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Pádua - Parte I - Região de Vêneto - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 22 de dez. de 2024
  • 18 min de leitura

Basílica de Santo Antônio de Pádua; século XIII, estilos românico e gótico. Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Pádua - parte I


Segundo a tradição, as origens de Pádua são lendárias e nobres: foi fundada em 1185 AC. pela figura mitológica de Antenor, que subiu o rio Brenta em busca de um novo lar depois de fugir de Tróia, com o fim da famosa guerra, e expulsou desta zona os euganeus, relegando-os para sul, perto das colinas vulcânicas que ainda levam o seu nome.


Evidências arqueológicas confirmam a existência, por volta do século XII a.C., de um povoamento numa zona pantanosa, provavelmente do povo vêneto, formada pela presença do rio Brenta, conhecido pelos latinos como "Medoacus"; já o nome romano da cidade, Patavium, seria referente a Padus, (rio, pântano ou antigo nome do rio Pó, cujo braço então chegava até a aldeia).


O contato com Roma iniciou com uma aliança militar para enfrentar a pressão dos gauleses, baseados nas vizinhas colinas Berici, ao sul da atual Vicenza; as relações cada vez mais frequentes determinaram a romanização da cidade, que se tornou município entre 49 e 42 a.C., provavelmente em 45 a.C. com a Lex Julia Municipalis; nessa época, Pádua era a terceira cidade, depois de Roma e Cádiz, mais importante da República e Império Romano, e passou a fazer parte do X Regio, que tinha Aquileia como capital.


Com o início das invasões bárbaras, a cidade foi devastada, em 452-453, pelos hunos de Átila, e de 535 a 553, a guerra travou-se entre Bizâncio e os godos, aliados dos francos; alguns anos depois, em 602, o golpe final veio dos lombardos, que arrasaram a cidade; nesse momento Pádua estava quase totalmente abandonada: alguns refugiaram-se em Monselice, outros fugiram para a lagoa, seguindo o curso do rio Brenta e instalando-se em algumas ilhas que mais tarde formariam a zona de Rialto em Veneza.


Depois de quase dois séculos sombrios, iniciou-se um período de relativa estabilidade, no final do século VIII, sob o domínio dos francos de Carlos Magno.


O poder temporal atribuído aos bispos católicos foi aumentando progressivamente, mas as famílias de origem franca ou alemã, os Camposampiero, os Este, os Da Romano, os Da Carrara, ampliaram a sua influência e o controle direto dos territórios da província; assim tornou-se clara a divisão entre Guelfos (partidários do papa) e Gibelinos (partidários do imperador do Sacro Império Romano-Germânico), o que levou mesmo à presença de dois bispos na cidade, um para cada facção, dando origem, ao longo do tempo, às lutas internas que caracterizaram a Era Comunal.


A Idade Média, em Pádua, foi recheada de episódios dramáticos: outro ataque foi perpetrado, desta vez em 899, pelos húngaros, que também incendiaram a Catedral e os Arquivos de Santa Giustina. Em 1004, um terremoto destruiu grande parte da cidade e, em janeiro de 1117, outro ainda mais terrível causou o colapso dos edifícios recentemente reconstruídos e de muitas obras públicas, incluindo a antiga Basílica de Santa Giustina e, novamente, a Catedral. Em 1174, um incêndio devastou mais de 2.600 casas, desde a Catedral de San Nicolò até S. Andrea al Cantón del Gallo.


Apesar dessas turburlências, Pádua conseguiu: se estabelecer como município, administrado por 17 cônsules, eleitos semestralmente; juntar-se primeiramente à Liga Lombarda e depois à Liga de Verona, lutando com o papa contra Frederico Barba-Ruiva, da dinastia de Hohenstaufen, imperador do Sacro Império Romano-Germânico; voltar a ser aliado do Império, primeiramente com a família Da Romano, partidária do imperador Frederico II, e depois com Marsilio da Padova, filósofo e conselheiro do imperador Luís IV da Baviera; e construir o Palazzo Comunale e o Palazzo della Ragione, onde o Conselho se reunia.


Em 1318, passou ao domínio da família Da Carrara, quando Jacopo da Carrara foi eleito Senhor de Pádua; até 1405, nove membros da família Da Carrara se sucederam como senhores da cidade.


Quando os Da Carrara depuseram as armas e se renderem ao domínio da República Sereníssima de Veneza, em 1405, a cidade sacrificou a independência política pela paz; o século XV decorreu relativamente tranquilo, permitindo que o Renascimento artístico e cultural, cujas sementes tinham sido plantadas ao longo do século XIV, pudesse alcançar seu apogeu, com a presença na cidade de artistas renomados como os pintores Donatello e Andrea Mantegna, que fizeram algumas obras na cidade.


Após a invasão da Península Itálica por tropas francesas comandados pelo então general Napoleão, em 1797, a República de Veneza foi varrida com o Tratado de Campoformio, e Pádua foi cedida ao Império Austríaco.


Após a queda de Napoleão em 1814, tornou-se parte do Reino da Lombardia-Vêneto, sob o domínio do Império Austríaco; no entanto, os austríacos não eram populares nos círculos nacionalistas do norte da Itália; em Pádua, no ano das revoluções de 1848, houve uma revolta estudantil que, em 8 de fevereiro, transformou a Universidade e o Caffè Pedrocchi em campos de batalha, nos quais estudantes e paduanos comuns lutaram lado a lado.


Em 1866, após a Terceira Guerra da Independência, a Itália conseguiu expulsar os austríacos da antiga República de Veneza, e Pádua e o resto da Região de Vêneto foram anexados ao recém-unido Reino da Itália, governado pela dinastia Saboia.


Quando a Itália entrou na Primeira Guerra Mundial, em 1915, Pádua foi escolhida como o principal posto de comando do Exército Italiano na região; no final de outubro de 1918, o Exército Italiano venceu a batalha decisiva de Vittorio Veneto e as forças austríacas entraram em colapso; o armistício foi assinado em Villa Giusti, nos arredores de Pádua, em 3 de novembro de 1918, e a Áustria-Hungria se rendeu à Itália.


Já na Segunda Guerra Mundial, após o início do colapso do governo de Mussolini, em 1943, Pádua se tornou parte da República Social Italiana, o estado fantoche dos ocupantes alemães; a cidade sediou o Ministério da Instrução Pública do novo estado, bem como um posto de comando militar e um aeroporto militar; Pádua foi bombardeada várias vezes por aeronaves aliadas, e, somente na primavera de 1945, que a cidade foi finalmente libertada por guerrilheiros e tropas estrangeiras.


Pádua é conhecida hoje como uma cidade universitária e de grande desenvolvimento, detendo uma das zonas industriais maiores da Europa.


O nosso passeio começa na Basilica di Sant'Antonio di Padova, também conhecida apenas como Basilica del Santo, em razão de Antonio de Pádua ser chamado pelo povo da cidade apenas por Il Santo.


É o principal monumento de Pádua e uma das maiores obras de arte religiosa do mundo; reconhecida pela Santa Sé como um santuário internacional, é também um dos locais de culto mais famosos e populares do Cristianismo.


O arquiteto é desconhecido; provavelmente foi um franciscano inteligente e de vasta cultura figurativa; o templo, com traços românicos e góticos, foi iniciado em 1232, em homenagem a Santo Antônio de Pádua, e sua parte principal foi concluída no final do século XIII; porém suas cúpulas têm influência da arquitetura bizantina.


No local, antes da basílica, havia uma igreja, Santa Maria Mater Domini, empregada por Santo Antônio para realizar seus ofícios religiosos, dentre eles suas famosas pregações; após sua morte, seus restos mortais foram sepultados nesse igreja, em 1231; no anos seguinte, decidiu-se pela construção da basílica em homenagem a Il Santo.


Santo Antônio, nascido Fernando na cidade de Lisboa, em 1195, ingressou na vida religiosa, aos quinze anos, no Convento Agostiniano de São Vicente de Fora; depois, foi transferido para Coimbra, onde continuou seus estudos de ciências humanas, bíblicas e teológicas.


Em 1219, São Francisco de Assis enviou uma missão para Marrocos composta por cinco frades: Berardo, Otão, Pedro, Acúrsio e Adjuto; na África, dedicaram-se à pregação, tendo sido perseguidos e martirizados; ao chegar no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, no ano de 1220, as relíquias dos referidos mártires, o jovem cônego Fernando se viu extremamente impactado pelo testemunho de coragem dos religiosos franciscanos.


Em razão disso, em 1220, o ano de sua ordenação sacerdotal, aos vinte e cinco anos, Fernando ingressou na Ordem dos Frades Menores, ocasião em que recebeu o hábito franciscano, no Convento de Olivas, em Coimbra, com o nome de Frei Antônio; logo depois, iniciou uma missão no Marrocos, mas após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália.


Após ter prestados seus serviços religiosos em vários lugares do norte da Itália e do sul da França, Antônio foi fazer um trabalho de catequese em Pádua, tendo falecido em Arcella, uma aldeia nas proximidades da cidade, em 13 de junho de 1231, aos 36 anos.


Após alguns dias, com funerais solenes, Antonio é sepultado em Pádua, na igreja de Santa Maria Mater Domini, seu refúgio espiritual nos períodos de intensa atividade apostólica.


Um ano após a sua morte, a devoção do povo de Pádua e a fama dos muitos milagres realizados convenceram o papa Gregório IX a ratificar rapidamente a canonização e proclamá-lo santo em 30 de maio de 1232, apenas 11 meses após a sua morte.


Há diversos milagres atribuídos a Santo Antônio, amealhados pela devoção popular, sendo ele conhecido como "santo casamenteiro" e "santo das coisas perdidas", bem como é o patrono da obra beneficente conhecida como "pão dos pobres".




Fachada da Pontificia Basilica di Sant'Antonio di Padova, erguida a partir de 1232, que detém traços românicos e góticos, mas com cúpulas bizantinas; acima dos cinco arcos, que guardam as três portas e seis janelas alongadas, percorrendo toda a largura da fachada, há uma loggia coberta muito elegante que conduz às galerias internas; dezessete colunas de mármore e dois pilares sustentam dezoito arcos pontiagudos menores; no alto da loggia, vê-se uma rosácea de oito "pétalas", construída no século XIX, ladeada por duas janelas divididas, em estilo gótico. Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Detalhe da fachada da Basílica de Santo Antônio; sobre a entrada principal, na luneta, encontra-se um afresco representando o Monograma de Cristo tendo em volta um sol radiante, adorado pelos Santos Antônio e Bernardino de Siena, genuflectivos, do pintor russo Nicola Locoff (Lochoff), provavelmente da década de 1920, cópia do original de Andrea Mantegna, do século XV, atualmente exposto no Museu Antoniano; acima, como se trata de templo pontifical, o escudo do papa Francisco (campo azul, com o Cristograma sobre um sol radiante (símbolo da Companhia de Jesus), uma estrela de oito pontas e um nardo, tudo em ouro; e no nicho superior, sob um pequeno arco, a estátua de pedra de Santo Antônio, cópia feita em 1940 por Napoleone Martinuzzi em substituição ao original do século XIV de Rinaldino di Francia, muito desfigurado pelos anos e pelo mau tempo e agora preservado no Museu Antoniano. Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


O altar-mor, o atual projetado por Camillo Boito, no final do século XIX, e o presbitério são delimitados por uma elegante balaustrada, adornada com 4 belas estátuas de bronze de Tiziano Aspetti, de 1594; este ambiente solene é dominado pelas obras-primas de Donatello (1448 e seguintes), que juntas constituem a obra de arte mais famosa da Basílica.


A atual disposição das esculturas, 30 no total, acima e ao redor do altar, é obra de Camillo Boito (1895); acima de tudo, domina o maravilhoso Crucifixo, de 1449, de autoria de Donatello, no qual a beleza divina de Cristo se humaniza na aceitação serena do sofrimento e da morte.


Abaixo do Crucifixo, no ato de subir do trono e apresentar o Menino à adoração materna e real dos fiéis, está representada Nossa Senhora; nas laterais, seis estátuas: Santos Francisco, Justina e Lodovico d'Angiò (de dentro para fora, à esquerda do observador), e Santos Antônio, Daniel e Prosdócimo, primeiro bispo de Pádua (de dentro para fora, à direita); outros estupendos bronzes retratam milagres de São Pedro, de Santo Antônio, os símbolos dos evangelistas, anjos que cantam e tocam; ao centro, um Cristo morto entre dois anjos angustiados; no fundo do altar é possível admirar a "Deposição de Jesus no Túmulo", feito de pedra quebradiça de Nanto: aqui o expressionismo do artista atinge o seu apogeu; à esquerda, encontra-se o candelabro de bronze, obra de Andrea Briosco, conhecido como Il Riccio, de 1515: pelo seu tamanho e mestria artística é considerado o candelabro mais bonito do mundo; por fim, nas paredes laterais do presbitério encontram-se 12 painéis de bronze com fatos do Antigo Testamento, obra de B. Bellano, de 1488, e A. Briosco, de 1507.


Sob os arcos das portas de acesso ao presbitério, pinturas de santos franciscanos.




O altar-mor, projetado por Camillo Boito, no final do século XIX, vendo-se sobre e nas suas laterais, o Crucifixo, abaixo dele, Nossa Senhora apresentando o Menino Jesus, e, nas laterais, à esquerda, de dentro para fora, São Francisco, Santa Justina e São Ludovico d'Angiò (São Luís de Tolosa), e, à direita, Santo Antônio, São Daniel de Pádua, Mártir, e São Prosdócimo, estátuas de bronze de autoria do grande artista Donatello, relizadas em meados do século XV. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




O altar-mor e o presbitério; delimitando o conjunto, observa-se a balaustrada, efeitada por 4 estátuas de bronze, obras de Tiziano Aspetti, de 1594; nas laterais dos arcos do presbitério, pinturas representando santos franciscanos; nas pilastras da entrada do conjunto, os brasões de armas da basílica: cruz vermelha em campo branco. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Estátua votiva e processional de Santo Antônio de Pádua, no interior da nave central. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


O Monumento Caimo, de estilo barroco, foi erguido em 1681 para homenagear três membros da família Caimo da cidade de Údine, da Região de Friul-Veneza Júlia: Eusebio, cônego de Aquileia e bispo de Cittanova (atual Novigrad, na Croácia), que foi estudante da Universidade de Pádua; Pompeo, irmão de Eusebio, médico, arquiatra do papa Gregório XV e professor da Universidade de Pádua; e Jacopo, sobrinho de Pompeo, jurista e professor da Universidade de Pádua.


O monumento é obra de Bartolomeo Mugini de Lugano, conforme relatado em uma pequena epígrafe à direita acima do primeiro quadro.




O Monumento Caimo, homenageando três membros ilustres da família Caimo, oriundos de Údine: acima, Eusebio, bispo de Cittanova (atual Novigrad, na Croácia); abaixo, à esquerda, Pompeo, médico e professor da Universidade de Pádua; e Jacopo, sobrinho dos dois já citados, médico, jurista e professor da Universidade de Pádua; obra de Bartolomeo Mugini, 1681. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Cappella di Sant'Antonio o Cappella dell'Arca, iniciada em 1500 e concluída no final do século XVI, é uma esplêndida obra renascentista que abriga a tumba de Santo Antônio; projetada por Andrea Briosco, conhecido como Il Riccio, provavelmente foi executada pelo arquiteto e escultor Tullio Lombardo; os maiores escultores venezianos da época trabalharam na obra; ao longo das paredes há nove relevos em mármore, com cenas da vida e dos milagres de Santo Antônio.


No centro fica o altar-túmulo de Santo Antônio, da autoria de Tiziano Aspetti, de 1594; nas laterais, dois soberbos candelabros de prata (séc. XVII).




Cappella di Sant'Antonio; na qual se observa, ao centro, o altar-mor, obra de Tiziano Aspetti, de 1594; em destaque, a imagem central de Santo Antônio, ladeado pelas estátuas de São Boaventura (esquerda) e Luís de Tolosa, que foram bispos franciscanos, e, na ponta esquerda, um dos belíssimos candelabros de prata do século XVII. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Parte posterior do altar-mor da Cappella di Sant'Antonio, onde fica a tumba do santo; Eunice tocando na parede, rezando pela família. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Cappela della Madonna Mora (Virgem Negra) é a parte que restou da antiga igreja de Santa Maria Mater Domini, cedida a Santo Antônio em 1229 pelo bispo de Pádua Iacopo.


Aqui o Santo celebrou missa, pregou, ouviu confissões e reuniu-se em oração; aqui foi sepultado em 1231 e aí permaneceram os seus restos mortais até 1263. O belo altar gótico com a majestosa estátua da Virgem é uma magnífica obra de um mestre francês: Rinaldino Puydarrieux (ou da Gasconha, 1396). Nas paredes existem vários afrescos que datam dos séculos XIII e XIV.




Cappela della Madonna Mora (Virgem Negra); altar gótico, com magnifíca imagem da Virgem com o Menino (não parece negra), obra do mestre francês Rinaldino Puydarrieux ou Rinaldino di Francia ou da Gasconha, de 1396. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


A Capella di Santo Stanislao (Polacca), que foi transformada em capela nacional (polonesa), quando da restauração da Basílica, no final do século XIX; para lá foi transportado o altar de Santo Stanislao, que já existia no templo desde o final do século XVI e início do século XVII, por iniciativa da associazione polacco-lituana, formada por estudantes da então Confederação Polaco-Lituana, matriculados na Universidade de Pádua, tendo sido consagrado em 1607.


A capela está aberta e iluminada em homenagem a São João Paulo II, papa de origem polonesa, onde se vê uma escultura do santo, obra da artista polonesa Elżbieta Barbara Lenart, de 2011.




Escultura de São João Paulo II na Capella di Santo Stanislao (Polacca), obra da artista polonesa Elżbieta Barbara Lenart, de 2011. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Pintura representando São João Paulo II, sem autoria definida (direita), ao lado da imagem da Santa Kinga, Rainha da Polônia (Santa Cunegunda da Polônia), padroeira da Polônia e da Lituânia, afresco pintado pelo pintor polonês Tadeusz Popiel no final do século XIX. Cappella Polacca di S.Stanislao, Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


A Cappella delle Reliquie o del Tesoro foi construída no final do séc. XVII em suntuoso estilo barroco de autoria do arquiteto e escultor Filippo Parodi; as estátuas da balaustrada também são de Parodi, da esquerda para direita: São Francisco de Assis, Fé, Humildade, Penitência, Caridade, São Boaventura, e, acima do nicho central, Santo Antônio em glória.


Nos três nichos estão expostos dezenas de relicários, cálices, ex-votos, autógrafos de santos, etc. No nicho à esquerda está preservado um relicário moderno contendo uma relíquia de São João Paulo II. O precioso relicário central de R. Cremesini, de 1982, contém um osso do pé, um fragmento de pele e o cabelo de Santo Antônio.


No nicho central, num admirável relicário do ourives Giuliano da Firenze, de 1436, conserva-se a incorrupta Língua de Santo Antônio; acima, o relicário do Mento del Santo, obra de um artista de Pádua, de 1350; acima, o relicário da cruz de cristal, obra-prima de G. Fabbro, de 1437; imediatamente abaixo da Língua, o significativo relicário moderno de C. Balljana, de 1981, que contém o aparelho vocal de Santo Antônio, encontrado no último reconhecimento; a capela também abriga a túnica de Santo Antônio e o caixão onde foi colocado o seu corpo.




A Cappella delle Reliquie o del Tesoro, na qual se observa o belíssimo trabalho do arquiteto e escultor Filippo Parodi, do século XVII, em estilo barroco; a balaustrada, que proteje os três nichos que contêm os relicários, está adornada por estátuas, também da autoria de Parodi, representando, da esquerda para direita: São Francisco de Assis, Fé, Penitência, Humildade, Caridade e São Boaventura; acima do nicho central, também de Parodi, a imagem de Santo Antônio em Glória. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




A Cappella delle Reliquie o del Tesoro; os três nichos centrais contendo relíquias de Santo Antônio e outros santos; em destaque, sobre o nicho central, a imagem de Santo Antônio em Glória, de Filippo Parodi. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Fragmentos da túnica ou hábito de Santo Antônio, 1231. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Caixa que continha os restos mortais de Santo Antônio, até 1981, ano em que o corpo foi exumado; placa em latim: "No ano de 1231, no dia 13 de junho, morte do beatíssimo confessor sacerdote Antônio, da Ordem dos Frades Menores de Pádua. Foi canonizado pelo venerável papa Gregório IX, em 1232, numa dicção no dia de Pentecostes. Trasladado em 1263, no oitavo dia da Resurreição [Páscoa], logo após a construção da Basílica em sua homenagem. Amém" (tradução livre). Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Pedra usada como travesseiro por Santo Antônio, século XIII. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Língua incorrupta de Santo Antônio, resgatada 32 anos depois de sua morte, quando do traslado dos seus restos mortais para sua tumba na basílica, em 1263, depositada num relicário do século XV, obra do ourives Giuliano da Firenze. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Queixo de Santo Antônio (mento di Sant'Antonio), depositado em relicário criado por artesão paduano, século XIV. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Reliquiario della Misericordia; relicário realizado pelo estúdio Sacrum de Cracóvia e idealizado pela restauradora polonesa Elżbieta Barbara Lenart, 2014, contendo o sangue de São João Paulo II (à esquerda) e um fragmento de osso de Santa Faustina Kowalska; o relicário retrata a imagem bíblica da Árvore da Vida, que para os cristãos é o símbolo de Cristo ressurreto; os ramos e o ornamento da Árvore são os continentes e as fronteiras dos países respectivamente. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Reliquiario della Croce di Cristallo, contendo parte da madeira da cruz em que Cristo foi sacrificado, atribuído a G. Fabbro, século XV. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Passeando por trás do presbitério, nos deparamos com a abóboda do deambulatório, bastante colorida.




Abóboda do deambulatório, representando o céu estrelado; os arcos das pilastras são efeitados de imagens sacras e brasões. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Em seguida nos dirigimos às instalações do convento, particularmente dois claustros da instituição, que, no total, são cinco: del Paradiso, del Noviziato, della Magnolia o del Capitolo, del Generale e del Museo.


O átrio que liga o Claustro do Capítulo à Basílica conserva algumas obras dignas de nota, particularmente no seu lado esquerdo: a Arca dos irmãos Bonzanello e Nicolò da Vigonza, do século XIV, sobre a qual se vê um afresco representando a "Coroação de Maria", obra de Giusto de' Menabuoi.




Arca di Bonzanello e Nicolò da Vigonza, século XIV; o arco e a luneta sobre o sarcófago foram pintados por Giusto de' Menabuoi, na década de 1380; na luneta, a representação da "Incoronazione della Vergine", na qual os dois irmãos, portando armaduras, como homens de armas que eram, estão ajoelhados aos pés do trono em que estão sentados a Virgem e o Cristo, que a coroa; cada um deles é acompanhado por quatro santos; a frente do sarcófago, com moldura foliada, é dividida em três campos por quatro colunas espiraladas; o espaço central é ocupado pelo brasão de armas dos irmãos falecidos, enquanto que nas laterais, uma cruz vermelha se repete dentro dos polilóbulos ou losangos. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Adentramos, na sequência, no Chiostro del Capitolo o della Magnolia (Claustro do Capítulo ou da Magnólia), no interior do Convento; o mais antigo dos cinco, anterior a 1240.




Chiostro del Capitolo o della Magnolia (Claustro do Capítulo ou da Magnólia), onde se observa, à direita, a folhagem da magnólia que batiza o espaço. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.




Vista da lateral da basílica a partir do Claustro da Magnólia, tendo em destaque três cúpulas em estilo bizantino, cobertas de placas de chumbo. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Depois adentramos no Chiostro del Noviziato (Claustro do Noviciado), que, segundo a tradição, foi construído pelo papa franciscano Sisto IV (1471-1484) por volta da segunda metade do século XV: foi decorado com afrescos, hoje perdidos, da autoria de Jacopo Montagnana (1487-1488). O térreo é composto por vinte e oito colunas de traquito com arcos góticos.


No centro está um poço criado por Giovanni Minello em 1492.




Chiostro del Noviziato, tendo ao centro o poço criado por Giovanni Minello em 1492, reformado em 1925. Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


No Chiostro del Noviziato encontra-se uma placa instalada em 2021 em comemoração ao 250º aniversário da visita do famoso compositor erudito austríaco Wolfgang Amadeus Mozart à Basílica de Santo Antônio de Pádua.


Era 12 de março de 1771 quando Wolfgang Amadeus Mozart, então com quinze anos, visitou Pádua na companhia de seu pai Leopold, retornando a Salzburgo, Áustria, após sua primeira viagem à Itália; nessa ocasião o muito jovem e já brilhante compositor manifestou o desejo de conhecer Francesco Antonio Vallotti, da Ordem dos Frades Menores Conventuais (Franciscanos), organista e mestre de capela da Basílica de Santo Antônio até 1780, considerado pelo histriônico Tartini o maior organista do seu tempo.




Placa alusiva aos 250 anos da passagem do grande compositor erudito austríaco Wolfgang Amadeus Mozart por Pádua e pela Basílica do Santo, que transcreve trecho da carta do pai à mãe de Mozart, falando sobre isso: "Em Pádua visitamos tudo o que era possível ver em um dia, porque mesmo assim não tínhamos sossego, e o Wolfgang teve que tocar em dois lugares. Mas também recebeu uma encomenda: deverá compor um oratório para Pádua, que poderá fazer à vontade. Visitamos também o Padre Maestro Vallotti no Santo e depois o Ferrandini, com quem também tocou. Da carta de Leopold para sua esposa, 14 de março de 1771" - tradução livre do italiano). Basílica de Santo Antônio, Piazza del Santo, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Continuamos o passeio à cidade de Pádua, agora na Piazza Antenore, quando nos deparamos com o Palazzo Romanin Jacur; o edifício, construído provavelmente no século XV, que antigamente se chamava Ca' d'Oro porque lembrava os palácios venezianos, ganhou um ar neogótico após a restauração do século XIX; representa uma das famílias mais ilustres da cidade e é esteticamente majestoso.


No século XIX, o palácio era sede do “Gabinete de Leitura” e local de reuniões e discussões políticas; a ele estão ligados dois periódicos paduanos da época: o “Giornale euganeo di Scienze Lettera Arti e Variety” (1844-48) e o “Caffè Pedrocchi” (1846-48); a sua fama literária continua, posto que acolhe a livraria Feltrinelli desde 1975: uma referência para leitores, estudantes e professores paduanos.


Na fachada, ao lado do belo balcão neogótico, duas inscrições são visíveis: a da esquerda comemora a estada no lugar de Dante Alighieri em 1306, mas a notícia não é confiável, mesmo sendo certo que o poeta esteve em Pádua; a da direita lembra que, em 1916, no curso da Primeira Guerra Mundial, o palácio foi bombardeado pelos austríacos.




Palazzo Romanin Jacur, erguido provavelmente no século XV, no estilo gótico veneziano, foi praticamente reconstruído, no século XIX, pela família que lhe dá o nome, agora no estilo neogótico; à esquerda do balcão, uma placa que recorda a estadia no lugar por Dante Alighieri, em 1306, embora isso não tenha comprovação histórica; à direita, uma placa que recorda que o prédio foi bombardeado pelos austríacos em 1916. Via San Francesco, 9, Pádua, capital da província homônima, Região de Vêneto, Italia.


Continuamos, no próximo post, nosso passeio por Pádua, ainda na Piazza Antenore, no edifício sede da Província de Pádua.


Fontes


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.















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