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Verona - Parte III - Região de Vêneto - Norte da Itália - 2023

  • Foto do escritor: Roberto Caldas
    Roberto Caldas
  • 20 de nov. de 2024
  • 11 min de leitura

Atualizado: 22 de dez. de 2024

Área interna da Arena di Verona, na qual se veem: 1) a arena propriamente dita, em vermelho, local onde ocorriam os espetáculos antigos - luta de gladiadores e caça a animais exóticos - ; 2) e as arquibancadas. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Verona - Parte III


Não poderia faltar nesta visita à cidade de Verona, uma passagem no seu mais importante monumento histórico: a Arena di Verona, um anfiteatro romano, provavelmente concluído no século I d.C.


A construção da Arena é de data incerta; não há fontes confiáveis ​​sobre o momento exato em que as obras começaram, mas alguns estudos atestam com relativa certeza de que se trata de uma obra realizada na época Júlio-Claudiana e que ocorreu na primeira metade do século I d.C., anterior ao Coliseu; alguns dizem que sua construção se deu entre o reinado do imperador Augusto e o de Cláudio.


Para a construção foram utilizados diversos materiais, conferindo à Arena sua icônica imagem bicolor: branco e rosa.


Erguida para acolher 30 mil espectadores, era um centro de entretenimento, de formato oval, usado para lutas de gladiadores e caça de animais exóticos, e um símbolo da grandeza romana.


Com o advento do Cristianismo, o anfiteatro perdeu a sua finalidade original e foi transformado numa pedreira temporária; muitas das suas pedras foram utilizadas para construir a segunda muralha da cidade de Verona em 500 d.C; apesar desses desmontes parciais, incluindo os danos significativos causados ​​por dois terremotos, possivelmente os ocorridos em 1117 e 1183 (principalmente o colapso quase total do terceiro anel externo do monumento, restando apenas uma pequena "asa"), manteve grande parte da sua grandeza original.


Desde 1913, a Arena passou a ser utilizada para apresentação de óperas ao ar livre, iniciando com "Aida" de Giuseppe Verdi, em 10 de agosto daquele ano, no Festival Lirico all’Arena di Verona.


Em 1998, o lírico foi transformado em Fondazione Arena di Verona, mantendo a difusão da arte e da educação musical, principalmente com apresentação de óperas e cantos líricos.




Segundo "anel", que se apresenta ainda hoje integral, agora externo, da Arena di Verona. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Outro ângulo do segundo "anel", que se apresenta ainda hoje integral, agora externo, da Arena di Verona. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




A pequena "asa" que restou do terceiro anel, a parte externa original da Arena di Verona, vista do interior. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




A pequena "asa" que restou do terceiro anel, a parte externa original da Arena di Verona, vista do exterior. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Corredor anular das galerias da Arena di Verona. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Túnel com escada para acessar do corredor anular as arquibancadas. Arena di Verona. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Área interna da Arena di Verona, na qual se veem: 1) a arena propriamente dita, em vermelho e sobre a qual está um palco, à esquerda, local onde ocorriam os espetáculos antigos - luta de gladiadores e caça a animais exóticos - ; 2) e as arquibancadas. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Área interna da Arena di Verona, na qual se vê, ao fundo, acima, a pequena "asa" que restou do anel que formava a parte externa original do anfiteatro romano. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Um dos túneis de acesso à arena propriamente dita, sobre o qual fica o que se conhece como balcão real. Arena di Verona, Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


A Arena di Verona fica localizada na Piazza Brà, um logradouro belo e circundado por importantes edifícios e monumentos , deste a antiguidade romana até o século XIX, como Portoni della Brà, Palazzo Ottolini, Palazzo Guglienzi-Brognoligo, Palazzo Fracasso-Gianfilippi, Palace Honorij-Guastaversa, Palazzo Barbieri, Palazzo della Gran Guardia e o Teatro Filarmonico di Verona.


A Piazza Brà é maior praça de Verona; seu nome deriva do termo braida, do alemão breit, que significa "largo", "espaçoso"; o centro da praça tem um pequeno chafariz e é rodeado de altas árvores e um monumento equestre, homenageando o "Pai da Pátria", o primeiro rei da Itália moderna, Vittorio Emanuele II, da dinastia Saboia.




Piazza Brà, a maior praça da cidade; no centro, o pequeno chafariz; ao fundo, o Palazzo della Gran Guardia, que foi projetado, no início do século XVII, em estilo barroco, para a autoridade passar revista às tropas, mesmo com mau tempo; a construção foi iniciada em 1610 por Domenico Curtoni (parente e discípulo de Michele Sanmicheli), mas as obras foram suspensas por insuficiência de recursos e concluídas em meados do século XIX, por Giuseppe Barbieri; o piso inferior é em cantaria (muitas pedras vieram da Arena) e possui pórtico com treze arcos; no piso principal existem algumas grandes janelas, separadas por colunas emparelhadas, com frontões alternados, triangulares e curvos; atualmente é usado como centro de conferências. Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Pequeno chafariz no centro da Piazza Brà, conhecido como Fontana delle Alpi, de 1975; ao fundo, da direita para a esquerda, trecho da muralha medieval de Verona e o Palazzo della Gran Guardia. Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Fontana delle Alpi, o pequeno chafariz de 1975, e a placa comemorativa dos 25 anos de irmandade das cidades de Verona, Itália, e Salzburgo, Áustria (1973-1998), com os brasões de Verona, à esquerda, e de Salzburgo (cidade natal do grande compositor erudito Mozart), tendo ao centro a representação do Schloss Hohensalzburg ou Festung Hohensalzburg (Castelo ou Fortaleza de Salzburgo); ao fundo, parte do Palazzo Barbieri, em estilo neoclássico, erguido entre 1836 e 1848, obra de Giuseppe Barbieri, no período de dominação austríaca. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Monumento equestre de Vittorio Emanuele II, o rei-soldado, o "Pai da Pátria", primeiro rei da Itália moderna, da dinastia Saboia, obra do escultor Ambrogio Borghi e inaugurado em 9 de janeiro de 1883, no quinto aniversário da morte do soberano italiano. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Estátua equestre do rei Vittorio Emanuele II, em bronze; a escultura reforça a imagem do rei como soldado, o "Pai da Pátria", que lutou à frente de suas tropas para libertação de parte do país e para sua unificação; montado a cavalo, envergando uniforme militar, estribos retesados, espada em punho, na mão direita, postura e olhar altivos, pronto para qualquer desafio. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Portoni della Brà, uma das portas da muralha medieval da cidade; foi mencionada pela primeira vez em 1257; a porta sofreu modificações entre o final do século XV e início do XVI, quando se instalou o arco duplo, que podemos admirar até hoje; entre os dois arcos, encontra-se um relógio, inaugurado em 1872, graças à contribuição do conde Antonio Nogarola. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Lateral do Teatro Filarmonico di Verona, iniciado em 1716 e concluído em 1729, que a casa de espetáculo divide com o Museo Lapidario Maffeiano, edifício da metade do século XVIII, na qual se veem vários estabelecimentos comerciais. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Palazzo Guglienzi-Brognoligo, construído no final do século XV, estilo renascentista; no centro da fachada, na altura do primeiro piso, há um afresco muito danificado do pintor renascentista Francesco Morone representando a "Santíssima Virgem com o Menino", provavelmente também do século XV. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Monumento aos veroneses caídos na Guerra da Líbia (Guerra Tripolitana ou Guerra Ítalo-Turca, tendo como oponentes o Reino da Itália e o Império Otomano), ocorrida entre 1911-1912, de autoria do escultor Tullio Montini, realizado em 1913, inscrustrado na fachada do Palazzo Guglienzi-Brognoligo, seguindo o estilo Liberty (como era chamado o estilo Art Nouveau, na Itália). Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Palazzo Fracasso-Gianfilippi (também chamado Palazzo Righettini ou Palazzo Fraccaroli); o palácio foi erguido no século XVI, como atesta um afresco atribuído ao pintor veronês Giovan Francesco Caroto que decora a fachada; este palácio, porém, é mais conhecido pelo “Balcão ou Varanda Garibaldi”, como lembra a placa de mármore colocada no lado esquerdo da porta que dá para o balcão. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Giuseppe Garibaldi e Mazzini tinham ideais republicanos, mas, ao longo da luta pela independência e unificação da Itália, terminaram por se unir com a Casa de Saboia, aceitando que fosse instalada uma monarquia reinante no país; apesar disso, dizem que, quando Garibaldi conquistou o Reino das Duas Sicílias, em outubro de 1860, ele e seus homens, conhecidos como os "Mil", partiram na direção de Roma com a intenção de tomá-la do Papado para que ela se tornasse a capital do novo reino, contrariando o acordo que o rei Vittorio Emanuele II tinha feito com o imperador Napoleão III, da França, ou seja, as tropas francesas ajudariam na luta pela independência e unificação italiana, desde que o domínio do Papa sobre Roma fosse mantido; o rei Vittorio, então, interveio, e, em Teano, encontrando Garibaldi, o demoveu da ideia, conseguindo desmobilizar as tropas garibaldinas.


Mas Garibaldi nunca abandonou a ideia de incorporar Roma à Itália; ele chegou em visita oficial a Verona em 7 de março de 1867; no dia seguinte, da varanda do Palazzo Fracasso-Gianfilippi, pronunciou a famosa frase “Roma, ou morte” diante da multidão; este acontecimento foi imortalizado através da placa afixada na fachada do edifício.


Roma foi anexada ao Reino da Itália em outubro de 1870, em consequência da sua ocupação em setembro do mesmo ano por tropas italianas, após a queda de Napoleão III, na França; tornou-se a capital italiana em 3 de fevereiro de 1871.




Placa alusiva à saudação feita por Giuseppe Garibaldi à multidão que o escutava, no balcão do Palazzo Fracasso-Gianfilippi , pronunciando a famosa frase “Roma, ou morte”. Piazza Brà, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


Em seguida, visitamos o Museo Lapidario Maffeiano; erguido em meados do século XVIII, é uma das instituições museológicas públicas mais antigas da Europa; seu nome está indissociavelmente ligado ao marquês Scipione Maffei (1675-1755), importante estudioso e erudito veronês.


O museu nasceu de mais de trinta anos de trabalho apaixonado de Maffei, durante os quais recolheu centenas de lápides com inscrições, e confiou ao arquiteto e pintor veronês Alessandro Pompei a construção de um local adequado à sua exposição e conservação; numerosos viajantes estrangeiros passaram por ele, dentre eles, o famoso escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (autor de "Fausto" e de "Os Sofrimentos do Jovem Werther"), em setembro de 1786.




Entrada do Museo Lapidario Maffeiano, erguido em meados do século XVIII, projeto do arquiteto Alessandro Pompei, por iniciativa do marquês Scipione Maffei; no local, tem-se o busto do prestigiado poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare, e, ao lado, uma placa de mármore com um trecho da cena III do ato III da sua famosa tragédia "Romeu e Julieta", que se passa em Verona: "Não existe mundo fora dos muros de Verona; mas apenas purgatório, tortura, o próprio inferno. Quem é banido daqui é banido do mundo, e o exílio do mundo é a morte; ...." (tradução livre do italiano). Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Pátio interno do Museo Lapidario Maffeiano, de onde se vê o Prònao (pronau), o espaço arquitetônico erguido na frente do "templo" propriamente dito, com seis colunas com capitéis jônicos; o Prònao também serve de fachada monumental do Teatro Filarmonico Verona; Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Porta do Prònao, no qual se vê, sobre o batente superior, o busto do marquês Scipione Maffei, o idealizador do museu público, esculpido entre 1728 e 1729 por Giuseppe Antonio Schiavi e encomendado pela Academia Filarmônica para agradecer ao seu membro mais importante. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Lápide funerária hebraica de 1611 em que um filho homenageia sua mãe Scella, que em vida teve honra, fama e glória, e invoca a Deus para iluminar para ela as trevas da noite; proveniente da comuna de Soave, província de Verona. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Urna cinerária etrusca: na tampa, a falecida traz um leque e uma romã nas mãos; na caixa, ao centro, está representada a despedida entre um homem e uma mulher, apertando-se as mãos; proveniência ignorada; provavelmente do século II a.C.. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Frente de sarcófago com o mito de Fáeton, filho do Sol (Hélio), que caiu da carruagem do pai puxada por quatro cavalos assustados com o sopro dos ventos (à esquerda), representados na parte superior do relevo com as bucinas (conchas torcidas); à direita, ao lado do Sol com a coroa de raios, está Diana com o cetro e, mais abaixo, duas outras divindades com o cetro, talvez Juno e Júpiter; no nível inferior estão quatro mulheres, identificadas como as Helíades (irmãs de Fáeton), e a personificação do rio Erídano (atual Pó), em cujas águas caiu o filho do Sol; proveniente de Roma, século III d.C.. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Laje colocada por Kadous para Crisipo (inscrição talvez falsa), votiva ou funerária, representando um cavaleiro e um homem fazendo-lhe um gesto de saudação; proveniente da cidade grega de Tânagra, região da Beócia, século IV a.C.. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Estela funerária de Euklea, filha de Agathon e esposa de Aristodemos; à esquerda está a falecida, à direita estão dois homens em uma kline (cama) e uma mulher; atrás deles, na parte superior, uma prateleira com objetos; proveniente de Esmirna, cidade da atual Turquia, século I a.C.. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Lápide funerária em árabe, originalmente colocada no túmulo de Abd-al-Hamid, filho de Abd-ar-Rahman; o texto também relata alguns versículos retirados do Alcorão; proveniente de Palermo, Sicília, Itália, 1078. Museo Lapidario Maffeiano, Piazza Brà, 28, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.

 

À noite, em 15/09/2023, fomos a um concerto no Teatro Filarmonico Verona, propriedade da Accademia Filarmonica di Verona, mas atualmente utilizado pela Fondazione Arena di Verona.


O teatro teve sua construção iniciada em 1716 e concluída somente em 1729; a inauguração se deu na noite de 6 de janeiro de 1732, com o drama pastoral "La Fida Ninfa", de Antonio Vivaldi, com libreto de Scipione Maffei; foi bastante danificado por bombardeios aéreos anglo-americanos, em 1945, durante a II Grande Guerra, tendo sido reconstruído de acordo com o projeto inicial, com reinauguração em 1975.


Fomos brindados com "Concerti a Più Strumenti" (Concertos para Múltiplos Instrumentos) compostos por Antonio Vivaldi, executados pela Orchestra Frau Musika, um projeto do maestro italiano Andrea Marcon, com instrumentos originais; uma noite inesquecível.




Aguardando o início dos concertos de Vivaldi na II Galleria. Teatro Filarmonico Verona, via Roma, 7/d, ou via dei Mutilati, 4, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.




Palco cênico a partir da II Galleria, no qual podem ser vistos alguns instrumentos musicais, modelos antigos, como dois cravos, à esquerda, um órgão de caixa (orgue coffre ou órgão modelo continuo) e um violoncelo, estes à direita, utilizados pelos músicos da Orchestra Frau Musika. Teatro Filarmonico Verona, via Roma, 7/d, ou via dei Mutilati, 4, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.

 



Folheto e bilhetes de ingresso do espetáculo "Concerti a Più Strumenti" (Concertos para Múltiplos Instrumentos) de Antonio Vivaldi, executados pela Orchestra Frau Musika. Teatro Filarmonico Verona, via Roma, 7/d, ou via dei Mutilati, 4, Verona, capital da província homônima, Região de Vêneto, Itália.


No próximo post, a cidade de Pádua, onde Santo Antônio, um dos mais prestigiados da Igreja Católica, está sepultado.



Fontes:


Wikipedia;


Guide: Fabuleuse Italie du Nord: Rome, Florence, Venise, pesquisa e redação de Louise Gaboury, direção de Claude Morneau, versão eletrônica, 2019, Guides de Voyage Ulysse, Québec, Canada.






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