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Munique - Parte II - e Schwangau (Baviera)- Alemanha 2010

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 7 de dez. de 2022
  • 17 min de leitura

Schloss Neuschwanstein (Castelo "Nova Pedra do Cisne"), erguido de 1869-86, por iniciativa de Luís II, rei da Baviera. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Continuamos em Munique.


1 - Munique - Parte II


Agora, ao Museu Alemão de Caça e Pesca


Na frente da Hirmer-Haus, encontramos a antiga Augustinerkirche (Igreja Agostiniana), que fazia parte do mosteiro gótico de São João Batista e São João Evangelista, dos eremitas agostinianos, erguido no século XIII e ampliado nos séculos XIV e XV.




Gravura representando o Mosteiro e a Igreja dos Agostinianos de Munique por volta de 1700. Gemeinfrei, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2064960


Típico das igrejas desta ordem é a ausência de uma torre e, portanto, o grande edifício sagrado de Munique tem apenas uma capela-mor e uma nave. Teria sido iniciada sua construção em 1290 e provavelmente concluída em 1341, com ampliação no século XV. Por volta de 1620, a igreja foi reformada por Veit Schmidt, acrescentando-se elementos barrocos.


Em 1803, o mosteiro foi dissolvido, no curso da secularização ocorrida na Baviera, e os prédios conventuais foram profanados. Após o prédio ter sido empregado para outras finalidades, em 1966, passou a ser a sede do Deutsches Jagd-und Fischerei-museum (Museu Alemão de Caça e Pesca).


A ideia de um museu de caça alemão teve início por volta de 1900, tendo recebido grande apoio de caçadores e funcionários florestais. No entanto, somente com a instalação do regime nazista, em 1933, é que ele se tornou realidade, com a fundação da associação e museu de caça alemão, em 1934, por iniciativa do segundo homem mais poderoso do regime, Hermann Göring, e um amigo de Hitler e conselheiro de Munique, Christian Ludwig Weber, que se tornou seu primeiro presidente. A ação nazista foi empregada como uma encenação ideológica e de propaganda do regime.


Somente em 1938 é que efetivamente o museu de caça foi inaugurado na ala norte do Palácio Nymphenburg, tendo como ponto alto da solenidade um grande desfile sob o lema "1000 anos de caça e 1000 anos de traje tradicional", em que a liderança regional nazista apareceu lado a lado com oficiais de caça, com uma cobertura midiática habilmente orquestrada.


Após a guerra, a Associação Alemã de Museus de Caça foi reconstituída em 1949 por Thomas Wimmer, prefeito de Munique, e, em 1960, ele conseguiu transformar a associação na Fundação Museu Alemão de Caça.


Por fim, em 3 de novembro de 1966, o museu foi instalado na antiga Igreja Agostiniana, no coração de Munique.


A base da coleção é formada por quase 1000 animais empalhados dentre mamíferos, peixes e aves; há também pinturas, desenhos à mão e grafismos, uma coleção de copos e porcelanas com diversos motivos de caça e animais, bem como uma de armas de caça, muitas apresentando motivos decorativos. Em 1982, o museu foi expandido para incluir o primeiro departamento de pesca de água doce e desde então tem sido chamado de Museu Alemão de Caça e Pesca.




Antiga Augustinerkirche (Igreja Agostiniana), século XIII, secularizada em 1803, hoje sede do Deutsches Jagd-und Fischerei-museum (Museu Alemão de Caça e Pesca), com seu famoso javali de bronze. Neuhauser Strasse, 2, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Em seguida, fomos ao Nationaltheater (Teatro Nacional de Munique) ou Bayerischen Staatsoper (Ópera Estatal da Baviera).


Em substituição à pequena casa de ópera anterior, Maximiliano I José (em alemão, Maximilian I Joseph), o primeiro rei da Baviera, encarregou, em 1810, o arquiteto Karl von Fischer de projetar o Teatro Nacional, tendo a construção sido iniciada em 1811 e parcialmente concluída, com a sua inauguração, em 1818.


Em 1823, o teatro foi totalmente destruído por um incêndio, mas sua reconstrução foi rápida, com supervisão do arquiteto Leo von Klenze, tendo sido reaberto em 1825, guardando até hoje, de forma geral, sua estrutura original.


Houve uma remoção parcial da estrutura do teatro, em 1854, quando a Maximilianstrasse foi ampliada, mas, em compensação, aumentaram o fosso da orquestra.


O teatro foi novamente destruído durante o ataque aéreo à cidade de Munique, em 3 de outubro de 1943; após o fim da Segunda Guerra Mundial, decidiu-se pela reconstrução do antigo teatro, respeitando sua estrutura original, ocorrida de 1958 a 1963, com trabalho do arquiteto Gerhard Moritz Graubner, mas tornando o seu palco um dos maiores de ópera do mundo.


O Teatro Nacional de Munique é uma das maiores obras do classicismo europeu. Seu exterior remete a um templo grego com seu pórtico frontal de colunas coríntias, inspirado no Théâtre National de l'Odéon em Paris, mas contrastando com este, pois tem um frontão triangular duplo e usa a ordem das colunas coríntias ao invés das colunas dóricas.




Nationaltheater (Teatro Nacional de Munique) ou Bayerischen Staatsoper (Ópera Estatal da Baviera), 1818, estilo neoclássico, no qual se vê a fachada principal, com pórtico com colunas coríntias enfileiradas e frontão triangular duplo, tendo, à frente, a estátua de Maximiliano I José, o primeiro rei da Baviera, em trajes romanos sentado em uma cadeira de estilo romano. Max-Joseph-Platz, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Seguimos pela Residenzstrasse, onde nos deparamos com a Residenz München (Residência de Munique), o antigo palácio real dos governantes da família Wittelsbach da Baviera, sendo o maior edifício real urbano da Alemanha.


A edificação iniciou como um castelo (fortaleza), no canto nordeste da cidade (Neuveste, nova cidadela), sendo transformado ao longo dos séculos pelos governantes bávaros em um grandioso palácio, com seus prédios e jardins se estendendo cada vez mais para dentro da cidade. A Residência de Munique serviu de sede de governo e de residência dos duques, príncipes-eleitores e reis da Baviera de 1508 a 1918.


As muros góticos da fundação, as abóbadas do porão do antigo castelo e os pilares redondos da adega do salão de baile (Ballsaalkeller) são, hoje, as partes mais antigas do complexo palaciano. Em seus mais de quatro séculos de reformulações e ampliações, o gigantesco edifício substituiu um antigo bairro, incluindo quartéis, um mosteiro, casas e jardins, empregando para isso diversos estilos ao longo do tempo, desde o renascimento tardio, barroco, rococó até alcançar o neoclassicismo.


Grande parte da residência terminou bastante danificada durante a Segunda Guerra Mundial, mas, a partir de 1945, iniciou-se gradualmente sua reconstrução. Hoje, tornou-se um dos maiores complexos de museus da Baviera, incluindo, dentre outras instituições culturais, o Museu da Residência, o Tesouro e o Teatro Cuvilliés.



Residenz München (Residência de Munique) por volta de 1700, gravura de Michael Wenning (1645–1718).

https://www.residenz-muenchen.de/bilder/residenz/slider/002sw_stich_wening500.jpg


O complexo que forma a Residenz tem 10 pátios e cerca de 130 compartimentos, dividido em três partes principais: Königsbau (Edifício Real, perto da Max-Joseph-Platz), Alte Residenz (Antiga Residência; de frente para Residenzstrasse) e Festsaalbau (Edifício do Salão de Baile, de frente para Hofgarten).


Em razão do pouco tempo que nós dispúnhamos, visitamos apenas o Kaiserhof (Pátio Imperial), em forma de quadrado. Em torno desse pátio, os edifícios foram erguidos de 1612 a 1618, no governo de Maximiliano I, então duque da Baviera. Na época em que fazia parte da residência real, o Pátio Imperial só abria em grandes ocasiões cerimoniais. Tivemos a agradável surpresa de ver no local apresentação de árias operísticas, como "Un bel dì vedremo" da obra Madama Butterfly, de Puccini.




Kaiserhof (Pátio Imperial) na Residenz (sede de governo e residência dos governantes da Baviera de 1508 a 1918). Residenzstrasse, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Na sequência da Residenzstrasse, continuamos pela Theatinerstrasse, onde encontramos a Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos), oficialmente St. Kajetan Kirche (Igreja de St. Caetano), um dos fundadores da ordem teatina, com sua grandiosa fachada e enormes torres.


A Theatinerkirche, cujo nome deriva dos Theatinerpatres (clérigos regulares da ordem católica Teatina), que cuidaram do templo de 1675 a 1801, foi erguida para cumprir um voto e como gratidão pelo nascimento, em 11 de julho de 1662, do esperado herdeiro Maximiliano II Emanuel (Maximilian II Emmanuel) filho do nobre casal Fernando Maria (Ferdinand Maria), príncipe-eleitor da Baviera de 1651 a 1679, e sua esposa Henriqueta Adelaide de Saboia (Henriette Adelheid von Savoyen).


A igreja e seu mosteiro, em estilo barroco italiano, teve como projetista o arquiteto italiano Agostini Barelli, que se inspirou na sede dos padres teatinos, em Roma, a Igreja Sant’ Andrea della Valle, hoje basílica. A construção da Igreja dos Teatinos de Munique foi iniciada em 1663, e teve participação, como mestre de obras, de Antonio Spinelli, padre teatino de origem italiana, e do arquiteto suíço Johan Heinrich Zucalli (Enrico Zucalli), que ficou à frente da administração da obra em substituição a Barelli.


A igreja, consagrada em 1675, foi parcialmente concluída em 1688, com o acabamento da grandiosa cúpula e a tumba da família reinante Wittelsbach, mas as enormes torres, que alcançam quase 65 metros de altura, foram terminadas somente em 1690.


Mesmo assim, a fachada permaneceu inacabada por muito tempo, tendo sua construção sido realizada entre 1765 e 1768, com projeto, em estilo rococó, do arquiteto (mestre construtor) belga François de Cuvilliés, o Velho, concluído por seu filho, nascido em Munique, François de Cuvilliés, o Jovem.


A magnífica fachada da igreja, com cúpula e duas torres, é realçada pela base, pelos entablamentos e pelo frontão triangular, sendo que neste último repousa o brasão da aliança dos príncipes reinantes, na época da conclusão da fachada, Maximiliano III José da Baviera (Maximilian III Joseph) e sua consorte Maria Ana da Saxônia e Polônia (Maria Anna). Na parte superior da fachada, as pilastras e colunas são da ordem jônica, enquanto que da inferior, são da ordem dórica.


As figuras decorativas, esculpidas pelo alemão Roman Anton Boos, expostas na fachada da igreja, remetem à sua história e ao motivo de sua construção: nos nichos superiores, à esquerda, Santa Adelaide de Borgonha (931-999), imperatriz alemã, fazendo referência à regente bávara que teve a iniciativa da construção do templo, e, à direita, São Fernando III, rei de Castela e Leão (1199-1252), mesmo primeiro nome do príncipe-eleitor bávaro, esposo de Adelaide e pai do herdeiro, cujo nascimento foi o motivo do erguimento da igreja; nos nichos inferiores, à esquerda, São Caetano, um dos fundadores da ordem teatina e patrono da igreja (1480-1547) e, à direita, São Maximiliano de Celeia (+284), mesmo nome do herdeiro dos regentes bávaros e cujo nascimento foi o mote da construção do templo sagrado.


O mosteiro, em 1801, foi desativado, com a saída dos teatinos, e, durante a secularização dos bens religiosos, os edifícios passaram a ser propriedade real, e posteriormente, do Estado Livre da Baviera.


A partir de 1954, a ordem católica dos Dominicanos, conhecida apenas por dominicanos, passou a administrar a Igreja de São Caetano, em Munique.


A cripta da igreja contém as tumbas de 47 membros da família real Wittelsbach, dentre elas, as dos promotores da construção da igreja e do seu filho herdeiro: Fernando Maria da Baviera, Henriqueta Adelaide de Saboia e Maximiliano II Emanuel da Baviera.




Theatinerkirche (Igreja dos Teatinos), oficialmente St. Kajetan Kirche (Igreja de St. Caetano), erguida entre 1663 e 1690, no estilo barroco italiano, mas com elementos rococós na fachada (1765-68); observam-se, nas laterais, as duas grandes torres, de quase 65 metros; a parte superior da fachada, com pilastras e colunas da ordem jônica, tem entre elas os nichos, com as imagens, à esquerda, de Santa Adelaide de Borgonha, imperatriz alemã, e, à direita, São Fernando III, rei de Castela e Leão, e acaba em um frontão triangular, no qual se encontra incrustrado o brasão da aliança dos príncipes reinantes, na época da conclusão da fachada, Maximiliano III José da Baviera (Maximilian III Joseph) e sua consorte Maria Ana da Saxônia e Polônia (Maria Anna). Theatinerstrasse, 22, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Agora passeando pelo parque Hofgarten, observamos o lado nordeste da Residenz München (Residência de Munique), onde está situado o prédio do antigo Festsaalbau (Salão de Baile), atual sede da Bayerische Akademie der Wissenschaften (Academia de Ciências da Baviera).


Influenciado pelo Iluminismo, um movimento acadêmico se desenvolveu, no século XVIII, em toda a Europa. Inicialmente iniciativas privadas de acadêmicos, logo as academias foram encampadas pelo Estado, posto que ministros e regentes reconheceram seus benefícios políticos e sociais. Na Baviera não foi diferente: em 1759, o príncipe-eleitor Maximiliano III José, promotor da ciência e, portanto, do Iluminismo na Baviera, tendo como cofundador e primeiro presidente o conde Sigmund von Haimhausen, criou a Academia de Ciências da Baviera. Ela foi gerada para fazer "toda ciência útil (...) na Baviera". Os primeiros grandes projetos de pesquisa começaram na década de 1760.


Após funcionar em diversos edifícios, em 1783, a academia foi instalada no prédio conhecido como Wilhelminum, estilo renascentista, no qual funcionou o antigo Colégio dos Jesuítas até 1773, ano em que a Ordem Jesuíta foi banida da Baviera. Mas em 1944, o edifício ficou muito danificado, após os ataques aéreos dos Aliados, na Segunda Guerra Mundial, não podendo a academia continuar lá.


Depois de funcionar, novamente, em diversos lugares, por ocasião do seu 200º aniversário, em 1959, a academia mudou-se para uma nova casa na ala nordeste da Residenz München (Residência de Munique), o antigo Festsaalbau (Salão de Baile), construído por Leo von Klenze, entre 1835 e 1842, e reconstruído, após a Segunda Guerra, para sediar a Academia de Ciências. Possui 135 escritórios e salas de trabalho, biblioteca, duas salas de aula e um auditório representativo para 420 pessoas.


Vários pesquisadores e acadêmicos famosos, incluindo alguns ganhadores do Prêmio Nobel, são e foram membros da Academia de Ciências da Baviera, incluindo os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm (Irmãos Grimm), Theodor Mommsen, Alexander e Wilhelm von Humboldt, Justus von Liebig, Therese von Bayern, Max von Pettenkofer, Richard Willstätter, Max Planck, Feodor Lynen, Albert Einstein, Max Weber, Werner Heisenberg, Theodor Hänsch, Gerhard Ertl, Franz Dölger, Vincenz Bernhard Tscharne, Alfred Pringsheim, Otto Braun-Falco e Reinhard Genzel.




Prédio onde está sediada a Bayerische Akademie der Wissenschaften (Academia de Ciências da Baviera), antigo Festsaalbau (Salão de Baile), parte nordeste da Residenz München; a fachada voltada para o parque Hofgarten apresenta um grande pórtico sacado, constituído por uma dupla arcada, cada uma com 9 arcos. De baixo para cima, com três portais apoiados em fortes pilares redondos, ergue-se a varanda superior coroada com 10 colunas jônicas; nesta cornija, ladeada por um leão em cada ponta, encontram-se 8 figuras de mármore representando as alegorias dos distritos administrativos, então "províncias" do reino da Baviera. Alfons-Goppel-Strasse, 11, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


A leste do Hofgarten, nos deparamos com o edifício da Bayerische Staatskanzlei (Chancelaria do Estado da Baviera), onde funcionou, desde 1905 até ser muito danificado durante a Segunda Guerra Mundial, o Museu do Exército da Baviera.


O prédio, projetado pelo arquiteto alemão Ludwig von Mellinger, foi baseado no Alto Renascimento italiano, mas seu monumentalismo indica influência do historicismo tardio.


A cúpula de concha dupla, que tem 57 metros de altura, incluindo a lanterna de 9 metros, foi a primeira, juntamente com a da Royal Anatomy , de concreto armado na Europa, ambas obras da Eisenbeton GmbH , uma subsidiária conjunta da Wayss & Freytag e da Heilmann & Littmann .


Além do edifício central abobadado, havia duas alas laterais de alvenaria.


Após violentos bombardeios, durante a Segunda Guerra Mundial, o prédio ficou bastante danificado, tendo o Museu do Exército saído do lugar. As duas alas foram demolidas, restando apenas o edifício abobadado em ruínas, abandonado por décadas.


Em 1982, o edifício central foi restaurado; em 1993, após a construção das duas alas de vidro, a Chancelaria do Estado da Baviera se instalou definitivamente.


A Chancelaria do Estado da Baviera é a autoridade suprema do Estado Livre da Baviera e a sede do primeiro-ministro da Baviera; tem como competências principais coordenar a legislação, como, por exemplo, a elaboração de leis e decretos, lidar com as resoluções do parlamento estadual e concluir tratados estaduais e acordos administrativos com os governos de outros estados.




A fachada oeste da Bayerische Staatskanzlei (Chancelaria do Estado da Baviera) vista do Hofgarten; em frente ao edifício, a estátua equestre de Oto I (Otto I Wittelsbach), duque da Baviera, o primeiro governante da família, com assunção em 1180; vê-se o edifício central com seis grandes colunas da ordem jônica e fechado por um entablamento de três partes; A escadaria, em lance duplo, leva ao pórtico revestido com arenito áspero e liso da região de Eltmann/Bamberg, na Baixa Francônia. Franz-Josef-Strauss-Ring 1, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Até o século XVI, a corte dos Wittelsbach era aprovisionada por cervejas importadas, normalmente das regiões da Saxônia e Kassel.


Em 1589, o duque Guilherme V da Baviera decidiu construir sua própria cervejaria para atender à sua família e a seus servidores. Assim nasceu a Hofbräuhaus, em 1592.


No início, funcionava em um pequena edificação, mas, em 1608, foi para um prédio maior, na atual localização, em Platzl. Logo a cervejaria também aprovisionava os taberneiros de Munique, mas, somente em 1828, que o rei Luís I autorizou a entrada do público em geral na

Hofbräuhaus.


Em 1896, a produção da cerveja foi instalada em Haidhausen, onde passou a funcionar também seu biergarten, na Wiener Platzl, enquanto o pub original, na Platzl, foi renovado em estilo neorrenascentista, reabrindo em 1897.


Infelizmente, a cervejaria foi palco do início de um dos períodos mais tristes da história mundial: em 24 de fevereiro de 1920, no salão da Hofbräuhaus, Hitler apresentou os 25 (vinte e cinco) pontos do programa do Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (Nationalsozialistischen Deutschen Arbeiterpartei - NSDAP), mais conhecido como Partido Nazista, no primeiro encontro público da organização política na casa da cervejaria.


Também, em 11 de maio de 1920, Hitler, no salão do pub, fez um discurso para cerca de 2.000 (duas mil) pessoas, a maioria membros do Partido Nazista.


Durante os bombardeios de Munique em 1944, Hofbräuhaus ficou bastante danificada, sendo reconstruída e inaugurada somente em 1958.


Hoje, é uma das cervejarias mais famosas do mundo, sendo uma das grandes atrações turísticas de Munique, onde se podem apreciar as especialidades gastronômicas bávaras, como o porco assado e o joelho de porco, e as cervejas de produção própria. Prost!




Entrada da Cervejaria Hofbräuhaus. Platzl, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Salão da Cervejaria Hofbräuhaus. Platzl, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




O monstro da HB de 1 litro, Cervejaria Hofbräuhaus. Platzl, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Cervejaria Hofbräuhaus, na mesa com amigos da excursão. Platzl, Munique, região da Alta Baviera, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Em seguida, para Schwangau, próximo a Füssen, ainda na Baviera.


2 - Schwangau


Schwangau é um pequeno município, ao sul da Baviera, bem próximo ao fim da famosa "Rota Romântica", que termina efetivamente em Füssen, fronteira com a Áustria; este último, apesar de residirem em seu centro apenas 16 mil habitantes, possui um restaurante premiado com uma estrela do prestigioso guia Michelin: Pavo im Burghotel Falkenstein.


Mais a fama da região se deve aos dois castelos da família real da Baviera Wittelsbach ali erguidos: Hohenschwangau e Neuschwanstein.




Paisagem do sul da Alemanha; indo para Schwangau, distrito de Algóvia Oriental, região da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Paisagem do sul da Alemanha; indo para Schwangau; ao fundo, os Alpes alemães. Distrito de Algóvia Oriental, região da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


O Schloss Hohenschwangau, então conhecido como Schloss Schwanstein (Castelo da Pedra do Cisne), foi propriedade dos Cavaleiros de Schwangau até o século XVI, tendo sido mencionado pela primeira vez em um documento do século XII.


Danificado seriamente durante as Guerras Napoleônicas, foi adquirido, em 1832, para ser utilizado como residência de verão e de caça, pelo então príncipe Maximiliano, futuro rei da Baviera, pai de Luís II, e reconstruído, entre 1833-37, em estilo neogótico, sob a direção de Domenico Quaglio, o jovem, pintor de arquitetura bávaro de ascendência italiana.


Depois que o príncipe ascendeu ao trono da Baviera como Maximiliano II, em 1848, a família real bávara começou a passar muitas semanas do ano em Hohenschwangau. A crônica do castelo enumera convidados nobres, relatos de festas, torneios de cavaleiros, fogueiras noturnas e excursões da família real. Daí vem a imaginação mística, baseada nas lendas medievais germânicas, do futuro Luís II, que o inspirou nas suas construções românticas como o Schloss Neuschwanstein.


A vida do herdeiro de Maximiliano II, o futuro Luis II da Baviera, é uma estória à parte e merece uma referência.


Para isso nos servimos da crônica "Luís II, o rei louco da Baviera", do escritor francês Alain Decaux, no seu livro "Nouvelles histoires extraordinaires":


"Um bebê rosado chora em seu berço. Ele é o neto de Luís I, rei da Baviera há vinte anos, e o filho do príncipe herdeiro, futuro Maximiliano II. Em 25 de agosto de 1845, na residência real de Nymphenbourg, aquele que será Luís II acaba de nascer.


"Ele pertence à mais antiga dinastia da Europa, aquela dos Wittelsbach (...).


"(...)


"Dentre os castelos da Coroa, é Hohenschwangau que vai ter sua preferência, um 'burg' perdido na montanha, não longe da fronteira austríaca. Seu pai, Maximiliano II (...) o restaurou no estilo neogótico. Diz a lenda que Lohengrin, o cavaleiro do cisne, lhe apareceu lá pela primeira vez. Em todas as paredes nadam cisnes pintados. Vasos, louças, bibelôs são adornados com eles, enquanto as lagoas do parque e os lagos ao redor são por eles povoados ao ponto da obsessão (...).


"Ele cresce, Luís. Ele se deleita ao ler as velhas lendas alemãs. Ou, ainda, Walter Scott. Ele tem treze anos quando descobre os livretos das óperas de Richard Wagner: 'Tannhaüser' e 'Lohengrin'. Ele, o príncipe criado entre cisnes, é 'Lohengrin' sobretudo que lhe excita. Aos dezesseis anos, ele assiste pela primeira vez uma representação da obra. É um deslumbramento: a lenda toma corpo, ela vive. Desde então, 'Lohengrin' tornar-se-á para ele o símbolo de sua própria existência. No ano seguinte, ele mostrar-se-á perturbado por 'Tannhaüser'. A partir daí Wagner - que ele não conhece - passa a ser o seu ídolo. Sua admiração é transposta da obra para o autor. (págs. 40/42)


"(...)


"(...) o rei compra para Wagner uma casa em Munique. Rodeada de um grande e belo jardim (...) A partir daí, uma pensão de oito mil florins será paga ao compositor. Não é somente a facilidade que entra na casa de Wagner, mas um luxo verdadeiro. O compositor vai poder se dedicar de corpo e alma à música. Admiráveis páginas musicais vão nascer, eco imenso de seus próprios sonhos - mas também daqueles de Luís II. (pág. 48).


"(...)


"(...) Mostrando a Wagner seu jardim de inverno, ele lhe anuncia que vai construir um castelo na montanha, não longe de Hohenschwangau. Será Neuschwanstein, reflexo da Idade Média tal como Luís a recompôs através da ópera. (...) - (págs. 54/55).


"(...)


"Dois cadáveres na grama, às margens do lago mergulhado na noite. Guardas levantam sobre eles suas lanternas. Médicos, oficiais fardados, pessoas encasacadas fazem um círculo: identicamente consternados. Um desses cadáveres é aquele do rei Luís II da Baviera.


"O lago de Starnberg parece uma pintura. Ao sul de Munique, por cerca de vinte quilômetros ele estende suas águas mais cinzas do que verdes. A essa imagem de doçura e paz, os Pré-Alpes da Baviera acrescentam um cenário que em nada decepciona o viajante. É à margem desse lago que se eleva o castelo de Berg.


"Em 14 de junho de 1886, às 18h 30, Luís II, declarado louco alguns dias antes por uma comissão médica, deixou esse castelo para passear em companhia do médico alienista von Gudden. Eles avisaram que retornariam às 20 horas.


"Às 20 horas, ninguém. Logo homens foram enviados em todas as direções. Às 22 h 30, a alguns metros da borda, eles encontraram o cadáver de Luís II, e, logo após, aquele do doutor von Gudden. Assim acabou a vida atormentada do rei mais controverso de seu século. O enigma de sua morte, se ela ocupa sempre os espíritos, jamais não cessará de nos conduzir a um outro, inseparável do primeiro: aquele da sua vida" (tradição livre do francês - págs. 39/40) - "Nouvelles histoires extraordinaires", de Alain Decaux, Librairie Académique Perrin, Paris, 1994; ed. mars 1996.




Schloss Hohenschwangau, (sobre a elevação), em estilo neogótico, construído de 1833-37, por determinação do então príncipe Maximiliano da Baviera. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


O mais famoso dos castelos da família Wittelsbach é o Schloss Neuschwanstein, que dizem ter servido de inspiração para Walt Disney criar o "Castelo da Bela Adormecida", localizado na Disneylândia, no Estado da Califórnia, EUA.


O Schloss Neuschwanstein (Novo Castelo do Cisne de Pedra) foi erguido, entre 1869-86, por determinação do excêntrico rei da Baviera Luís II, seguindo desenho do pintor cênico e desenhista de cena teatral alemão Christian Jank, tornado realidade pelo projeto do arquiteto Eduard Riedel. O estilo arquitetônico do castelo foi influenciado pelo historicismo alemão, sendo eclético, predominantemente românico com elementos do gótico flamejante ou estilo flamboyant.


Num tempo em que esse tipo de edificação já não mais exercia uma função estratégica de defesa, o Neuschwanstein é resultado da fantasia romântica do rei bávaro na construção de um castelo medieval idealizado, em uma composição de paredes e torres harmônica com as montanhas e lagos; localizado sobre o desfiladeiro de Pöllat, nos Alpes bávaros, ele domina o castelo de Hohenschwangau e os lagos Alpsee e Schwan.


O castelo foi planejado para servir ao rei como um cenário teatral habitável. Era um "templo de amizade" em homenagem à vida e às obras do compositor alemão Richard Wagner, muitas delas baseadas nas lendas do medievo europeu. O próprio nome do palácio faz referência a um dos personagens do compositor, o "Cavaleiro do Cisne", e várias dependências da edificação remetem a obras do artista alemão, como, por exemplo: a "Casa das Damas" (Kemenate), que recorda o segundo ato de Lohengrin, o gabinete do rei Luís II, decorado com cenas pintadas da lenda medieval de Tannhäuser; o Salão de Canto (Sängerhalle), que ocupa quase todo quarto andar do castelo, tem pinturas mostrando cenas da vida do herói medieval Parzival; o vestíbulo (hall) inferior, com afrescos representando a lenda de Siegfried; no quarto de dormir, cenas pintadas de Tristan e Isolde.




Schloss Neuschwanstein (Castelo "Nova Pedra do Cisne"), erguido de 1869-86, por iniciativa de Luís II, rei da Baviera. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Schloss Neuschwanstein (Castelo "Nova Pedra do Cisne"), visto a partir da Marienbrücke (Ponte de Maria), que recebe esse nome em homenagem a rainha Maria da Baviera, princesa da Prússia, mãe de Luís II, o idealizador do castelo, sobre o desfiladeiro de Pöllat. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Schloss Neuschwanstein, vista da fachada oeste do castelo. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Entrada do Schloss Neuschwanstein, Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Pátio inferior do Schloss Neuschwanstein, a partir do qual se vê uma grande torre quadrada (Viereckturm) de inspiração medieval. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.




Pátio superior do Schloss Neuschwanstein; à esquerda, a "Casa das Damas" (Kemenate), com o balcão de Elsa de Brabant; ao centro, a fachada do "Palácio Central" (Palas); e, à direita, a "Casa dos Cavaleiros" (Ritterbau), construído de acordo com as indicações cênicas de Richard Wagner para o Castelo Steen ou da Antuérpia, na Bélgica, cenário do segundo ato de sua ópera Lohengrin. Schwangau, região administrativa da Suábia, Estado Livre da Baviera, Alemanha.


Partimos para a cidade alemã do Natal: Rothenburg ob der Tauber; mas só no próximo post.



Fontes:


Wikipedia;


"Alemanha", Guia Visual, PubliFolha, São Paulo, SP, 7ª edição, 2012; 1ª reimpressão: 2013.


"Frommer's Alemanha Dia a Dia", por George McDonald e Donal Olson, Alta Books, Rio de Janeiro, RJ, 1ª edição, 2014.



https://www.residenz-muenchen.de/











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