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Rota Romântica do Vale do Reno e Vale do Mosela - Hesse e Renânia-Palatinado - Alemanha 2010

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 28 de jan. de 2023
  • 15 min de leitura

Atualizado: 15 de fev. de 2023


O espetacular Burg Pfalzgrafenstein, no meio do rio Reno. Kaub, no distrito administrativo de Rhein-Lahn, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.



1 - Passeio Fluvial pela Rota Romântica do Vale do Reno - de Rüdesheim am Rhein ao Rochedo de Loreley


Após uma profícua visita a Frankfurt, tivemos a grata surpresa de participar de um passeio fluvial ao longo do famoso e mítico rio Reno (em alemão, Rhein). O trecho faz parte da chamada Rota Romântica do Vale do Reno.


O rio Reno, com cerca de 1.230 km de extensão, nasce na Suíça, passa pelos territórios da França e da Alemanha e deságua no Mar do Norte, nos Países Baixos. Na companhia do rio Danúbio, fazia a linha da fronteira norte do Império Romano; depois, somente bárbaros, a maioria de origem germânica. É a via fluvial mais importante da União Europeia.


É importante frisar que quando se fala de via fluvial, não é apenas a simples circulação livre de embarcações pelo rio, mas sua ordenação em faixas, à semelhança de uma via terrestre, sendo que as centrais são mais empregadas para o transporte das mais diversas mercadorias (minérios, grãos, produtos industrializados, etc.); há faixas para o transporte de passageiros e outras para o lazer e o turismo; nas margens, há diversos pontos de apoio; tudo muito organizado, otimizando a eficiência.


O ponto de partida foi a cidade de Rüdesheim am Rhein. A região foi inicialmente ocupada pelos celtas; os romanos, no século I, edificaram um castrum (campo militar fortificado), já no limite com os territórios germânicos; em seguida, o local foi ocupado pelos alamanos e franconianos (germânicos); vestígios encontrados apontam que, naquela época, já eram cultivadas videiras no local; o nome da localidade - Rüdesheim - é citado pela primeira vez em um documento datado de 1074.


Uma das atrações do município são os restos mortais da doutora e mística da Igreja Católica Santa Hildegarda de Bingen (Heiliger Hildegard von Bingen - 1098-1179), monja beneditina, teóloga, naturalista, escritora, dramaturga e compositora sacra, com cerca de 78 (setenta e oito obras musicais), que se encontram depositados na Igreja Paroquial de Santa Hildegarda e São João Batista (Pfarrkirche St. Hildegard und St. Johannes der Täufer), localizada em Eibingen, distrito de Rüdesheim am Rhein.


O município também faz parte da Rheingau, uma da principais regiões vinícolas da Alemanha; em Rüdesheim, a grande estrela é a uva branca Riesling, e a cidade possui um museu dedicado a história do vinho da região, o Rheingauer Weinmuseum (Museu do Vinho de Rheingau).




Embarque em Rüdesheim am Rhein no barco da empresa KD cruzeiros (Köln-Düsseldorfer Deutsche Rheinschiffahrt). Rüdesheim am Rhein, no distrito administrativo de Rheingau-Taunus, Estado de Hesse, Alemanha.




Início do passeio fluvial em Rüdesheim am Rhein, no distrito administrativo de Rheingau-Taunus, Estado de Hesse, Alemanha.


À margem do Reno, em Rüdesheim am Rhein, podemos ver o Niederwalddenkmal (Monumento do Niederwald), obra do escultor alemão Johannes Schilling e do arquiteto compatriota Karl Weissbach, erguido entre 1877 e 1883 para comemorar a Unificação Alemã de 1871; no alto do monumento, está instalada uma estátua representando a figura alegórica de Germania, com 12,5 metros de altura; ela está em pé, em frente a um trono, cujos braços laterais são formados por águias; sua cabeça está ligeiramente voltada à esquerda; na mão direita, ela levanta a coroa imperial alemã envolta de lauréis; a mão esquerda segura uma espada, pousada sobre sua ponta, tendo folhas de lauréis (louros) enroladas na lâmina; a cabeça está coroada de folhas de carvalho, atributo germânico, e seus cabelos longos flutuam ao vento; seu corpo está coberto por uma pesada vestimenta com várias dobras e decorada com muitos ornamentos e animais: águias, cervos, corvos, dragões e cisnes, muito presentes no universo dos contos e lendas germânicas; a margem do manto apresenta um friso com águias e uma borda com pedras preciosas. Como proteção, Germania porta uma couraça gravada com uma águia imperial; assim, reuniu-se tudo o que representava então a Alemanha.


Uma curiosidade, o modelo para Germania foi Clara, a filha mais jovem do escultor Schilling.



Rüdesheim am Rhein, ao fundo o Niederwalddenkmal (monumento pelo restabelecimento do Império Alemão em 1871), tendo no alto instalada a estátua representando a figura Germania. Rüdesheim am Rhein, no distrito administrativo de Rheingau-Taunus, Estado de Hesse, Alemanha.




Rüdesheim am Rhein - vinhedos plantados nas encostas da margem do Reno. Rüdesheim am Rhein, no distrito administrativo de Rheingau-Taunus, Estado de Hesse, Alemanha.


Burg Ehrenfels (Castelo-fortaleza Ehrenfels) foi construído, com o início da atual configuração, em torno de 1210 por Philipp von Bolanden, oficial da corte do arcebispo de Mainz (Mogúncia), Siegfried II von Eppstein; durante séculos, serviu de posto de pedágio do Eleitorado de Mainz; serviu também de residência de vários eleitores de Mainz (arcebispos); em 1635, durante a Guerra dos Trinta Anos, foi danificado pelos suecos, e, em 1689, deixado em ruínas pelas tropas de Luís XIV, rei da França, comandadas por Nicolas Chalon du Blé, marquês de Uxelles e marechal da França, durante a Guerra da Sucessão do Palatinado, também conhecida como Guerra dos Nove Anos; o castelo, depois disso, nunca foi reconstruído.




Burg Ehrenfels, castelo-fortaleza de arquitetura tardo-medieval, com suas duas torres gêmeas de cerca de 33 metros de altura, construído por volta de 1210, às margens do rio Reno. Rüdesheim am Rhein, no distrito administrativo de Rheingau-Taunus, Estado de Hesse, Alemanha.


Burg Reichenstein (Castelo de Reichenstein), erguido às margens do rio Reno, provavelmente foi um castelo feudal de 1100 a 1200, mas, em um documento de 1213, surgiu como propriedade de Philipp von Bolanden; em 1282, o castelo foi conquistado e bastante danificado por Rodolfo I (Rudolf I), da Casa de Habsburg, rei dos Romanos (rei da Alemanha, mas não foi coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico); somente após a entrega das ruínas do castelo pelo conde renano-palatino ao Eleitorado de Mainz, em 1344, iniciou-se a reconstrução do edifício, mas, em 1689, durante a Guerra da Sucessão do Palatinado, travada conta a França, o castelo foi novamente destruído; entre 1899 e 1902, o novo proprietário, o rico industrial barão Nikolaus Kirsch-Puricelli transformou o prédio em um castelo residencial neogótico em estilo inglês; atualmente, pertence a um descendente do barão, funcionando nele um hotel e um restaurante.




Burg Reichenstein, no rio Reno, provavelmente com primeiro prédio edificado no século XII. Trechtingshausen, distrito administrativo de Mainz-Bingen, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.




Burg Reichenstein, no rio Reno, atual estrutura edificada entre 1899 e 1902, em estilo neogótico inglês. Trechtingshausen, distrito administrativo de Mainz-Bingen, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


A pequena cidade de Bacharach, que está localizada à margem esquerda do Reno, foi, pela primeira vez, citada documentalmente no século XI; inicialmente sob influência do Eleitorado de Colônia, passou gradativamente a ser controlado pelo Condado Palatino; em 1689, durante a Guerra da Sucessão do Palatinado, tropas francesas explodiram quatro torres da muralha da cidade e o Burg Stahleck; a cidade passou a ser valorizada em razão do movimento "Romantismo no Reno", surgido na virada do século XVIII para XIX; um dos primeiros visitantes importantes levados pelo movimento foi o famoso escritor francês Victor Hugo, em 1840.




Bacharach em 1645, gravura de Matthäus Merian, na qual se observa a muralha protegendo a cidade na margem do rio, bem como, na parte centro-esquerda, em destaque, o Castelo Stahleck - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/Bacharach-Merian.jpg




Bacharach, na Rota Romântica do Reno, tendo em destaque o Burg Stahleck, na parte centro-direita da fotografia. Distrito administrativo de Mainz-Bingen, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


O Burg Stahleck (Castelo Stahleck) foi citado em documentos pela primeira vez em 1135 como feudo dos príncipes-eleitores de Colônia; em 1142, passou a ser posse do conde Hermann von Stahleck, quando este foi escolhido príncipe-eleitor do Palatinado, libertando-se da influência de Colônia; Bacharach, tornou-se, então, o centro de poder do Condado Palatino; durante a Guerra dos Trinta Anos, no século XVII, o castelo ficou danificado, mas foi reparado posteriormente, por volta de 1666; no entanto, após ser atacado por tropas francesas, em 1689, na Guerra da Sucessão do Palatinado, restaram apenas ruínas; em 1925, a partir de suas fundações originais, Burg Stahleck foi reerguido de acordo com seu modelo histórico e hoje abriga um dos albergues da juventude mais atraentes da Alemanha, o Jugendherberge Bacharach.




Burg Stahleck, castelo erguido no século XII, na margem esquerda do rio Reno. Bacharach, distrito administrativo de Mainz-Bingen, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


O Burg Gutenfels (Castelo de Gutenfels) foi construído, na encosta da margem do Reno, por volta de 1200, pelos Bolanden, em nome do Sacro Império Romano-Germânico, com o nome Burg Kaub (Castelo de Kaub); em 1277, a cidade de Kaub e o castelo foram passados para o domínio do Condado Palatino; após um sítio sem sucesso do castelo pelo landgrave de Hesse, Guilherme I (Wilhelm I), durante 39 dias, em 1504, o conde Palatino Luís V (Ludwig V), o Pacífico, o renomeou como Gutenfels (Boa Rocha); entregue aos franceses sem luta em 1793, serviu como alojamento de inválidos até 1804; já em plena decadência, as ruínas do castelo foram compradas, em 1833, por Friedrich Gustav Habel, um homem rico e arqueólogo autodidata, salvando o prédio da demolição; Gutenfels foi reconstruído, entre 1889-1892, tentando-se manter o modelo original; hoje, no edifício, funciona um hotel boutique.




A cidade de Kaub com o Castelo de Pfalzgrafenstein (à esquerda) e o Castelo de Gutenfels (à direita), por volta de 1645, gravura de Matthäus Merian. https://www.burgenwelt.org/deutschland/pfalz/ansi-p.jpg


Próximo ao Burg Gutenfels, já no meio do rio Reno, vamos encontrar o espetacular Burg Pfalzgrafenstein.


Luís III (Ludwig III), o Bávaro, então Conde do Palatinado (futuro Luís IV, imperador do Sacro Império Romano-Germânico) construiu, por volta de 1326, uma torre-fortaleza na ilha Falkenau, no leito do rio Reno, perto do Castelo de Kaub, (futuro Gutenfels) , para garantir o pedágio do Reno que ele havia aumentado, e foi um dos motivos pelos quais, em 1327, o Papa João XXII o excomungou e ordenou a destruição da torre sem sucesso; inicialmente, a guarnição da fortaleza consistia de um funcionário da alfândega, mas, de acordo com a consolidação de leis costumeiras (Weisthüm) de 1473, o castelo também foi utilizado como local de justiça e prisão; no final do governo do Palatinado, a guarnição do castelo alcançava de 20 a 54 homens, subordinada ao comandante do Burg Gutenfels; quando o futuro Conde de Nassau, em 1803, assumiu o castelo, não houve mais residentes; hoje, funciona um pequeno museu, aberto ao público.


No inverno de 1813/1814, o castelo-fortaleza entrou na história europeia. Foi aqui que o marechal de campo prussiano Blücher cruzou o rio Reno com seu exército de mais de 60 mil homens, o que significou o início da derrocada de Napoleão, após a dramática retirada das tropas francesas da Rússia, perseguidas e fustigadas pelos cossacos e pelo "general-inverno".


E Napoleão tinha consciência do que isso representava:


"É preciso portanto reconstituir o exército, uma vez mais. Ele tem necessidade de homens. Ele vai exigir do Senado um recrutamento de trezentos mil conscritos. É preciso também constituir guardas nacionais. Poder-se-ia, com o que se dispõe, fazer frente aos setenta mil prussianos e russos de Blücher, que avançam em direção ao Reno, e aos doze mil austríacos de Schwarzenberg que, mais ao sul, pareciam querer passar pela Suiça para contornar as praças fortes francesas que defendem o Reno?" (tradução livre do francês - pág. 1221) "Napoléon", de Max Gallo, Éditions Robert Laffont, S.A., Paris, 2012.


Cabe um observação pitoresca feita pelo escritor britânico Bernard Cornwell sobre o marechal Blücher, que, sublinhe-se, também combateu as forças militares comandadas por Napoleão nas batalhas finais ocorridas em Waterloo, na Bélgica, em 1815:


"L'Armée du Nord enfrentaria dois exércitos na Bélgica, dos quais o maior era o prussiano. Este era liderado pelo príncipe Gebhard Leberecht von Blücher, de 71 anos, que lutara primeiramente pela Suécia contra os prussianos, mas depois de ser capturado foi autorizado a ingressar no Exército prussiano por Frederico, o Grande. (...) Era popular, muito amado por seus soldados e ficaria conhecido por ser propenso a surtos de doença mental durante os quais acreditava estar grávido de um elefante cujo pai era um soldado da infantaria francesa. (...)" (págs. 36-37) "Waterloo", de Bernard Cornwell, tradução de Bruno Casotti, 1ª ed., Rio de Janeiro, Record, 2015.


O Burg Pfalzgrafenstein tem um formato de hexágono escaleno alongado, lembrando a forma de um navio, singrando rio abaixo, com 47 metros de comprimento e 21 metros de largura, em sua parte mais larga; o anel de três andares se ergue aproximadamente 13 metros acima do rio.




O espetacular Burg Pfalzgrafenstein, construído sobre uma ilha, no meio do rio Reno; ao fundo, à esquerda, construído na encosta, o Burg Gutenfels. Kaub, no distrito administrativo de Rhein-Lahn, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


O Burg Schönburg foi, provavelmente, erguido no século XI; a partir do século XII, os duques de Schönburg passaram a governar a cidade de Oberwesel e o castelo, tendo, também, o direito de cobrar impostos pela passagem no rio Reno; o Burg Schönburg foi um dos poucos castelos medievais em que, após a morte de um duque, todos os filhos se tornaram herdeiros do castelo, e não apenas o mais antigo, como era costume na época; no auge de seu poder no século XIV, Schönburg acomodou até 250 pessoas de 24 famílias ao mesmo tempo; em 1689, durante a Guerra de Sucessão do Palatinado, as tropas francesas incendiaram a cidade de Oberwesel e o castelo.




Burg Schönburg (a esquerda), dominando a cidade de Oberwesel, século XVII, gravura de Matthäus Merian. https://en.wikipedia.org/wiki/File:Wenceslas_Hollar_-_Ober-Wesel.jpg


Schönburg permaneceu em ruínas por dois séculos até que um rico americano de ascendência alemã, Rhinelander, comprou o castelo da cidade de Oberwesel, no final do século XIX, e investiu dois milhões de marcos na sua restauração até 1914.


A prefeitura de Oberwesel adquiriu o castelo do filho do Sr. Rhinelander em 1950, e, a partir de 1957, este foi arrendado para a família Hüttl, que nele estabeleceu um restaurante e um hotel, administrando-os até hoje, já na terceira geração: o Burghotel Auf Schönburg.




Burg Schönburg, onde atualmente funciona o Burghotel Auf Schönburg. Oberwesel, no distrito administrativo de Rhein-Hunsrück, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


Por fim, chegamos ao Penhasco de Loreley ou Lorelei, próximo à cidade de Sankt Goarshausen, no distrito administrativo de Rhein-Lahn; com seus 132 metros de altura, na margem do rio Reno, é um dos temores dos navegantes, posto que se encontra em um dos trechos mais estreitos da via fluvial, com apenas 113 metros da largura e 25 metros de profundidade, com risco de a embarcação chocar-se com o rochedo no momento de realizar a manobra na curva do rio; o perigo diminuiu, em 1930, após a explosão de algumas pontas rochosas que afloravam na água.


Isso terminou servindo como pano de fundo para a lenda de Loreley, nome pelo qual ficou conhecido o penhasco; segundo a versão criada pelo poeta romântico alemão Heinrich Heine, em 1823, denominada Die Lorelei, um bela moça (sereia ou ninfa), enquanto penteia seus longos cabelos louros, canta sobre o rochedo; sua melodiosa voz encanta os marinheiros que navegam no rio Reno, que, hipnotizados, perdem o controle de suas embarcações, chocando-as na encosta e naufragando-as.


Próximo ao penhasco, há um monumento com uma escultura feminina em homenagem à Loreley.




Penhasco de Loreley, 132 metros acima do rio Reno. Sankt Goarshausen, distrito administrativo de Rhein-Lahn, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.




Rochedo de Loreley, a ninfa que, como as sereias, atraía os navegadores do Reno com seu canto, até sua perdição - batiam no rochedo. Sankt Goarshausen, distrito administrativo de Rhein-Lahn, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


Cabe observar que toda essa região mostrada nesse item é considerada pela UNESCO, desde 2002, Patrimônio Mundial da Humanidade.


Na sequência, fomos visitar o Vale do Rio Mosela e a cidade de Cochem.


2 - Passeio pelo Vale do Rio Mosela (Mosetal) e visita ao Burg Eltz


O rio Mosela (Mosel) é um dos maiores afluentes do Reno, com cerca de 545 km de extensão, e a parte de seu vale que fica entre as cidades de Trier e Koblenz é uma das mais belas da Alemanha.


Nas suas margens, podem ser vistos castelos em meio a vinhedos, o que lhe dá as características de uma região romântica.


Algumas ilhotas do rio, durante o verão, são utilizadas como campings, inclusive para viajantes com motorhomes.




Barcos no rio Mosela (Mosel). Distrito administrativo de Cochem-Zell, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.



Mosel Islands Camping, local de acampamento na ilha Pommerer Werth, rio Mosela. Treis-Karden, distrito administrativo de Cochem-Zell, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.




Vinhedos nas encostas do rio Mosela (Mosel). Distrito administrativo de Cochem-Zell, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


A cidade de Cochem, particularmente seu centro histórico, resta imprensada entre a margem esquerda do Mosela e elevações cobertas por vinhedos e matas naturais.


A vila Cochem foi citada a primeira vez em um documento da Abadia de Prüm datado de 20 de dezembro de 866: a nobre senhora Hieldilda doou várias propriedades ao mosteiro, entre as quais um solar in villa cuchema.


O Reichsburg Cochem (Castelo Imperial de Cochem) foi erguido provavelmente no século XI a mando de Ezzo, conhecido também como Ehrenfried, Conde Palatino da Lotaríngia, da família nobre Ezzonen.


Em razão de disputas entre famílias nobres pelo título de conde palatino, em 1151, Konrad III (Conrado III), rei do Romanos (rei da Alemanha, mas não conseguiu sagrar-se imperador do Sacro Império Romano-Germânico), da família Hohenstaufen, e tio de Frederico, o Barba-ruiva, vindo de Boppard, invadiu o castelo e a cidade, ocupando-os como um feudo imperial.


Em 1294, o empobrecido Adolf von Nassau (Adolfo de Nassau), rei dos Romanos (Alemanha), mas que também não conseguiu sua sagração como imperador, atendeu ao desejo dos arcebispos de Trier hipotecando Cochem ao arcebispo Boemund I; como a hipoteca nunca foi honrada, Cochem continuou a pertencer ao Eleitorado de Trier até 1794.


Em 1687, o mestre construtor de edifícios militares de Luís XIV, Vauban, construiu a fortaleza de Montroyal perto de Traben-Trabach. A partir daí, os franceses excursionaram pelo Vale do Mosela, espalhando violência e terror. Em 1689, durante a Guerra de Sucessão do Palatinado, a cidade foi atacada pelas tropas francesas, que deixaram o castelo bastante danificado.


Durante o século XVIII, Cochem, ainda sobre o domínio do Eleitores de Trier, tornou-se um centro comercial, com circulação semanal de mercadorias, transportadas por embarcações , para Koblenz e até mesmo para Frankfurt.


Mas, após ter sido ocupada pelos franceses no final do século XVIII e início do século XIX, em razão das guerras revolucionárias e napoleônicas, em 1815, no Congresso de Viena, ela passou a pertencer ao Reino da Prússia.


Em ruínas até 1868, o castelo de Cochem foi comprado por Louis Ravené, comerciante de aço e conselheiro de comércio de Berlim, e, entre 1869 e 1877, ele o reconstruiu, tentando manter a estrutura de acordo com a planta de 1576; em 1942, o castelo tornou-se propriedade do Estado Alemão, e, em 1978, passou para o domínio da cidade de Cochem.


A cidade hoje, com cerca de 5 mil habitantes, vive economicamente de turismo, tendo a vinicultura perdido importância.



A cidade de Cochem em 1576, tendo em destaque, à esquerda, dominando do alto da elevação, o Reichsburg Cochem (Castelo Imperial). https://cochem.de/wp-content/uploads/2021/02/cochem-historisches-1.jpg


A histórica Prefeitura de Cochem (Rathaus) é uma das suas atrações. Foi construída em 1739 na pitoresca Praça do Mercado (Marktplatz), com a fonte de São Martinho no centro.


Trata-se de um edifício de dois andares, em cantaria rebocada, de planta retangular; o portal tem 2 metros de largura e é talhado em basalto.




Rathaus (Prefeitura de Cochem), edificada no estilo barroco, século XVIII; na claraboia do portal, em arco perfeito, vê-se um trabalho em ferro forjado colorido; no tímpano acima, há, no centro, o brasão da cidade, pintado sobre uma placa de estanho, rodeado de arabescos, e o ano de construção do prédio (1739); acima do portal, repousa uma varanda de pedra, apoiada sobre cinco consoles. Marktplatz, Cochem, distrito administrativo de Cochem-Zell, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


Uma das características das construções de Cochem são seus telhados de ardósia.




Vista da Endertplatz (Praça do Terminal), onde ficam os pontos terminais dos ônibus; à esquerda, o prédio do Kreisverwaltung Landkreis Cochem-Zell (Centro Administrativo da Região Distrital de Cochem-Zell), com seu telhado de ardósia em destaque. Cochem, distrito administrativo de Cochem-Zell, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


De Cochem, nós fomos para um dos castelos mais famosos da Alemanha: o Burg Eltz.


O castelo foi construído sobre um lugar estratégico, ocupado anteriormente pelos celtas e romanos, a fim de assegurar a rota que ligava Mosela a Eifel, passando por Maifeld.


Não se sabe a data certa do início da construção do castelo, mas ele já existia em 1157, posto que ele é citado em um documento datado daquele ano, com selo de Friedrich I (Frederico I), o Barba-ruiva, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, da família Hohenstaufen, quando se faz referência a Rudolfs "do Castelo de Eltz", que assinou o papel como testemunha.


Em 1268, Elias, Wilhelm e Theoderich von Eltz, bisnetos de Rudolfs, acordaram em um Ganerbschaft (pacto de herança) no sentido de que todos os descendentes herdariam conjuntamente o castelo e o coabitariam; esse contrato marcou a divisão da família Eltz em três braços distintos.




Burg Eltz, detalhe da aquarela "Região de Mosela, Burg Eltz com ponte do Palácio", de 1838, de autoria do pintor inglês Clarkson Frederick Stanfield. http://www.zeno.org/Kunstwerke.images/I/558s073a.jpg


O Castelo de Eltz se distingue pela sua arquitetura original: suas janelas salientes, em sacadas, seu enxaimel, seus telhados pontiagudos e suas oito torres, algumas alcançando 35 metros de altura, fazem dele o arquétipo do castelo-fortaleza alemão. Jamais destruído, propriedade da mesma família há quase nove séculos, o prédio é rico de história e cercado de lendas, tendo já recebido diversas personalidades históricas, bem como abriga obras de arte.


O seu entorno também não é menos excepcional; rodeado de uma floresta, escondido no fundo de um vale e longe de construções modernas, corresponde perfeitamente à imagem que se faz de um castelo medieval.


Embora seja uma propriedade particular da família Eltz, o castelo pode ser visitado mediante pagamento de ingresso; na visita, além da arquitetura medieval, podem ser apreciados os interiores autênticos, mobiliados e bem conservados, além de obras de arte, coleção de armas antigas e objetos da vida cotidiana empregados nos últimos oito séculos.


Na visita, uma das coisas que nos chamou mais atenção foi como os habitantes do castelo, particularmente os de alta posição social, faziam suas necessidades fisiológicas; em determinadas dependências, havia uma privada de madeira, instalada em um compartimento que se destacava do alinhamento da parede externa, de forma que os excrementos caíam sobre os telhados bem inclinados inferiores, que, durante as chuvas, eram lavados pela águas. Ficamos imaginando o mau cheiro que deveria exalar o resto de excrementos, quando a chuva demorava a cair.


O castelo, sempre preservado na sua essência, é um lugar incomum, que atraiu até o escritor romântico francês Victor Hugo (1802 – 1885), que anotou em seu diário: “Alto, poderoso, surpreendente, escuro. Nunca vi nada igual". Naquela época, o famoso escritor de "Notre-Dame de Paris", mas conhecido no Brasil como "O Corcunda de Notre Dame", andou a pé do rio Mosela até o Castelo de Eltz. No entanto, o francês observou: “Nós batemos. O cachorro latiu. Mas não tinha ninguém lá”.




Burg Eltz (Castelo da Família Von Eltz), um verdadeiro exemplar do castelo medieval alemão. Wierschem, distrito administrativo de Mayen-Koblenz, Estado de Renânia-Palatinado, Alemanha.


A seguir, fomos para a belíssima cidade de Monreal, muito bem preservada na sua arquitetura medieval.


Fontes:


Wikipedia;


"Alemanha", Guia Visual, PubliFolha, São Paulo, SP, 7ª edição, 2012; 1ª reimpressão: 2013.


"Frommer's Alemanha Dia a Dia", por George McDonald e Donal Olson, Alta Books, Rio de Janeiro, RJ, 1ª edição, 2014.







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