Turim - Parte I - Norte da Itália - 2023
- Roberto Caldas
- 2 de dez. de 2023
- 14 min de leitura
Atualizado: 1 de mai. de 2024

Ruínas do Teatro Romano, fim do século I a.C. - início do século I d.C.; se vê ao fundo, a fachada exterior da Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A Itália se encontra entre o restante da Europa e a África e entre o Ocidente e o Oriente, o que influiu demasiadamente no seu destino como ponto de contato e atrito entre culturas muito diversas e passagem comercial quase obrigatória, por muito séculos, dos mais valiosos produtos que circulavam pelo Velho Mundo; talvez por isso tenha passado por muitos momentos de enriquecimento acelerado e servido de berço do movimento cultural que, do século XIV ao XVI, mudou radicalmente a arte no mundo ocidental: o Renascimento.
O Norte italiano faz fronteira com a França, a Suíça, a Áustria e a Eslovênia e é banhada pelos mares da Ligúria e Adriático; na sua parte mais larga, a região se estende por 630 km de este a oeste, e, no seu extremo, é dominada pelos Alpes.
Grande parte do norte da Itália ficou muito tempo, durante as Idades Média, Moderna e início da Contemporânea sob o domínio dos germânicos, compondo o Sacro Império Romano-Germânico, tanto que os imperadores também usavam o título de rei dos italianos ou rei da Itália.
Começamos nossa viagem pela Itália do Norte visitando o Piemonte (literalmente, Pé do Monte), que foi governado, por muito tempo, por uma das famílias nobres mais tradicionais da Europa, os Saboias, de origem germânica, bem como, quando do movimento pela unificação da Itália, conhecido localmente como Risorgimento, foi um dos centros de poder, inclusive sendo Turim a primeira capital da Itália unificada, e da Casa de Saboia saíram os reis do país: Victtorio Emanuele II, Umberto I, Vittorio Emanuele III e Umberto II.
Turim
Os primeiros habitantes da região, por volta do século III a.C., foram os taurins, possivelmente de origem celta, que se tornaram aliados dos romanos; em 218 a.C., tropas comandadas pelo general cartaginês Aníbal, algumas delas transportadas por elefantes, após atravessarem os Alpes vindas do território da atual Espanha (ver o post Galiza - Noroeste da Espanha - 2009), sitiaram e tomaram a fortaleza dos taurins; mas Aníbal não conseguiu conquistar Roma.
Com a chegada do então cônsul e general romano Júlio César, em 58 a.C., o núcleo urbano, formado por simples casas de madeira, se transformou na Turim romana, uma colônia estratégica que cresceu e trocou seu nome, em 28 a.C. para Augusta Taurinorum.
Após a queda do império romano, a cidade foi ocupada pelos ostrogodos, depois pelo lombardos e, na sequência, pelo francos, se convertendo, então, em um principado episcopal e importante ponto de ligação comercial entre Flandres e Itália.
A partir de 1280, Turim passou a pertencer à Casa de Saboia, sendo incorporada ao ducado de mesmo nome; mas, em 1563, por decisão do duque Emanuele Filiberto, tornou-se a capital do Ducado de Saboia; isso trouxe notável desenvolvimento à cidade, tanto que, entre o final do século XVIII e início do XIX, foi uma das primeiras da Europa a contar com um sistema de iluminação pública a gás.
A unificação da Itália, em 1861, converteu Turim na capital do Reino da Itália até 1865, quando perdeu o posto para Florença.
No final do século XIX e início do século XX foram fundadas em Turim a FIAT (Fabbrica Italiana Automobili Torino) e a Lancia, o que transformou a cidade em um grande centro industrial, assim como a inauguração da Ambrosio Film, em 1906, a primeira empresa cinematográfica da Itália, fez com que ela fosse referência para o cinema italiano.

Maquete representando a cidade de Turim por volta de 1790: em destaque, mais claro, quadrado ao centro, o Palazzo Reale e a cúpula da Cappella della Sindone; à sua esquerda o Giardini Reali, à sua direita, Duomo di Torino; no seu prolongamento, a torre da Chiesa di San Lorenzo; e acima e à esquerda, no centro da Piazza Castello, o Palazzo Madama. Montado no Palácio Reggia di Venaria Reale, Venaria Reale, Área Metropolitana de Turim, Região do Piemonte, Itália.
Quando a cidade passou a ser a capital do Ducado de Saboia, em 1563, a família ducal ocupou inicialmente o antigo palácio episcopal da cidade; por volta de 1584, por determinação do duque Carlo Emanuele I, a construção de um novo palácio (Palazzo Reale) foi entregue ao arquiteto Ascanio Vitozzi e, nos anos seguintes a 1643, a direção das obras passou para Amedeo di Castellamonte e depois para Carlo Morello.
O monumental Palazzo Reale, então, tornou-se a residência oficial dos duques de Saboia, depois dos reis da Sardenha/Piemonte e, por fim, dos reis da Itália de 1861 a 1864, quando, então, a capital do reino foi transferida para Florença.
Para entrar é preciso atravessar um dos pontos mais atrativos de Turim: o imponente portão (Cancello del Palazzo Reale), executado em 1840 por Pelagio Palagi, guardado pelas estátuas dos dióscuros a cavalo, Castor (mortal) e Pólux (imortal), gêmeos, filhos do deus Zeus e da mortal Leda, esposa do rei de Esparta, símbolos de valores heroicos e virtuosos; as grades, enfeitadas com cabeças douradas da Medusa, tem seus pilares encimados por candelabros .

Frente do Palazzo Reale, vendo-se, em primeiro plano, o Cancello del Palazzo Reale, tendo em destaque, sobre os pilares principais, os dióscuros Castor (à esquerda) e Pólux (à direita), montados a cavalo. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A Manica Nuova di Palazzo Reale, uma ala anexa ao palácio, foi construída segundo projeto do arquiteto da corte Emilio Stramucci entre 1899 e 1903, no local ocupado pelo Palazzo di San Giovanni, situado ao longo da via del Seminario, hoje via XX Settembre. Inicialmente, a nova ala era ocupada pelos Gabinetes da Casa Real e pelos Apartamentos de Serviço do Ministro da Casa Real, do Grande Escudeiro, do Grande Caçador e do Prefeito do Palácio.
A partir de 2014, após restauração e ampla reforma, a Manica Nuova tornou-se um grande espaço museológico do Polo Reale, acolhendo a Galleria Sabauda (Galeria de Savoia); esta foi iniciada pelo rei Carlo Alberto em 2 de outubro de 1832, reunindo uma coleção de pinturas adquiridas pelos duques e reis de Saboia, recolhidas a partir de finais do século XVI, provenientes das residências familiares e do palácio genovês da família Durazzo, acrescidas posteriormente com obras de mestres renascentistas italianos e primitivos flamengos e, em 1930, com a coleção do industrial Riccardo Gualino, alcançando hoje mais de oitocentas obras.
Também, no térreo e no porão, têm-se seções do Museo di Antichità (Museu de Antiguidades), com esculturas gregas e romanas, bem como objetos arqueológicos das civilizações assíria, fenícia, púnica e do Egito helenístico.

Frente da Manica Nuova di Palazzo Reale, ala anexa ao Palazzo Reale di Torino, erguida entre 1899 e 1903; atualmente o prédio abriga obras de arte pertencentes ao acervo da Galleria Sabauda (Galeria de Saboia) e, no térreo e porão, parte do Museo di Antichità (Museu de Antiguidades). Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Fachada da Manica Nuova di Palazzo Reale, tendo em destaque o brasão real dos Saboias. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Madonna con Bambino seduti tra le nuvole (Nossa Senhora com o Menino sentados nas nuvens), 1641, gravura em placa metálica com emprego de punta secca (ponta seca), obra do famoso artista dos Países Baixos (Holanda) Rembrandt van Rijn (Rembrandt). Galleria Sabauda, Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Autoritratto con moglie Saskia (Autorretrato com a mulher Saskia), 1636, gravura em placa metálica do famoso artista dos Países Baixos (Holanda) Rembrandt; retrato duplo em que o artista se mostra de meio busto diante do espelho junto com sua esposa Saskia van Uylenburg, com quem casou em 1634. Galleria Sabauda, Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Orecchie d'Asino (Orelhas de Asno), provavelmente uma falsificação realizada no século XVI representando um relevo antigo romano de culto ao deus Júpiter da Augusta Taurinorum (Turim Romana); fraude que enganou Filiberto Pingone, antiquário da corte naquele século, convencido de que adquirira um precioso relevo antigo para o seu museu; o arqueólogo Carlo Promis (1869), confundindo as pontas de lança com duas orelhas de burro, pensou numa alusão insolente dos falsificadores à credulidade de Pingone. Museo di Antichità (Museu de Antiguidades), Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Testa maschile in bronzo dorato (cabeça masculina em bronze dourado), 25 a.C a 35 d.C; o jovem retratado se apresenta com um estilo que sugere uma datação da era Augusto-Tiberiana, provavelmente um membro da aristocracia local que imita aparência e penteado dos homens da família imperial; a cabeça foi encontrada em 23 de agosto de 1901, na confluência das vias Monte de Pietà e San Francesco d'Assisi, no meio do material que preenchia um antigo poço descoberto durante a construção da sede do Istituto Bancario San Paolo, na área central da cidade romana. Museo di Antichità (Museu de Antiguidades), Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
Como na maioria das cidades romanas, em Augusta Taurinorum os cidadãos também tinham um edifício dedicado a apresentações teatrais, especialmente comédias e espetáculos de mímica.
Há indícios de que o Teatro Romano di Torino, originalmente menor, foi erguido entre o final do século I a.C. e início do século I d.C.
Porém, nas últimas décadas do século I d.C. (Era Flaviana), o teatro não conseguia mais atender às necessidades da cidade em crescimento e foram iniciadas obras de ampliação do edifício.
Apenas a parte inferior da cavea permaneceu intacta, mas foi ampliada e elevada com uma nova seção escalonada, o que fez com que a fachada exterior assumisse também uma forma semicircular: as portas das diferentes zonas de estar situavam-se entre os arcos decorativos.
Na verdade, cada seção da cavea tinha a sua própria entrada e saída, o que significava que os espectadores podiam entrar e sair do teatro com rapidez e segurança.
As duas torres posicionadas de cada lado do palco também foram duplicadas em largura para fornecer foyers (basílicas) ao público no térreo, de onde era possível acessar o novo pórtico mais amplo e monumental.
O Teatro Romano de Turim ocupava um quarteirão inteiro próximo ao canto nordeste da muralha quadrangular da cidade, e sua localização não era nada aleatória. Através da Porta Palatina, o bairro ligava-se facilmente à estrada de Vercellae (Vercelli) e Mediolanum (Milão) e, desde a fundação da colônia original, provavelmente abrigou edifícios de utilidade pública. A partir de finais do século IV surgiram aqui as primeiras igrejas cristãs, incluindo a Catedral dedicada a Cristo Salvador e a sede do Bispado; uma "área de comando", que no século XVI também levou os duques de Saboia a construir a sua residência nestes quarteirões.
No entanto, o teatro já havia desaparecido há algum tempo: demolido no final da era imperial romana (século IV d.C.) e soterrado sob os próprios escombros, os suntuosos palácios da corte de Sabóia ergueram-se acima dele na época barroca.
A posição exata do teatro ficou, portanto, perdida durante séculos, até a sua descoberta acidental em 1899, que ocorreu durante as escavações das fundações da Manica Nuova do Palazzo Reale.
Os restos do teatro foram salvos da demolição graças à intervenção do arquiteto português Alfredo de Andrade, primeiro Superintendente dos Monumentos do Piemonte e da Ligúria, e hoje estão preservados em parte sob a nova ala do Palazzo Reale e em parte no jardim em frente ao prédio.

Desenho representando a Turim Romana (Augusta Taurinorum), tendo em destaque o Teatro Romano, apoiado no tramo nordeste da muralha da cidade. Museo di Antichità (Museu de Antiguidades), Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Ruínas do Teatro Romano; observam-se os muros interiores e a fachada externa semicirculares. Jardim da Manica Nuova di Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Ruínas do Teatro Romano; ao fundo, à esquerda, a fachada da Manica Nuova di Palazzo Reale; acima, na lateral do Palácio Real, a cúpula da Cappella della Sindone; à direita, o Duomo di Torino e sua torre. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
Os Giardini Reali (Jardins Reais) constituem uma área verde de grande valor monumental e ambiental. Abrangem uma área total de cerca de sete hectares, delimitada a norte e a leste pelos baluartes da antiga muralha da cidade, e a sul e a oeste pelo Palazzo Reale e edifícios anexos.
O primeiro setor é o Giardino Ducale (Jardim Ducal), espaço de formato regular caracterizado pela presença de uma moderna fonte.

Giardino Ducale (Jardim Ducal), com sua fonte moderna. Giardini Reali (Jardins Reais), Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
O maior setor dos Jardins Reais é o dos Giardini di Levante (Jardins Orientais), com um traçado baseado num sistema de avenidas que criam perspectivas cenográficas, fechadas por alas vegetais, um eixo central que gera um espetacular voo em perspectiva em direção à Fontana dei Tritoni e della Nereide (Fonte dos Tritões e da Nereida), criada por volta de 1757 pelo escultor Simone Martinez, sobrinho de Filippo Juvarra.

Fontana dei Tritoni e della Nereide (Fonte dos Tritões e da Nereida), no Giardini di Levante (Jardins Orientais). Giardini Reali (Jardins Reais), Palazzo Reale. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Fontana dei Tritoni e della Nereide (Fonte dos Tritões e da Nereida), 1757, por obra do escultor Simone Martinez; na composição escultural, se vê a ninfa, sentada com o tronco levemente torcido e um braço virado, quase a indicar o Palácio Real, em torno da qual se encontram os tritões, criaturas marinhas que têm a parte superior do corpo semelhante à de um homem e a de baixo em forma de peixe. Giardini di Levante (Jardins Orientais),Giardini Reali (Jardins Reais), Palazzo Reale.
Duomo di Torino (Catedral Sé de Turim) foi erguida, entre 1491 e 1498, no lugar de três igrejas primitivas, elevadas a partir do século IV d.C, dedicadas a Cristo Salvador, São João Batista e à Virgem Maria. A atual catedral renascentista, dedicada a São João Batista, padroeiro da cidade, foi erguida por determinação do cardeal Domenico della Rovere, bispo de Turim, tendo sua construção confiada ao arquiteto toscano Amedeo da Settignano, conhecido como Meo del Caprina.
O campanário (torre sineira), erguido apartado do corpo da catedral entre 1468 e 1470, de estilo românico, teve sua coroa (parte superior) parcialmente alterada por um projeto do arquiteto Filippo Juvarra, entre 1720 e 1723.

Duomo di Torino (Catedral Sé de Turim, Catedral de São João Batista), tendo a seu lado o campanário, erguido no século XV em estilo românico, com a coroa (parte superior) alterada no século XVIII, com base em projeto do famoso arquiteto Filippo Juvarra; no alto, ao fundo, a cúpula da Cappela della Sacra Sindone (Capela do Santo Sudário), concluída em 1683, com projeto do famoso arquiteto do barroco italiano Guarino Guarini. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Duomo di Torino, construído em estilo renascentista entre 1491 e 1498; a decoração renascentista na porta principal apresenta, dentre outras, as figuras de Deus Pai, Cristo, São João Batista e anjos músicos. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A nave principal apresenta-se muito simples, e, no fundo, encontra-se o atual altar-mor, construído no início do século XVIII, em mármore preto; atrás do altar, encontra-se a Cappela della Sacra Sindone (Capela do Santo Sudário), erguida em prolongamento ao edifício religioso e adentrando em uma das alas do Palazzo Reale.
O Santo Sudário, o manto em que o corpo de Jesus foi envolto na sepultura e que ficou com as marcas de sangue do Redentor, tornou-se propriedade dos Saboia em 1453, e estes resolveram criar um espaço próprio para seu abrigo, um lugar de intercessão entre a catedral e o palácio real: a Capela do Santo Sudário.
As obras foram iniciadas em 1607, mas pouco evoluíram até a chegada do arquiteto e padre teatino Guarino Guarini em 1666, que, na construção do edifício, desafiou todos os então cânones da arquitetura, projetando uma torre-relicário, com seis níveis de arcos sobrepostos que chegam à estrela-sol, colocada no alto, local onde a pomba do Espírito Santo se destaca.
O pano sagrado restou guardado na capela até 1993, quando foi transferido para o final da nave esquerda da catedral.
Em 1997, a capela sofreu um grande incêndio, tendo sido restaurada e reaberta ao público, mas o Santo Sudário não mais retornou, ficando no interior da catedral.

Nave principal e altar-mor da Catedral de Turim, este último do final do século XVIII, em mármore preto; no presbitério, veem-se o altar propriamente dito, o ambão (mesa de leitura) e a cadeira episcopal de bronze, criados por Mario Rudelli em 2004. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
O Altar do Crucifixo, na capela do mesmo nome, é obra dos irmãos Ignazio e Filippo Collino, realizada no século XVIII; o crucifixo de madeira foi esculpido por Francesco Borello e as estátuas de mármore, representando Santa Cristina e Santa Teresa d'Ávila, produzidas em 1715, em Roma, pelo escultor parisiense Pierre Legros.
Sobre a Capela do Crucifixo encontra-se uma grandiosa orquestra dourada esculpida em 1714, onde está instalado um órgão construído em 1874 pela empresa Vegezzi-Bossi.

Orquestra dourada instalada sobre a Capela do Crucifixo, esculpida em 1714; instalado sobre a orquestra, vê-se o órgão construído pela empresa Vegezzi-Bossi, em 1874, com o brasão da Casa dos Saboias. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Altar do Crucifixo da Capela de mesmo nome, de estilo barroco, do século XVIII, tem em suas laterais as estátuas de mármore representando, à esquerda, Santa Cristina, e, à direita, Santa Teresa d'Ávila. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A catedral de Turim também abriga uma relíquia de São João Batista, padroeiro da cidade, provavelmente trazida da igreja de Saint-Jean-de-Maurienne, França.

Urna contendo relíquia de São João Batista, colocada em frente da Capela de São João Batista. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Relicário de São João Batista. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A primeira capela da nave direita da catedral é dedicada à "Madonna Grande"; a imagem de Nossa Senhora, feita em terracota e dourada posteriormente, data da primeira metade do século XV e foi transportada da antiga catedral, demolida em 1490. Uma das três basílicas que formavam a antiga catedral foi de fato dedicada à Vigem Maria sob o título de Santa Maria "de Dompno" ou Santa Maria Maggiore, popularmente conhecida como "La Madonna Grande".

Capella della "Madonna Grande", estando em destaque, no altar, a imagem da Nossa Senhora com o Menino Jesus no braço, provavelmente da primeira metade do século XV; a rica decoração do altar, em madeira talhada, dourada e lacada, datada do século XVII, com seu esplendor barroco. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A suntuosa Tribuna del Re ou Tribuna Reale (Tribuna Real), obra do arquiteto Francesco Valeriano Dellala di Beinasco, foi encomendada pelo rei Vittorio Amedeo III de Saboia e construída por volta de 1775; adornada com grandes télamons de madeira esculpidos por Ignazio Perucca.
Sob ela, num santuário, está guardado temporariamente o Santo Sudário, desde 1998, mostrado aos fiéis por ocasião das grandes exposições.
O Sudário é uma lençol de linho, medindo aproximadamente 4.41 x 1,13m, contendo, lado a lado, a imagem dupla da cabeça do cadáver de uma pessoa que faleceu após sofrer uma série de torturas que culminaram em crucificação.
Segundo a tradição católica, este é o lençol mencionado nas Escrituras que serviu para envolver o corpo de Jesus no túmulo; apesar de terem sido encontradas inúmeras evidências da sua autenticidade em investigações científicas, ainda não pode ser considerada definitivamente comprovada.

Tribuna del Re ou Tribuna Reale, erguida em 1775, com destaque, no alto, para o brasão da Casa dos Saboias e os télemons no topo das colunas, suportando o teto da tribuna. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Santuário, na parte inferior da Tribuna Reale, onde se encontra guardado o Santo Sudário. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.

Caixa na qual se guarda o Santo Sudário, depositada no santuário sob a Tribuna del Re. Catedral de Turim, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
Via Garibaldi é uma das principais ruas da cidade, sendo, em toda sua extensão (Piazza Statuto a Piazza Castello), com exceção dos cruzamentos, destinada exclusivamente a pedestres; na época romana, era o decumanus maximus, a estrada que cortava a cidade na direção leste-oeste.

Via Garibaldi, 15, entre Via dei Mercanti e San Francesco D'Assisi. Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
A botica que deu origem à Farmacia Chimica Tullio Bosio, embora esteja em atividade desde 1605, só foi oficialmente instituída em 30 de maio de 1715 (como se pode observar num dos frisos colocados acima das vitrinas). Mudou-se para a então Via Dora Grossa (hoje Garibaldi) depois que o antigo bairro de mesmo nome foi redesenhado naquele século. No final do século XIX a família Bosio adquiriu-a e manteve-a até 1920: nessa época, Tullio Bosio criou a atual fachada de pedra característica, que permaneceu inalterada como todo o exterior, exceto uma das entradas.
Tullio Bosio, entre 1890 e 1899, foi o responsável pela criação da atual fachada, importante e raro exemplar que caracteriza a Via Garibaldi e serve de cenário cênico ao restante da rua. Não se pode deixar de notar o busto do médico grego Galeno inserido na elegante fachada do edifício, acompanhado do renomado símbolo farmacêutico, um bastão envolto em duas cobras, provavelmente como o do deus Hermes.

Prédio da Farmacia Chimica Tullio Bosio; o exterior da botica manteve-se quase inalterado ao longo dos anos; a fachada em pedra artificial, de estilo eclético com elementos Art Nouveau, alcança toda a frente até o cordão, emoldurando a porta central, recuada e elevada acima da rua, e as janelas laterais; a moldura é composta por três faixas horizontais: a de baixo é um pedestal liso delimitado no topo por uma faixa de volutas encadeadas; a faixa central chama atenção pelos dois nichos nas laterais da entrada, com esculturas de concreto: uma grande ânfora, um meio busto de Galeno e alguns símbolos farmacêuticos; nas extremidades das vitrines há frisos florais; e a faixa superior mostra a rica placa da farmácia acima da entrada, orlada por volutas e decorações foliáceas e, nas laterais, frisos florais. Via Garibaldi, 24, Turim, capital da Região do Piemonte, Itália.
No post seguinte, seguimos na bela Turim.
Fontes:
Wikipedia;
Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.
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