balcão interno (...)". (págs. 172/175) - "O General em seu Labirinto", de Gabriel García Márquez, tradução Moacir Werneck de Castro; Editora Record, Rio de Janeiro, 1989.
No ano de 2000, o Ministerio de Relaciones Exteriores do país assumiu a propriedade do imóvel e instalou a sede alternativa da Cancillería na casa.
A fachada tem balaústres de madeira nas janelas do andar térreo, e um grande balcão de madeira, no andar superior, projeta a sala sobre a rua; o portal é de pedra com pilastras.
Seu pátio interior é cercado por arcos de meio ponto, lembrando os claustros da cidade, e em um dos seus lados encontram-se varandas enquanto o oposto é fechado por um muro baixo, permitindo a circulação da brisa do mar.

Casa del Marqués de Valdehoyos, edificada na última metade do século XVIII; conforme se observa na sua fachada, o portal é de pedra, com pilastras, o andar térreo possui janelas com balaústres de madeira e o superior apresenta um grande balcão de madeira, ampliando a sala superior ao projetá-la sobre a rua; um dos quartos desta casa abrigou Simón Bolívar, el Libertador, em 1830. Calle de la Factoría, n. 36–57, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Na sequência, visitamos o Teatro Adolfo Mejía, conhecido também como Teatro Heredia.
Sua edificação se deu na área da antiga Capilla de la Merced, consagrada em 1625, mas abandonada durante as guerras da independência.
O projeto do edifício, inicialmente batizado de Teatro Municipal, foi elaborado por Luis Felipe Jaspe, que, apesar de não ter formação em arquitetura, foi o responsável por algumas das obras mais significativas da cidade, como a Torre del Reloj de la Puerta de la Boca del Puente, como foi mostrado em nosso post Cartagena de Indias - Parte I.
O referido projeto aproveitou a estrutura de três naves da Capilla de la Merced, transformando-a, interiormente, num esquema de ferradura, com plateia, camarotes separados por treliças em cedro, palcos e cenários; seu estilo é conhecido como republicano (eclético), com influências neoclássicas, ao modelo italiano; sua fachada apresenta uma sequência de colunas dóricas, algumas delas ornamentadas com atlantes (figuras representando o titã Atlas, da mitologia grega) suportando com seus antebraços os capitéis; já seu interior emula as óperas europeias do século XVIII e XIX.
O Teatro Municipal foi inaugurado em 13 de novembro de 1911, sendo uma das obras comemorativas do primeiro centenário da independência de Cartagena de Indias; em 1933, trocou-se o nome do edifício para Teatro Heredia, em homenagem ao fundador da cidade, Pedro de Heredia, durante as comemorações do quarto centenário da fundação da cidade.
Após um grande período de abandono, o teatro foi amplamente restaurado, com supervisão do arquiteto cartagenero Alberto Samudio Trallero, entre 1988 e 1998, sendo reinaugurado neste último ano, tendo passado a se chamar Teatro Adolfo Mejía, em homenagem a um dos maiores compositores caribenhos, Adolfo Mejía Navarro.

Fachada do Teatro Adolfo Mejía, também conhecido pelo seu antigo nome Teatro Heredia, observa-se que a fachada é composta de três corpos; no inferior, veem-se portas ladeadas por colunas retas dóricas; no central, janelas ladeadas por colunas dóricas, com capiteis suportados por atlantes, arrematadas na parte inferior por balaústres; no corpo superior, na parte central, frontão circular, tendo, embaixo, inscritos o ano de inauguração e o nome do edifício; nas partes laterais, frontões circulares sobre vãos ladeados por colunas retas dóricas, com balaustradas. Plaza de la Merced n. 38-10, Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Sobre o cerro de la Popa pode ser observado o conjunto Santuario Mariano Nuestra Señora de la Candelaria y Convento de Santa Cruz de la Popa (no mapa de Nicolas de Fer, de 1705, encontra-se assinalado como N. D. de la Poupe, ou seja, Nossa Senhora da Popa, logo acima de Maisons), complexo também conhecido como Convento de la Popa, fundado pela Orden de Agustinos Recoletos – OAR.
Considera-se a data da fundação o ano de 1606, quando se inicia a edificação da capela e, em seguida, do convento para acolher os Agustinos Recoletos; chamado de Santa Cruz, depois recebeu também o nome de La Popa, em razão do seu formato de galera, cuja popa era a extremidade onde está atualmente a igreja.
O lugar tornou-se referência de fé para os cartageneros, mas enfrentou problemas, particularmente durantes as invasões pelos ingleses, que tinham interesse no morro como posição estratégica, tanto que, próximo ao convento, foi instalada uma bateria de defesa, cujas ruínas ainda podem ser vistas.
No curso das guerras de independência, o Convento de la Popa serviu de local de heroicos episódios, como o protagonizado na noite de 11 de novembro de 1815, quando se repeliu um assalto surpresa desencadeado pelas tropas do general Pablo Morillo, comandante da força expedicionária espanhola.
Em razão da desamortização dos prédios religiosos na Colômbia, a partir dos decretos firmados pelos presidente colombiano Tomás Cipriano de Mosquera, em 1861, o Convento de la Popa foi desocupado e depois expropriado pelo governo.
Na década de 1960, o convento, após acordo entre a Orden dos Agustinos Recoletos e a Assemblea Departamental de Bolívar, retornou à administração dos religiosos, que oficiam na igreja e transformaram o convento/claustro num museu; desde então até o presente, a comunidade dos agustinos recoletos recuperou o culto à Virgem da Candelária, cuja imagem foi canonicamente coroada pelo papa São João Paulo II, em 1986, quando de sua visita apostólica à Colômbia.
De 24 de janeiro a 2 de fevereiro de cada ano ocorrem as festividades de Nossa Senhora da Candelária, padroeira de Cartagena de Indias; na madrugada de 2 de fevereiro, muitos fiéis católicos fazem uma peregrinação a pé ao topo do cerro de la Popa.

Convento de la Popa, erguido no início do século XVII, visto no alto do cerro do mesmo nome. Cartagena de Indias, capital do Departamento de Bolívar, Colômbia.
Seguimos no próximo post visitando o Castillo de San Felipe de Barajas.
Fontes:
Wikipédia;
Comentarios