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Hameln e Hanôver (Baixa Saxônia) - Alemanha 2010

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 26 de fev. de 2023
  • 10 min de leitura

Gaststatte Rattenfängerhaus (Restaurante da Casa do Caçador de Ratos), placa aposta na fachada principal do prédio, representando o Flautista de Hamelin. Osterstrasse, 28, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


1 - Hameln


Após uma grande experiência visual proporcionada por Colônia, partimos para conhecer uma das cidades que fazem parte da "Trilha Renascentista de Weser" e também da "Rota Alemã dos Contos de Fadas".


Além da Itália, é muito difícil se encontrar uma coleção de magníficos prédios renascentistas como na Weserbergland (Terras Altas de Weser).


O período de paz entre 1520 e a Guerra dos Trinta Anos transformou Hameln (Hamelin) em um celeiro, proporcionando um boom econômico resultante do comércio de grãos, particularmente com Flandres (região atualmente localizada em partes da Bélgica, França e Países Baixos); de lá, os mercadores trouxeram a influência renascentista para sua terra.


Vários edifícios em enxaimel são decorados com rosetas em leque, caricaturas, figuras e inscrições, como as famosas Stiftsherrenhaus e Bürgerhaus. Também prédios originalmente medievais foram transformados com fachadas revestidas de pedras, como o Rattenkrug, bem como houve o emprego de meias-colunas jônicas e dóricas, como a Leisthaus. Faixas inteiras, com pedras salientes ou acessórios ornamentais, atravessam as fachadas.


O bom estado de conservação dos prédios renascentistas se deve, por um lado, à manutenção frequente, mas, principalmente, ao alto teor de quartzo do arenito empregado na construção, o Obernkirchen.


A cidade é também famosa pela lenda do Rattenfänger von Hameln (Caçador de Ratos de Hamelin), mais conhecida no Brasil como Flautista de Hamelin.


O triste episódio teria ocorrido em 1284: em razão de uma infestação de ratos, a cidade teria contratado um flautista, que se apresentava como encantador de roedores, para exterminar a praga; o caçador de ratos, então, começou a tocar no seu instrumento uma sedutora melodia que hipnotizou os animais, que o passaram a seguir; o flautista entrou no rio, acompanhado dos ratos, e estes morreram afogados; porém, o conselho da cidade, por avareza, recusou pagar a recompensa do músico e o expulsou da cidade; o flautista retornou e, tocando sua adorável música, atraiu as crianças do local para vales e colinas, até desaparecerem em uma montanha próxima e nunca mais voltarem; duas crianças ficaram para trás, mas não puderam explicar completamente a tragédia, pois uma era cega e a outra, muda.


Os famosos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, folcloristas alemães que compilaram contos de fadas e lendas alemãs, como "Rapunzel", "João e Maria", "Cinderela", "Chapeuzinho Vermelho" e "Bela Adormecida", popularizaram a lenda criando sua versão do Der Rattenfänger von Hameln "O Flaustista de Hamelin", em 1816.


Em razão dessa fama, na cidade encontram-se um percurso sinalizado do flautista e esculturas em sua homenagem, bem como há apresentação de teatro de rua representando a lenda.




O Flautista de Hamelin; cópia de uma pintura de vidro na igreja do mercado em Hamelin (crônica de viagem de Augustin von Moersperg 1592, aquarela): no lado direito da representação, embaixo, veem-se os ratos se afogando no rio Weser, após terem sido atraídos pela melodia hipnotizante do flautista, que, nesse momento, se encontra num barco; no mesmo lado, em cima, as crianças seguindo o flautista em direção à montanha, encantadas pela melodia mágica - Von Creator:Augustin von Moersperg - This image scanned from 『ハーメルンの笛吹き男』 ISBN 4-480-02272-4, that was published by Abe Kinya in 1988., Gemeinfrei, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=68665


Um dos edifícios mais conhecidos do Renascimento Weser é a Rattenfängerhaus (Casa do Caçador de Ratos ou do Flautista de Hamelin), construída entre 1602/1603 pelos mestres construtores Johann Hundertossen e Eberhard Wilkening para o conselheiro de Hamelin, Hermann Arendes. Desde de 1900 é conhecida como Rattenfängerhaus em razão de uma inscrição existente um sua fachada lateral que faz referência à lenda.


O referido imóvel apresenta todos os elementos principais do estilo renascentista Weser; o destaque é a janela saliente de dois andares, conhecida como Utlucht (componente que se projeta da fachada do edifício, iniciado no térreo, como o fim de expandir o interior e proporcionar uma melhor iluminação).


A casa pertence à cidade de Hamelin desde 1917; hoje funciona no local um dos restaurantes da rede India Haus (Casa da Índia), especializada em culinária indiana, particularmente pratos ayurvédicos, veganos e vegetarianos.




Rattenfängerhaus (Casa do Caçador de Ratos - Flautista), prédio de estilo renascentista Weser, do início do século XVII: à esquerda, a janela saliente de dois andares, partindo do térreo, conhecida como Utlucht (em alemão atual, Auslucht). Osterstrasse, 28, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.



Belo exemplo de um edifício Fachwerkhaus (casa em enxaimel), 1577, com seus garbosos elementos decorativos. Ainda na rua Osterstrasse, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


A Stiftsherrenhaus é uma das casas mais famosas do centro histórico de Hameln e outra representante do Renascimento Weser. Também localizada na Osterstrasse, foi construída em 1558 pelo comerciante e prefeito Friedrich Poppendiek. Sua fachada principal apresenta uma rica decoração ornamental e figurativa em três zonas; na cidade, é a única casa de enxaimel renascentista com representações figurativas.


Na companhia da sua vizinha Leisthaus, é sede do Museum Hameln (Museu Hamelin), que ocupa os andares superiores. O café do museu encontra-se no térreo.





Stiftsherrenhaus (Casa do Mosteiro), estilo renascentista Weser, 1558, abriga o Museu Hamelin. Osterstrasse, 8B, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


A Hochzeitshaus (Casa do Casamento) foi construída de 1610 a 1617, como uma casa de festa e celebração para os cidadãos. É o último edifício construído no estilo renascentista Weser em Hameln; com o início da Guerra dos Trinta Anos, a atividade construtiva na região foi suspensa. O edifício de arenito tem 43 metros de comprimento, sendo estruturado horizontalmente.




Hochzeitshaus (Casa do Casamento), 1610-1617, edifício estilo renascentista Weser. construído em arenito; destaque para, no alto, a empena escalonada com sinos. Osterstrasse, 2, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.




Mais um prédio Fachwerkhaus (casa em enxaimel), com belíssimos elementos decorativos na fachada. Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


Ao lado do Hamelner Münster (Mosteiro de Hamelin), hoje Evangelisch-lutherische Hamelner Münster St. Bonifatius (Mosteiro Evangélico-Luterano São Bonifácio de Hamelin) ou Catedral de São Bonifácio, cuja construção iniciou-se por volta de 802, encontra-se Das Ehrenmal für die Toten des Zweiten Weltkriegs am Münster von 1961 (O Memorial aos Mortos da Segunda Guerra Mundial em Münster de 1961).




Memorial aos Mortos da Segunda Guerra Mundial; o monumento criado por Peter Szaif e inaugurado em 1971, é composto da cruz cristã de bronze pairando sobre dois pilares de arenito de Oberkirchen, que se inclinam um para o outro e têm cerca de 7 metros de altura, estes concebidos como símbolo da Alemanha dividida e trazem inscritas as datas das duas Grandes Guerras; entre eles, encontra-se uma placa com a inscrição: "Para seus mortos, a cidade de Hamelin"; ao fundo, a fachada sul do Hamelner Münster. Münsterkirchhof, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.





Casa em enxaimel na Ritterstrasse, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.




Casa em enxaimel com janelas sacadas (Utlucht ) na Baustrasse, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


Por fim, voltamos a Osterstrasse, onde se encontra a estátua do Flautista de Hamelin em uma fonte, presente dos editores Günther e Hans Niemeyer à cidade. A obra foi feita pelo escultor Bruno Jakobus Hoffmann e inaugurada em 23 de junho de 2001.




Rattenfänger Statue Hameln (Estátua do Flautista de Hamelin), na rua Osterstrasse, 15, Hameln, grande cidade independente, Baixa Saxônia, Alemanha.


Seguimos para Hanôver, capital da Baixa Saxônia.


14 - Hanôver


Há indícios de que, por volta de 950, funcionava um mercado no local, às margens do rio Leine, mas, somente em 1150, foi feita menção documental da Vicus Hanovere, ou seja, "cidade do mercado".


Henrique, o Leão (Heinrich der Löwe), Duque da Saxônia, o maior adversário na Alemanha do imperador Frederico, o Barba-ruiva, confiou a região, no século XII, aos Condes de Roden, que ergueram no local o Castelo Lauenrode, abandonado posteriormente e, hoje, sem vestígios.


Em 1241, Hanôver recebeu os privilégios de cidade, e, no século XIV, iniciou-se, para sua proteção, a construção de uma grande muralha, com cerca de 8 metros de altura e 34 torres; ainda no mesmo século, Hanôver ingressou na Liga Hanseática (uma reunião de cidades alemãs ou sob influência alemã que dominavam o comércio no Báltico e no Norte da Europa), experimentando, assim, um boom econômico, com exportação de linho para Londres, comércio de tecidos com Flandres, importação de óleo e cera da Noruega, arenque e manteiga da Suécia, e peles de Novgorod (Rússia); mas, com o declínio da Liga, Hanôver se desligou dela em 1620.


Em 1534, Hanôver aderiu à Reforma Luterana, mas, somente em 1577, ela foi reconhecida oficialmente.




Detalhe de gravura representando o nordeste de Hanôver, protegido por fosso, baluarte e muralha com torres; obra de Matthäus Merian por volta de 1641. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f0/1641_erstmals_ver%C3%B6ffentlichter_Kupferstich_Hannover_vom_Nordosten%2C_Matth%C3%A4us_Merian.jpg


Em 1692, Hanôver, como sede do Ducado de Braunschweig-Lüneburg, sob o governo de Ernesto Augusto (Ernst August), em razão de sua participação efetiva na Guerra da Sucessão do Palatinado, passou a fazer parte do eleitorado do Sacro Império Romano-Germânico, ou seja, tinha voto para eleger o rei da Alemanha e imperador.


Em 1714, Jorge Luís (Georg Ludwig), príncipe-eleitor do Ducado de Braunschweig-Lüneburg, foi escolhido rei da Inglaterra (George I of Great Britain - Jorge I), da Casa de Hanôver, passando Hanôver e sua região a fazer parte da união pessoal com o Reino da Grã-Bretanha; o rei decidiu fixar sua residência em Londres, trazendo, assim, um declínio na importância de Hanôver (este monarca foi citado no nosso post Berlim Parte II, quando nos referimos a Frederico II, o Grande, seu sobrinho).


Em 1837, com a morte de Guilherme IV (William IV, tio da futura rainha Vitória), sem descendente legítimo, a união pessoal de Hanôver com a Grã-Bretanha foi desfeita; Ernesto Augusto I (Ernst August I), no mesmo ano, assumiu o trono do Reino de Hanôver.


Em 1866, o Reino de Hanôver foi anexado ao Reino da Prússia, após ter sido derrotado por este; a cidade de Hanôver passou a ser a capital da província de mesmo nome, no seio do reino prussiano, posteriormente Império Alemão.


Durante a Segunda Guerra Mundial, Hanôver foi duramente atingida, com mais de oitenta ataques aéreos aliados, tendo quase 50 por cento de sua região urbana destruídos.


Logo após o final da guerra, recomeçou o trabalho de reconstrução, e muitos dos prédios históricos foram brilhantemente restaurados.


Começamos a visita da cidade pelo Marschpark: é o primeiro parque municipal de Hanôver, planejado pelo diretor de jardins Julius Trip e inaugurado em 1899; abrange uma área de cerca de 10 hectares, e, durante mais de um século, sofreu poucas mudanças em sua forma original; é um belo exemplo do jardim alemão do final do século XIX.




O Maschpark, parque municipal do final do século XIX. Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.


No parque se encontra a Neues Rathaus (Nova Prefeitura), um magnífico prédio em estilo historicista alemão, com elementos renascentistas, projetado pelo arquiteto alemão Hermann Eggert; já os interiores foram projetados pelo arquiteto alemão Gustav Halmhuber em estilo Art Nouveau; com suas torres, janelas salientes, arcos redondos e colunas, a prefeitura é um dos edifícios mais fotografados da cidade.


Até hoje o prédio, inaugurado em 1913, é o local de trabalho do chefe da administração da cidade, bem como de reunião das comissões políticas e onde são recebidos os convidados oficiais da cidade.


O elevador arqueado que leva à cúpula de 97 metros é singular no mundo; os visitantes são transportados inicialmente na vertical e depois em um ângulo de 17 graus; de lá de cima, tem-se uma vista de quase toda a cidade.




Fachada da Neues Rathaus (Nova Prefeitura), estilo historicista, 1913, a partir da Friedrichswall, com suas torres e arcos. Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.




Lateral da fachada da Neues Rathaus. Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.




Entrada da Neues Rathaus (Nova Prefeitura), estilo historicista, 1913, voltada para Friedrichswall. Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.


Continuando o nosso passeio, nos dirigimos ao centro da cidade.


O primeiro Kröpcke-Uhr (Relógio Kröpcke), tipo coluna do tempo, foi inaugurado em 1885, numa encruzilhada que marcava o ponto central da cidade, mas, embora tenha sido pouco danificado durante a Segunda Grande Guerra, foi desmontado posteriormente; em 1977, foi instalado no mesmo local (hoje, Niki-de-Saint-Phalle-Promenade) uma réplica que perdura até hoje.


O equipamento, além de suporte para o relógio, serve de vitrine publicitária e de apresentação de arte; até o presente é o tradicional ponto de encontro dos habitantes da cidade.




Kröpcke-Uhr (Relógio Kröpcke), réplica de 1977. Niki-de-Saint-Phalle-Promenade 9, Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.


Em seguida, visitamos a Marktkirche St. Georgii e St. Jacobi (Igreja do Mercado de São Jorge e São Tiago), conhecida singelamente apenas por Marktkirche (Igreja do Mercado); ainda quando no local existia a antiga igreja românica, iniciou-se a construção da gótica, em homenagem aos santos Jorge e Tiago, com a edificação da capela-mor, por volta de 1320; a igreja anterior foi demolida somente em 1349, com autorização do bispo de Minden, tendo as pedras da demolição sido empregadas nas fundações da igreja gótica, composta de três naves, com paredes basicamente de tijolos vermelhos.


O coro e a nave foram terminados em 1388 e, por volta de 1406, foi concluída a torre, com a instalação dos sinos.


A igreja foi consagrada em 1360.


Após a introdução da Reforma Protestante em Hanôver, no século XVI, a igreja passou a professar o credo luterano.




Marktkirche St. Georgii e St. Jacobi (Igreja do Mercado de São Jorge e São Tiago), estilo gótico báltico, construída provavelmente entre 1320 e 1406, atualmente de confissão luterana; paredes externas de tijolos vermelhos; o portal e os cantos da torre são feitos de pedras de arenito: sobre a coluna à esquerda do belíssimo portal gótico a estátua de São Jorge em combate com o dragão; à direita, a de São Tiago. Cidade Velha, Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.




Porta principal da Marktkirche, feita de bronze por Gerhard Marcks em 1959, representando o homem em discórdia e em unidade com Deus, e doada pela cidade à igreja em 1960, em comemoração ao seu 600ª aniversário. Marktplatz, Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.


Por fim, na mesma praça em que se encontra a igreja, a Marktplatz, fomos apresentados ao prédio da Altes Rathaus (Prefeitura Velha), também representante do gótico de tijolos.


Há indícios de que sua construção começou por volta de 1230; no início do século XV, houve uma expansão do prédio, e, entre 1453 e 1455, ergueram-se as empenas escalonadas, porém, no século XVI, por influência do estilo renascentista, foram realizadas alterações na fachada, acrescentando mais janelas e transformando os arcos de volta em retangulares.


Em 1844, decidiu-se pela demolição do edifício, mas graças à reação enérgica dos cidadãos, liderados pelo renomado Conrad Wilhelm Hase, desistiu-se do ato atentatório à memória histórica. O próprio arquiteto capitaneou, entre 1878 e 1882, uma restauração na ala sul do prédio que fez com que retomasse seu antigo brilho de joia do gótico de tijolos (Backsteingotik, em alemão, e Brick Gothic, em inglês)




A fachada da Altes Rathaus (Prefeitura Velha), representante do gótico de tijolos, voltada para a Marktplatz, nas partes superiores das paredes laterais do prédio podem ser observadas as empenas escalonadas com magníficos pináculos. Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.




Um belíssimo exemplar da Ferrari estacionado na Luisenstrasse; ao fundo, à direita, parte da fachada da Opernhaus Hannover (Casa da Ópera de Hanôver). Hanôver, capital do Estado da Baixa Saxônia, Alemanha.


Por fim, terminamos nossa visita à Alemanha, em 2010, na cidade de Goslar, objeto de nosso próximo post.


Fontes:


Wikipedia;


"Alemanha", Guia Visual, PubliFolha, São Paulo, SP, 7ª edição, 2012; 1ª reimpressão: 2013.


"Frommer's Alemanha Dia a Dia", por George McDonald e Donal Olson, Alta Books, Rio de Janeiro, RJ, 1ª edição, 2014.







https://www.hannover.de/












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